SAÚDE BUCAL E QUALIDADE DE VIDA NO PACIENTE PÓS-RADIOTERAPIA DE CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO

  • Laura Cavalcanti de Oliveira Universidade de São Paulo FOB USP
  • Debora Foger Teixeira Universidade de São Paulo - Faculdade de Odontologia de Bauru
  • Cássia Maria Fischer Rubira Universidade de São Paulo - Faculdade de Odontologia de Bauru
  • Paulo Sérgio da Silva Santos Universidade de São Paulo- Faculdade de Odontologia de Bauru
Palavras-chave: Neoplasias de cabeça e pescoço, Radioterapia, Saúde bucal, Qualidade de vida

Resumo

A radioterapia no paciente com câncer de cabeça e pescoço pode resultar em muitas consequências negativas, como a hipossalivação. Sem a proteção da saliva há um risco aumentado de cáries e doenças periodontais que podem causar a perda dentária e consequentemente influenciam no impacto da saúde bucal na qualidade de vida. O objetivo desse estudo foi avaliar o impacto da saúde bucal na qualidade de vida dos pacientes pós-radioterapia de câncer de cabeça e pescoço por meio das avaliações de fluxo salivar e edentulismo. A amostra foi composta por 19 indivíduos com idade a partir de 18 anos e diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço. A radioterapia do tipo Intensidade Modulada (IMRT) foi o tratamento mais realizado 16 (68,4%). Referente ao tempo pós-radioterapia, nove (47,4%) haviam terminado o tratamento há um ano. Quanto ao impacto da saúde bucal na qualidade de vida, 15 (79,9%) apresentaram algum impacto. O maior número de pacientes sete (36,8 %) não usava algum tipo de prótese e nove (47,4%) necessitavam de uma combinação de reabilitações. Encontraram-se 15 (78,9%) pacientes com fluxo salivar classificado como muito baixo e quatro (21,1 %) mostraram melhor fluxo salivar após cinco anos da radioterapia. O teste de Coeficiente de Correlação de Pearson mostrou correlação entre a necessidade de prótese e a idade (p=0,006; r=0,4734) e a necessidade de prótese e o fluxo salivar dos pacientes (p=0,03; r=0,3672). As complicações da radioterapia em cabeça e pescoço acarreta uma série de consequências físicas e psicológicas. O tempo após a radioterapia parece influenciar em alguns casos a melhora do fluxo salivar e em menos de um ano de tratamento não há impacto da saúde bucal na qualidade de vida. São necessários estudos longitudinais com essa população para a verificação dos efeitos da radioterapia ao longo dos anos.

Biografia do Autor

Laura Cavalcanti de Oliveira, Universidade de São Paulo FOB USP
Estudante
Debora Foger Teixeira, Universidade de São Paulo - Faculdade de Odontologia de Bauru
Doutorando no departamento de estomatologia /radiologia/patologia e cirurgia da Faculdade de Odontologia de Bauru
Cássia Maria Fischer Rubira, Universidade de São Paulo - Faculdade de Odontologia de Bauru
Professora Doutora da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP no departamento de estomatologia/radiologia/patologia e cirurgia
Paulo Sérgio da Silva Santos, Universidade de São Paulo- Faculdade de Odontologia de Bauru
Professor Doutor da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP no departamento de estomatologia/radiologia/patologia e cirurgia.

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Publicado
2017-12-05
Seção
Artigos Originais