A Agricultura Itinerante no Distrito de Bobonaro em Timor-Leste no Período Pós-Independência

  • Maria Jesus Ministério da Agricultura, Portugal
  • Pedro Damião Henriques CEFAGE, Universidade de Évora, Portugal
  • Pedro Laranjeira Ministério da Agricultura, Timor-Leste
  • Vanda Narciso IAPMEI, Portugal
  • Maria Leonor da Silva Carvalho ICAAM, Universidade de Évora, Portugal
Palavras-chave: Agricultura Itinerante, Ecossistemas Florestais, Sustentabilidade, Timor-Leste

Resumo

A agricultura itinerante é um tipo de sistema agrícola primitivo, adotado historicamente nos ecossistemas de florestas tropicais, em que o ser humano faz o corte da floresta, queimando os resíduos como preparação da terra para a cultura. A produção de alimentos é feita por 2 a 3 anos e, posteriormente, a área é abandonada, tornando-se improdutiva. Muitas vezes, nos terrenos abandonados estabelece-se a floresta secundária, podendo voltar a ser utilizados para o cultivo cerca de dez a vinte anos depois. Em Timor-Leste, a agricultura itinerante ainda é praticada como forma de agricultura de subsistência. Com este trabalho pretendemos caracterizar a agricultura itinerante em Timor-Leste e relevar a sua importância socioeconômica para as populações rurais do território, identificar os seus impactos na sustentabilidade ambiental dos ecossistemas e referir as soluções para minorar os seus efeitos negativos. A metodologia utilizada baseou-se na recolha de informação bibliográfica relevante sobre o tema e na realização de um inquérito por questionário a agricultores itinerantes do subdistrito de Atabae, distrito de Bobonaro. Este questionário caracterizou a agricultura itinerante e ouviu a opinião dos agricultores sobre os efeitos da mesma. A agricultura itinerante de hoje em Timor-Leste destina-se essencialmente às culturas de horta. Os materiais resultantes do derrube e corte da floresta são usados para lenha, vedações e materiais de construção. Os impactos negativos sobre os bens e serviços produzidos por florestas são sentidos através das mudanças na precipitação, erosão, mudanças climáticas, diminuição do número de animais selvagens, e das plantas e produtos colhidos nas florestas. Itinerant Agriculture in the Bobonaro District in East Timor During the Post-Independence Period ABSTRACT: Itinerant agriculture is a primitive agricultural system historically adopted in the ecosystems of tropical forests in which people make a clearing in the forest and burn the residues to prepare the ground for planting. Food production occurs for 2 to 3 years; the area is then abandoned and becomes non-productive. A secondary forest establishes itself frequently on the abandoned ground and may be used once more for crop planting after ten to twenty years. Itinerant agriculture is still employed in East Timor as subsistence agriculture. Current analysis characterizes the iterant agriculture in East Timor and enhances its social and economic relevance for rural populations, identifies impacts on the environmental sustainability of ecosystems and describes solutions to minimize its negative effects. Methodology is based on the bibliographical information on the theme and on a questionnaire survey to itinerant peasants of the sub-district Atabae in Bobonaro. The questionnaire characterized itinerant agriculture and collected the opinion of peasants on its effects. Current itinerant agriculture in East Timor is restricted to kitchen gardens and the material produced in forest clearings is used as firewood and building material. The negative impacts on goods and services produced by the forests are measured by changes in rainfall, erosion, climate changes, decrease in the number of wild animals and plants and in products collected in the forest. KEYWORDS: Itinerant Agriculture; Forest Ecosystems; Sustainability; East Timor.

Biografia do Autor

Maria Jesus, Ministério da Agricultura, Portugal
Ministério da Agricultura, Portugal
Pedro Damião Henriques, CEFAGE, Universidade de Évora, Portugal
Departamento de Economia; Licenciado em Agronomia; Doutorado em Economia Agrícola CEFAGE/Universidade de Évora, Portugal.
Pedro Laranjeira, Ministério da Agricultura, Timor-Leste
Ministério da Agricultura, Timor-Leste
Vanda Narciso, IAPMEI, Portugal
Investigadora independente; Engenheira zootécnica; IAPMEI, Portugal
Maria Leonor da Silva Carvalho, ICAAM, Universidade de Évora, Portugal
Departamento de Economia; Licenciada em Agronomia; Doutorada em Economia Agrícola ICAAM/Universidade de Évora, Portugal
Publicado
2015-04-15
Seção
Revisão