DESAFIANDO A VISÃO HEGEMÔNICA EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: CONTRIBUIÇÕES DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS DE FAXINAIS

Palavras-chave: Administração, Estudos organizacionais, Formas não convencionais de organização e gestão

Resumo

O presente estudo teve como propósito discutir as contribuições das Comunidades Tradicionais de Faxinais para a área de Estudos Organizacionais em Administração. Para tanto, assume-se, neste ensaio teórico, a necessidade de rompimento com o pensamento científico alinhado à perspectiva hegemônica do modelo de gestão dominante. Pensamento cujos pressupostos impõem limites às riquezas sociais e culturais, advindas da multiplicidade de saberes e práticas tradicionais singulares, recorrentes nos contextos dos fenômenos substantivos de comunidades, na medida em que defendem a generalização de ideias e pensamentos, direcionados à manutenção de sua lógica utilitarista. Diante das reflexões apresentadas, entende-se que as investigações acerca de Comunidades Tradicionais, rurais ou urbanas, características do campo de Estudos de Comunidades, representam fenômenos sociais possíveis e relevantes, para compor o rol de fenômenos sociais de análise a disposição de pesquisadores, críticos ou não, no campo de Estudos Organizacionais. Fenômeno que, em função das características constituintes, tendo a lógica substantiva como guia, torna-se foco de estudos interessados no rompimento do pensamento científico dominante, reflexo da lógica instituída pela Sociedade Moderna.

Biografia do Autor

Antônio João Hocayen-da-Silva, Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO
Mestre em Administração pela Universidade Federal do Paraná - CEPPAD/UFPR. Professor Assistente Nível A do curso de Administração na Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, Brasil

Referências

ARENSBERG, C. M.; KIMBALL, S. T. O método do estudo de comunidade. In: FLORESTAN, F. Comunidade e sociedade: leituras sobre problemas conceituais, metodológicos e de aplicação. São Paulo: Nacional e Ed. da USP, 1973.

BERTUSSI, M. L. Liberdade para criar: um estudo etnográfico sobre os sentidos da territorialidade tradicional e do criadouro comunitário em uma comunidade de Faxinal do Paraná. 2010. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre.

BOUDON, R.; BOURRICAUD, F. Dicionário crítico de sociologia. São Paulo: Ática, 2000.

BRANDEMBURG, A. Do rural tradicional ao rural socioambiental. Ambiente & Sociedade, Campinas, v. XIII, n. 2, p. 417-428, jul./dez., 2010.

CAMPIGOTO, J. A.; BONA, A. N. A hermenêutica e a origem dos faxinais. Revista de História Regional, Ponta Grossa, v. 14, n. 2, p. 127-153, Inverno, 2009.

CARVALHO, V.; SOUZA, W. J. Racionalidade Substantiva em Organizações Voluntárias: o caso da Pastoral da Criança em Natal. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE SOCIOLOGIA, 11., 2003, Campinas. Anais [...]. Campinas, 2003.

CAZENEUVE, J.; AKON, A. Dicionário de Sociologia. Lisboa: Verbo, 1982.

CHANG, M. Y. Sistema Faxinal: uma forma de organização camponesa em desagregação no centro-sul do Paraná. Londrina: IAPAR, 1988. (Boletim Técnico, 22).

DIEGUES, A. C. Deforestation and livelihoods in the brazilian Amazon. São Paulo: USP/NUPAUB, 1997.

DIEGUES, A. C. S.; VIANA, V. M. Comunidades Tradicionais e Manejo dos Recursos Naturais da Mata Atlântica. São Paulo: Hucitec/NUPAUB/CEC, 2004.

FERNANDES, F. Comunidade e sociedade: leituras sobre problemas conceituais, metodológicos e de aplicação. São Paulo: Nacional e Ed. da USP, 1973.

FERRATER MORA, J. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2000.

GUARIM, V. L. M. S. Sustentabilidade Ambiental em Comunidades Ribeirinhas Tradicionais. In: SIMPÓSIO SOBRE RECURSOS NATURAIS E SÓCIO-ECONÔMICOS DO PANTANAL, 3., 2000, Corumbá. Anais [...]. Corumbá, 2000.

GUERREIRO RAMOS, A. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. Rio de Janeiro: FGV, 1989.

HILLERY, G. A. Definitions of community: areas of agreement. In: HILLERY, G. A. A research odyssey: developing and testing a community theory. New Jersey: Rutgers, 1982.

HOBSBAWM, E. J. Da revolução industrial inglesa ao imperialismo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000.

HOCAYEN-DA-SILVA, A. J.; VIZEU, F.; SEIFERT, R. E. Formas não convencionais de organização na América Latina: reflexões acerca do discurso de desenvolvimento no modo de vida dos faxinais. Farol - Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, Belo Horizonte, v. 3, n. 8, dez. 2016.

HONNETH, A. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Edição 34, 2003.

HUTCHINSON, H. W. Comunidades e fazendas. Sociologia, São Paulo, v. XX, n. 2, p. 204-221, Maio., 1958.

IANNI, O. Estudo de comunidade e conhecimento científico. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 9, n. 1-2, p. 109-119, jun./dez. 1961.

JOHNSON, A. G. Dicionário de sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

LÖWEN SAHR, C. L. Faxinalenses: populações tradicionais no bioma da mata com Araucária. In: SOUZA, R. M.; BERTUSSI, M. L. Relatório Final do 1º Encontro dos Povos dos Faxinais. Irati, 05 e 06 de agosto de 2005. Irati: IAP, 2005.

LÖWEN SAHR, C. L. Os “mundos faxinalenses” da floresta com araucária do Paraná: racionalidades duais em comunidades tradicionais. Terr@ Plural, Ponta Grossa, v. 2, n. 2, p. 213-226, jul./dez. 2008.

LÖWEN SAHR, C. L.; CUNHA, L. A. G. O significado social e ecológico dos Faxinais: reflexões acerca de uma política agrária sustentável para a região da mata com Araucária no Paraná. Emancipação, Ponta Grossa, v. 5, n. 1, p. 89-104, 2005.

MIR, R.; MIR, A. The colony writes back: organization as an early champion of non-Western organizational theory. Organization, v. 20, n. 1, p. 91-101, 2012.

MISOCZKY, M. C. Rememorando a Organização e Práxis dos Centros Populares de Cultura. In: EnEO, 6., 2012, Curitiba. Anais […]. Curitiba, 2012.

MISOCZKY, M. C. Voices of dissent and the organization of struggles and resistances. Ephemera (Online), Reino Unido, v. 6, n. 3, p. 224-239, 2006.

MISOCZKY, M. C.; AMANTINO-DE-ANDRADE, J. Uma crítica à crítica domesticada nos estudos organizacionais. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 9, n. 1, p. 193-212, 2005.

MISOCZKY, M. C.; FLORES, R. K.; SILVA, S. M. G. Estudos organizacionais e movimentos sociais: o que sabemos? para onde vamos?. Cadernos EBAPE, Rio de Janeiro, v. 6, p. 1-14, 2008.

MISOCZKY, M. C.; VECCHIO, R. Experimentando pensar: da fábula de Barnard à aventura de outras possibilidades de organizar. Cadernos EBAPE, Rio de Janeiro, v. IV, n. 1, p. 1-14, 2006.

MOCELLIM, A. D. A comunidade: da sociologia clássica à sociologia contemporânea. PLURAL, Revista do Prog. de Pós. em Sociologia da USP, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 105-125, 2011.

MOREIRA, M. S. F. O estudo sociológico de comunidades. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 11, n. 1-2, p. 29-39, Jun./Dez., 1963.

NERONE, M. M. Terras de plantar, terras de criar - Sistema Faxinal: Rebouças - 1950-1997. Tese (Doutorado em História) - Universidade Estadual Paulista - Unesp, Assis, 2000.

NOGUEIRA, O. Os estudos de comunidades no Brasil. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 3, n. 2, p. 95-103, dez., 1955.

OLIVEIRA, D. A. de. Faxinais no município de Prudentópolis - PR: perspectivas históricas. In: ENCONTRO REGIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA - ANPUH/PR, 11., 2008, Jacarezinho Anais [...]. Jacarezinho, 2008.

OLIVEIRA, N. S.; MAIO, M. C. Estudos de Comunidade e ciências sociais no Brasil. Sociedade e Estado (UnB. Impresso), Brasília, v. 26, p. 521-550, 2011.

OUTHWAITE, W.; BOTTOMORE, T. Dicionário do pensamento social do Século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

PACHECO, E. N. Racionalidade substantiva na administração pública: estudo de caso na sede administrativa da Universidade do Estado de Mato Grosso UNEMAT. In: 8º CONGRESSO ONLINE DE ADMINISTRAÇÃO, 8., 2011. Anais [...]. CONVIBRA, 2011.

PIZZA JUNIOR, W. Guerreiro Ramos, administração e ciências sociais. Organizações e Sociedade, Salvador, v. 17, n. 52, p. 201-208, jan./mar., 2010.

POLANYI, K. A grande transformação: as origens da nossa época. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

REISS JR., A. J. Focos teóricos do estudo de comunidade na sociologia. In: FERNANDES, F. Comunidade e sociedade: leituras sobre problemas conceituais, metodológicos e de aplicação. São Paulo: Nacional e Ed. da USP, 1973.

SANTOS, B. S. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2001.

SANTOS, M. Economia espacial: críticas e alternativas. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 2003.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004.

SCHUSTER, W. T. A formação dos Faxinais na região Centro Sul do Paraná. 2010. Dissertação (Mestrado em Gestão do Território) - Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG, Ponta Grossa.

SERVA, M. O fenômeno das organizações substantivas. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 33, n. 2, mar./abr., p. 36-43, 1993.

SERVA, M. R. Racionalidade e organizações: o fenômeno das organizações substantivas. 1996. Tese (Doutorado em Administração) - Programa de Pós-Graduação em Administração, Fundação Getúlio Vargas - EAESP, São Paulo.

SILVEIRA, V. N. S. Racionalidade e organização: as múltiplas faces do enigma. RAC - Revista de Administração Contemporânea (Impresso), São Paulo, v. 12, n. 4, p. 1107-1130, 2008.

SJOBERG, G. Comunidade (Community). In: SILVA, B. Dicionário de ciências sociais. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1987.

SOUZA, R. M. Fronteiras e passagens: a construção da identidade faxinalense. In: I SEMIN. NAC. SOCIOLOGIA & POLÍTICA, 1., 2009. Anais [...]. Curitiba, 2009.

SOUZA, W. J.; LINS, N. M. A. B. Contornos da Isonomia: Articulação de Elementos de Racionalidade na Gestão de uma ONG. In: XXX ENCONTRO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 30., 2006, Salvador. Anais [...]. Salvador: ENANPAD, 2006.

VIZEU, F. (Re)contando a velha história: reflexões sobre a gênese do Management. Revista de Administração Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, p. 780-797, 2010.

VIZEU, F. Contribuições da sociologia da dádiva aos estudos sobre organizações substantivas. Organizações e Sociedade, Salvador, v. 16, n. 50, p. 409-427, Jul./Set., 2009.

VIZEU, F. Management no Brasil em perspectiva histórica: o projeto do IDORT nas décadas de 1930 e 1940. 2008. Tese (Doutorado em Administração de Empresas) - Programa de Pós-Graduação em Administração, Fundação Getúlio Vargas - FGV, São Paulo.

WAGLEY, C. Estudos de comunidades no Brasil sob perspectiva nacional. Sociologia, São Paulo, v. XVI, n. 2, p. 3-22, Maio, 1954.

WILLEMS, E. Dicionário de sociologia. Rio de Janeiro: Globo, 1950.

WIRTH, L. Delineamento e problemas da comunidade. In: FERNANDES, F. Comunidade e sociedade: leituras sobre problemas conceituais, metodológicos e de aplicação. São Paulo: Nacional e Ed. da USP, 1973.

Publicado
2020-06-29