Triagem de agrotóxicos visando a legislação da água de consumo humano em Minas Gerais

Palavras-chave: Avaliação de risco, Comercialização, Dinâmica ambiental, IDT

Resumo

Agrotóxicos são utilizados para prevenir, controlar ou repelir pragas, animais, vegetais ou doenças infestantes em cultivos agrícolas, bem como controlar o crescimento vegetal. Todavia, tais compostos podem contaminar o ar, o solo e os recursos hídricos, expondo os seres humanos a riscos químicos associados, majoritariamente, com a ingestão de alimentos e águas contaminadas. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi selecionar os agrotóxicos que apresentam um maior risco na água de consumo humano no estado de Minas Gerais. Para isso, avaliaram-se as variáveis exposição e toxicidade dos agrotóxicos comercializados em Minas Gerais estabelecendo-se quatro etapas para execução do trabalho: (i) triagem dos agrotóxicos comercializados em Minas Gerais; (ii) avaliação da dinâmica ambiental dos agrotóxicos comercializados em Minas Gerais; (iii) avaliação de risco considerando o binômio exposição x toxicidade; e (iv) proposição de valor máximo permitido (VMP) para os agrotóxicos selecionados. Obteve-se 322 compostos com comercialização reportada para Minas Gerais, após a avaliação da dinâmica ambiental restaram 201 e após a etapa 3 ficaram 40, chegando a 10 ingredientes ativos prioritários na água de consumo humano no estado de Minas Gerais, sendo então proposto VMP para oito deles. Logo, conclui-se que oito compostos podem ser avaliados para inclusão de um monitoramento mais assertivo da água potável a nível estadual de forma a proteger a saúde da população mineira e 30 compostos merecem um acompanhamento das suas vendas e uma nova avaliação.

Biografia do Autor

Taciane de Oliveira Gomes de Assunção, Universidade Federal de Juiz de Fora
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Juiz de Fora (PEC/UFJF). Engenheira Ambiental e Sanitarista pela UFJF, Juiz de Fora (MG), Brasil.
Renata de Oliveira Pereira, Universidade Federal de Juiz de Fora
Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Professora associada do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Docente permanente no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFJF (PEC/UFJF), Juiz de Fora (MG), Brasil.

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Publicado
2024-04-16
Seção
Meio Ambiente