Epífitas vasculares ocorrem próximas de corpos d’água na Estação Ecológica da Serra das Araras

Palavras-chave: Bioindicadores, Epifitismo, Forófitos, Monitor Ambiental

Resumo

Epífitas vasculares são plantas que se desenvolvem sobre outras espécies vegetais e são consideradas bioindicadoras de qualidade ambiental. O presente estudo objetivou realizar um levantamento de epífitas na Estação Ecológica Serra das Araras, localizada no bioma Cerrado em uma área de transição com Amazônia e Pantanal, avaliando o potencial das espécies encontradas como bioindicadoras de umidade. Foram dispostos três transectos, paralelos ao córrego Camarinha e com proximidade do córrego Miranda, ambos inseridos na Bacia do Alto Paraguai, com dez parcelas em cada, totalizando 30 parcelas de 10 x 3 metros. Foi realizada a análise de variância (kuskall-wallis) da abundância entre os transectos, análise de regressão linear com os dados de abundância e riqueza em função da distância dos corpos d’água e análise de densidade de Kernel. Foram registradas seis espécies de epífitas, com destaque para Phlebodium decumanum (Willd.) J.Sm. e Vanilla sp., sendo que 19,6% dos 143 forófitos amostrados foram confirmados com presença de epífitas e, destes, 27 são Attalea speciosa Mart. ex Spreng. O transecto mais próximo dos corpos d’água apresentou abundância com diferença significativa (p = 0,004) do transecto três. Das 30 parcelas amostradas, 15 tiveram a presença de espécies epifíticas e a análise de regressão apontou diminuição significativa para riqueza (p = 0,0003, R-ajustado = 0,372) e abundância (p = 0,042 R-ajustado = 0,139) em função da distância dos córregos, o que foi ao encontro do observado na análise de densidade, que apresentou maior concentração próximo dos cursos de água. O histórico de antropização da área pode ter acondicionado uma baixa riqueza de epífitas e a ocorrência dessas espécies está correlacionada com a do forófito de Attalea speciosa estabelecidos preferencialmente em áreas com presença de umidade, podendo, portanto, as epífitas serem bioindicadoras dessa condição ambiental na região.

Biografia do Autor

Antonio Miguel Olivo-Neto, Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Mestre em Ciências Ambientais (PPGCA) pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus Cáceres (MT), Brasil.
Carolina Mancini do Carmo, Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Mestre em Ciências Ambientais (PPGCA) pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus Cáceres (MT), Brasil.
Loiva Leone Marcon, Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Professora na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Tangará da Serra (MT), Brasil.
Manoel dos Santos Filho, Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT
Docente/pesquisador da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Orientador do Programa de Mestrado e Doutorado em Ciências Ambientais (PPGCA), UNEMAT, Cáceres (MT), Brasil.
Maria Antonia Carniello, Universidade do Estado de Mato Grosso, Cáceres, Mato Grosso, Brasil
Doutorado em Biologia Vegetal pela Universidade Estadual "Júlio de Mesquita Filho", Rio Claro (SP). Docente/pesquisadora da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Orientadora do Programa de Mestrado e Doutorado em Ciências Ambientais (PPGCA), UNEMAT, Cáceres (MT), Brasil.

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Publicado
2023-02-17
Seção
Meio Ambiente