Avaliação do estado nutricional da corporação de bombeiros de Maringá e implantação de um programa de educação nutricional

Resumo

Este trabalho foi realizado com o propósito de diagnosticar o estado nutricional e avaliar os hábitos alimentares e de vida da Corporação de Bombeiros de Maringá. Para seu desenvolvimento foi aplicado um questionário, contendo questões objetivas e subjetivas acerca dos hábitos alimentares, características sócio-econômicas e condições de saúde dos participantes. Foi, também, aplicado um recordatório de 24 horas, para avaliação do consumo alimentar, e foram solicitados exames laboratoriais, para se avaliar os principais indicadores bioquímicos de sangue (glicemia de jejum, lipidograma e hemograma completo). Foram avaliados 56 bombeiros, com idade variando de 20 a 55 anos, sendo a maioria (35,85%) de 36 a 40 anos; 86,79% eram casados; 84,91% possuíam filhos; 86,79% moravam com esposa e filhos. De acordo com o IMC (Índice de Massa Corporal), 65,38% foram considerados autróficos, 30,76% apresentaram sobrepeso e 3,34% obesidade grau I. Os resultados da circunferência da cintura demonstraram que 88,63% não tinham risco para doenças cardiovasculares e doenças crônicas; 6,81% tinham risco elevado e 4,54% um risco muito elevado. No que se refere à escolaridade, 67,92% possuíam o segundo grau completo. Um total de 77,36% dos participantes relatou não apresentar doenças crônicas sendo as mais citadas as dislipidemias (53,33%). Um mesmo número (77,36%) referiu apresentar doença crônica na família, sendo a mãe o familiar mais referido e a doença mais presente (39,66%) a hipertensão arterial sistêmica (HAS). A alergia alimentar foi negada por 84,91% dos participantes; os que responderam afirmativamente mencionaram alergia a camarão, leite, gordura animal e alimentos apimentados. No que diz respeito à atividade física, 94,34% relataram praticá-la, dos quais 38,10% praticavam-na duas vezes por semana. O tipo de atividade física mais freqüente foi a corrida (40,78%). Com relação aos hábitos da vida, 84,91% não fumavam; 39,62% alegaram consumir bebida alcoólica socialmente e 41,51% não tinham esse hábito. As questões sobre a alimentação reverteram o seguinte comportamento alimentar: de um modo geral esta população relatou fazer refeições diárias (54,72%), café-da-manhã, almoço e jantar, as quais eram preparadas por suas esposas (55,26%). Todavia a grande maioria (88,68%) tem o hábito de fazer suas refeições fora de casa de uma a três vezes por semana (68,81). Quando questionários acerca se seus conhecimentos sobre nutrição, 81,13% responderam não saber o que é Pirâmide de Alimentos, 67,92% não sabiam quais eram os principais componentes dos alimentos, porém, 50,94% preocupam-se com a qualidade nutricional da sua dieta e 92,45% acreditavam que sua alimentação podia melhorar se um planejamento nutricional fosse realizado. A análise dos exames laboratoriais solicitados revelou que todos os participantes apresentaram níveis normais de glucose de jejum e resultados também normais no hemograma; todavia, 5,6% dos indivíduos avaliados apresentam alterações no perfil lipídico. A análise do recordatório 24 horas revelou que 8,7% consumiam diariamente um valor calórico acima de sua necessidade (acima do VET calculado); os teores de carboidratos, lipídios e proteínas da dieta estavam adequados para 93,5%, 61,00% e 21,74% dos entrevistados, respectivamente, o que nos permitiu detectar elevada ingestão de proteínas nesta população. Concluindo, apesar de os bombeiros de Maringá terem se apresentado na sua maioria, eutróficos e praticantes de atividade física, uma parcela significativa apresentou sobrepeso, reflexo de desequilíbrio de macronutrientes encontrados na avaliação dos seus hábitos alimentares. Tais resultados ressaltam a importância do trabalho conjunto entre atividade física e dieta equilibrada, numa população de trabalhadores que é duramente solicitada em atividades que requerem presteza e prontidão no agir.