Avaliação da necessidade de financiamento para a biodiversidade no Estado de Pernambuco - Brasil

Palavras-chave: Biofin, Necessidades financeiras, Políticas públicas, Serviços ecossistêmicos

Resumo

A Iniciativa Finanças pela Biodiversidade (BIOFIN) mensura os esforços de financiamento da biodiversidade visando aprimorar a relação custo-efetividade dos instrumentos de conservação. Este artigo desenvolveu a Avaliação de Necessidades Financeiras para conservação, terceiro passo da abordagem BIOFIN, por uma análise comparativa entre o gasto realizado e o gasto necessário para implantação de estratégias de conservação baseadas em área. Para tanto, foram analisados os orçamentos do governo do Estado entre os anos de 2008 e 2021 e realizadas estimativas de gastos necessários baseados nas áreas das UC´s e nas áreas de APP e RL. Os resultados demonstraram haver uma lacuna de financiamento no Estado de Pernambuco na ordem de R$ 189 milhões para as Unidades de Conservação e de R$ 1,11 bilhão para restaurar Áreas de Preservação Permanentes e Reservas Legais com médio potencial de regeneração natural; além disso o custo de oportunidade de terras próximas a fragmentos florestais chegou a uma média de R$ 210 milhões. Calculou-se que o total do déficit de financiamento foi de 64%. Com este resultado, pode-se afirmar que há uma lacuna no orçamento, apontando a necessidade de financiamento da biodiversidade, evidenciando a importância de maior alocação de recursos financeiros destinados a ações de conservação da biodiversidade para assim garantir uma melhoria na gestão do capital natural do Estado.

Biografia do Autor

Beatriz Oliveira Gomes Florencio, Instituto Federal de Pernambuco – IFPE
Graduando em Tecnologia em Gestão Ambiental, Bolsista do Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC). Integrante do grupo de pesquisa: Observatório dos gastos e políticas públicas ambientais. Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), Departamento Acadêmico de Cursos Superiores, Campus Recife (PE), Brasil.
Wilson Barbosa da Silva Júnior, Instituto Federal de Pernambuco – IFPE
Graduando em Tecnologia em Gestão Ambiental, Bolsista do Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC). Integrante do grupo de pesquisa: Observatório dos gastos e políticas públicas ambientais. Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), Departamento Acadêmico de Cursos Superiores, Campus Recife (PE), Brasil.
Luizmar Vidal de Negreiros, Instituto Federal de Pernambuco – IFPE
Graduanda em Tecnologia em Gestão Ambiental, Bolsista do Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC). Integrantes do grupo de pesquisa: Observatório dos gastos e políticas públicas ambientais. Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), Departamento Acadêmico de Cursos Superiores, Campus Recife (PE), Brasil.
Carlos Eduardo Menezes da Silva, Instituto Federal de Pernambuco – IFPE
Biólogo. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pelo PRODEMA/UFPE. Doutorando em Economia pela Universidade de Brasília (UnB). Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), Departamento Acadêmico de Cursos Superiores, Campus Recife (PE), Brasil.

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Publicado
2022-06-01