Percepção ambiental: a poluição em dois rios urbanos noticiada na mídia eletrônica

Palavras-chave: Eutrofização, Meio Ambiente, Saneamento

Resumo

Os rios Parnaíba e Poti, em Teresina (PI), vêm enfrentando, nos últimos anos, um intenso problema relacionado com a eutrofização devido ao lançamento de esgotos sobre os cursos d’água desses rios. A percepção ambiental da eutrofização nos rios Parnaíba e Poti noticiada na mídia eletrônica em Teresina foi verificada em três portais de notícia, utilizando a Análise de Conteúdo. Foram considerados quatro segmentos sociais: jornalistas, autoridades, especialistas e populares. Das notícias, 73% se referiram ao rio Poti, onde a eutrofização é acentuada. O segmento jornalístico teve maior participação (90%); o de populares, a menor (23%). A análise gerou três categorias - “percepção da eutrofização”, “impactos da eutrofização” e “saneamento”. As palavras-chave mais frequentes foram “aguapé” (31,8%), “poluição” (17%) e “esgoto” (14,3%). Dos impactos, a proliferação de aguapés e o surgimento de doenças se destacaram. Das soluções, foi destacada a ampliação da rede de esgotos, em todos os segmentos considerados. A pesquisa abre caminhos para novos estudos na utilização da mídia eletrônica como fonte de registro da percepção ambiental, e esta como instrumento do entendimento do ambiente.

Biografia do Autor

Natanael José da Silva, Universidade Estadual de Maringá - UEM
Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais (PEA), Departamento de Biologia, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá (PR), Brasil.
Tatiane Mantovano, Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP
Doutora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais (PEA), Departamento de Biologia, Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professora colaboradora pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), Campus de Jacarezinho, Jacarezinho (PR), Brasil.
Fábio Amodêo Lansac-Tôha, Universidade Estadual de Maringá - UEM
Doutor em Oceanografia Biológica pela Universidade de São Paulo (USP). Professor Titular do Departamento de Biologia e do Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais (PEA), Departamento de Biologia, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá (PR), Brasil.
José de Ribamar de Sousa Rocha, Universidade Federal do Piauí - UFPI
Professor Titular do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina (PI), Brasil.

Referências

ALMEIDA, R.; SCATENA, L. M.; LUZ, M. S. Percepção ambiental e políticas públicas - dicotomia e desafios no desenvolvimento da cultura de sustentabilidade. Ambiente & Sociedade, v. 20, n. 1, p. 43-64, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/1809-4422asoc20150004r1v2012017.

ANA - Agência Nacional de Águas. Atlas Brasil: abastecimento urbano de água: panorama nacional, 2010. Disponível em: http://atlas.ana.gov.br/Atlas/downloads/atlas/Resumo%20Executivo/Atlas%20Brasil%20-%20Volume%201%20-%20Panorama%20Nacional.pdf. Acesso em: 10 ago. 2018.

ANTUNES, C. M. M.; BITTENCOURT, S. C.; RECH, T. D.; DE OLIVEIRA, A. Qualidade das águas e percepção de moradores sobre um rio urbano. Revista Brasileira de Ciências Ambientais, n. 32, p. 75-87, jun. 2014.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.

BENEZ, M. C.; KAUFFER MICHEL, E. F.; Á. GORDILLO, G. D. C. Percepciones ambientales de la calidad del agua superficial en la microcuenca del río Fogótico, Chiapas. Frontera Norte, v. 22, p. 129-158, 2010.

BICUDO, C. E.; TUNDISI, J. G.; SCHEUENSTUHL, M. C. B. (org.). Águas do Brasil: análises estratégicas. São Paulo: Instituto de Botânica, 2010.

BRANDALISE, L. T.; BERTOLINI, G. R. F.; ROJO, C. A.; LEZANA, Á. G. R.; POSSAMAI, O. A percepção e o comportamento ambiental dos universitários em relação ao grau de educação ambiental. Revista Gestão & Produção, v. 16, n. 2, p. 286-300, 2009.

CALDAS, E. L.; CHECCO, G. B.; JAYO, M. Para superar o deficit de saneamento básico no Brasil: papel potencial das tecnologias apropriadas. Revista Delos - Desarrollo Local Sostenible, v. 12, n. 34, p. 1-15, 2019.

CHAGAS, F. B.; RUTKOSKI, C. F.; BIENIEK, G. B.; VARGAS, G. E. L. P.; HARTMANN, P. A.; HARTMANN, M. T. Utilização da estrutura de comunidades de macroinvertebrados bentõnicos como indicador da qualidade da água em rios do Sul do Brasil. Revista Ambiente & Água, v. 12, n. 3, p. 416-425, 2017. DOI: 10.4136/1980-993X.

CHISLOCK, M. F.; DOSTER, E.; ZITOMER, R. A.; WILSON, A. E. Eutrophication: causes, consequences, and controls in aquatic ecosystems. Nature Education Knowledge, v. 4, n. 4, p. 10, 2013.

DE-CARLI, B. P.; ALBUQUERQUE, F. P.; MOSCHINI-CARLOS, V.; POMPÊO, M. Comunidade zooplanctônica e sua relação com a qualidade de água em reservatórios do Estado de São Paulo. Iheringia, v. 108, e2018013, jun. 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/1678-4766e2018013.

DIAS, F. S.; NASCIMENTO, J. P. A.; MENESES, J. M. Aplicação de macrófitas aquáticas para tratamento de efluente doméstico. Revista Ambiental, v. 2, n. 1, p. 106-115, 2016.

ESTEVES, F. A.; MEIRELLES-PEREIRA, F. Eutrofização artificial. In: ESTEVES, F. S. (ed.). Fundamentos de Limnologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2011. p. 625-656.

FELLOWS, I. Wordcloud: word clouds. R package version 2.6. https://CRAN.R-project.org/package=wordcloud. 2018.

INMET. Instituto Nacional de Metereologia. BDMEP - Dados Históricos. Disponível em: http://www.inmet.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2018.

KHAN, M.; MOHAMMAD, F. Eutrophication: Challenges and solutions. In: ANSARI, A.; GILL, S. S. (eds.). Eutrophication: causes, consequences and control. Dordrecht: Springer, 2014, p. 1-15. DOI: 10.1007/978-94-007-7814-6.

KUMMU, M.; GUILLAUME, J. H.; DE MOEL, H.; EISNER, S.; FLÖRKE, M.; PORKKA, M.; WARD, P. J. The world’s road to water scarcity: shortage and stress in the 20th century and pathways towards sustainability. Scientific Reports, v. 6, e 38495, dez. 2016. DOI: https://doi.org/10.1038/srep38495.

LIMA, E. A.; CANO, H.; NASCIMENTO, J. S. Uma contribuição à geografia dos recursos hídricos. In: FIGUEIREDO, A. F. (ed.). Brasil: uma visão geográfica e ambiental no início do século XXI. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, p. 321-357, 2016.

LIPPERT, M. A. M.; LANSAC-TOHA, F. M.; MEIRA, B. R.; VELHO, L. F. M.; LANSAC-TOHA, F. A. Structure and dynamics of the protoplankton community in na environmentally protected urban stream. Brazilian Journal of Biology, v. 80, n. 4, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/1519-6984.222607.

MARINHO, C. C.; FONSECA, A. L. S; ESTEVES, F. A. Impactos antrópicos nas lagoas costeiras do norte do estado do Rio de Janeiro: uma revisão sobre a eutrofização artificial e gases de efeito estufa. Revista Brasileira de Pós-Graduação, v. 13, n. 32, p. 703-728, 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.21713/2358-2332.2016.v13.986.

MARTIRANI, L. A.; PERES, I. K. Crise hídrica em São Paulo: cobertura jornalística, percepção pública e o direito à informação. Ambiente & Sociedade, v. 19, n. 1, p. 1-20, 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/1809-4422asoc150111r1v1912016.

MEKONNEN, M. M.; HOEKSTRA, A. Y. Four billion people facing severe water scarcity. Science Advances, v. 2, n. 2, p. e1500323, 2016. DOI: 10.1126/sciadv.1500323.

MMA - Ministério do Meio Ambiente. Água, 2018. Disponível em: http://www.mma.gov.br/agua. Acesso em: 20 ago. 2018.

NOSCHANG, P. G.; SCHELEDER, A. F. A (in) sustentabilidade hídrica global e o direito humano a água. Sequência, v. 39, n. 79, p. 111-138, 2018. DOI: https://doi.org/10.5007/2177-7055.2018v39n79p119.

OMS - Organização Mundial da Saúde. 2018. Guidelines on sanitation and health. Disponível em: https://www.who.int/water_sanitation_health/publications/guidelines-on-sanitation-and-health/en/"es-on-sanitation-and-health/en/. Acesso em: 23 nov. 2018.

ORLOWSKY, B.; HOEKSTRA, A. Y.; GUDMUNDSSON, L.; SENEVIRATNE, S. I. Todayʼs virtual water consumption and trade under future water scarcity. Environmental Research Letters, v. 9, n. 7, e. 074007, 2014. DOI: https://doi.org/10.1088/1748-9326/9/7/074007.

PACHECO, E.; SILVA, H. P. Compromissos epistemológicos do conceito de percepção ambiental. Rio de Janeiro: Departamento de Antropologia, Museu Nacional e Programa EICOS/UFRJ, 2007.

PMT. Prefeitura Municipal de Teresina. Plano Municipal de Saneamento Básico de Teresina. 2013. Disponível em: http://semplan.teresina.pi.gov.br/plano-municipal-de-saneamento-basico/. Acesso em: 3 abr. 2018.

RANKING. De sites: resultados em primeiro lugar, 2018. Disponível em: http://www.rankingdesites.com.br. Acesso em: 2 jan. 2018.

R DEVELOPMENT CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. Vienna, Austria: R Foundation for Statistical Computing. 2019. Disponível em: https://www.R-project.org/.

RONQUILLO, M. F.; SOLÍS, T. F.; BELTRÁN, G. S. Percepción de la población sobre los niveles de contaminación ambiental del Río Milagro y grado de conocimiento preventivo social sobre el efecto de su carga contaminante. Revista Ciencia UNEMI, v. 9, n. 21, p. 125-134, 2016.

SILVA, G. Para pensar critérios de noticiabilidade. Estudos em Jornalismo e Mídia, v. 2, n. 1, p. 95-107, 2005.

SILVA, F. R.; AQUINO, C. Análise da qualidade da água do rio Poti, entre a ponte da Primavera e a ponte Leonel Brizola, Teresina, Piauí. Revista OKARA: Geografia em debate, v. 9, n. 1, p. 72-89, 2015.

SILVA, N. J.; LANSAC‐TÔHA, F. M.; LANSAC‐TÔHA, F. A.; SALES, P. C. L.; ROCHA, J. R. S. Beta diversity patterns in zooplankton assemblages from a semiarid river ecosystem. International Review Hydrobiology, p. 1-12, 2020. DOI: https://doi.org/10.1002/iroh.201902018.

SMITH, V. H. Eutrophication of freshwater and coastal marine ecosystems: a global problem. Environmental Science and Pollution Research, v. 10, n. 2, p. 126-139, 2003. DOI: https://doi.org/10.1065/espr2002.12.142.

SOUSA, N. D.; ROCHA, J. R. S. A poluição do rio Poti relatada na mídia eletrônica em Teresina-PI. Educação Ambiental em Ação, v. 50, 2014.

SRINIVASAN, V.; LAMBIN, E. F.; GORELICK, S. M.; THOMPSON, B. H.; ROZELLE, S. The nature and causes of the global water crisis: Syndromes from a meta-analysis of coupled human-water studies. Water Resources Research, v. 48, n. 10, p. 1-16, 2012. DOI: https://doi.org/10.1029/2011WR011087.

STATSOFT INC. Statistica for Windows (data analysis software system), version 7.1, Statsoft Inc., Tulsa, 2005.

TONET, E. R. C.; MELO, A. R. A globalização e a influência da mídia na sociedade. Cadernos PDE, 2014. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_uenp_geo_artigo_elaine_regina_costa.pdf.

VALERA, S. Variables que influyen en la percepción ambiental. Disponível em: http://www.ub.edu/psicologia_ambiental/unidad-2-tema-2-4"nidad-2-tema-2-4. Acesso em: 23 nov. 2018.

VILMI, A.; KARJALAINEN, S. M.; LANDEIRO, V. L.; HEINO, J. Freshwater diatoms as environmental indicators: evaluating the effects of eutrophication using species morphology and biological indices. Environmental Monitoring and Assessment, v. 187, n. 5, p. 1-10, 2015. https://doi.org/10.1007/s10661-015-4485-7.

YAN, Z.; HAN, W.; PEÑUELAS, J.; SARDANS, J.; ELSER, J. J.; DU, E.; FANG, J. Phosphorus accumulates faster than nitrogen globally in freshwater ecosystems under anthropogenic impacts. Ecology Letters, v. 19, n. 10, p. 1237-1246, 2016. https://doi.org/10.1111/ele.12658.

ZHANG, G.; BAI, J.; XIAO, R.; ZHAO, Q.; JIA, J.; CUI, B.; LIU, X. Heavy metal fractions and ecological risk assessment in sediments from urban, rural and reclamation-affected rivers of the Pearl River Estuary, China. Chemosphere, v. 184, p. 278-288, 2017. DOI: 10.1016/j.chemosphere.2017.05.155.

Publicado
2022-10-03
Seção
Meio Ambiente