DESIGUALDADES DE GÊNERO, CAMPOS DE CONHECIMENTO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL DE ENGENHEIRAS CIVIS

Palavras-chave: Desigualdade de Gênero, Engenharia Civil, Conhecimento, Saúde

Resumo

Este artigo propõe uma reflexão sobre desigualdades de gênero no campo da Engenharia Civil, atendo-se na persistência dos estereótipos de gênero e suas consequências no exercício desta atividade profissional. Trata-se de um resultado de pesquisa desenvolvida numa perspectiva feminista e que metodologicamente empregou métodos qualitativos de discussão bibliográfica e entrevistou oito profissionais da área, sendo quatro engenheiros e quatro engenheiras; metade de cada grupo com idade inferior a 30 anos, outra metade com 30 anos ou mais. Evidenciou-se que o aumento do número de mulheres na engenharia civil não se refletiu no fim das discriminações, persistindo noções naturalizadas sobre as diferenças de gênero. Por outro lado, a própria realização deste artigo demonstra que as teorias feministas têm contribuído para a revisão crítica de práticas cotidianas na busca de condições menos desiguais de exercício acadêmico e profissional. Conclui-se que preconceito e discriminação comprometem o desempenho profissional, com reflexos negativos sobre a qualidade de vida e a saúde das mulheres.

Biografia do Autor

Caroline Urias Challouts, Programa de Pós-graduação em Promoção da Saúde
Graduada em Engenharia Civil da UniCesumar - Centro Universitário de Maringá. Bolsista do programa Prêmio Projeto de Iniciação Científica (PPIC). Mestranda do Programa de Pós-graduação em Promoção da Saúde na UniCesumar.
Maria Lígia Ganacin Granado Elias
Doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina. Bacharel em Ciências Sociais pela UFSC. Realizou estágio pós doutoral na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e na Universidade de Brasília (UnB) (Bolsista PDJ/ CNPq).
Tânia Maria Gomes da Silva, Unicesumar
Doutora em história pela Universidade Federal do Paraná, mestre em história pela Universidade Estadual de Maringá. Realizou estágio pós-doutoral na Universidade Federal do Paraná, no departamento de história. Docente Permanente do Programa de Pós-graduação em Promoção da Saúde da UniCesumar - Centro Universitário de Maringá. Docente do Curso de Medicina UniCesumar. Pesquisadora do Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação - ICETI.

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Publicado
2020-01-30
Seção
Artigos Originais