DESENHO GEOMÉTRICO E GRAFISMO TUPINAMBÁ EM OLIVENÇA, ILHÉUS, BA, BRASIL: ANÁLISE PRELIMINAR

Resumen

Este artigo apresenta os resultados do plano de trabalho de pesquisa: “Análise preliminar da geometria no grafismo produzido pela comunidade Tupinambá” localizada no distrito de Olivença, município de Ilhéus, BA e vinculado à pesquisa-ação “Arquitetura Vernacular habitacional como expressão ambiental e cultural no Litoral Sul da Bahia” que vem sendo desenvolvida desde 2016. As atividades pautaram-se no protocolo de aprovação Conep 2.552.460/2018. O plano de trabalho objetivou registrar e analisar o grafismo quanto à geometria implícita e explícita em sua composição. Tal “idioma-código” vem sendo expresso por meio da pintura corporal e “impresso” nas paredes das habitações vernaculares. Os dados foram coletados entre dezembro de 2018 e abril de 2019, por meio da observação participante e desenhos de observação do grafismo. A composição gráfica foi analisada considerando princípios da geometria plana e não plana a fim de identificar as fi guras geométricas, fractais, sua disposição/ organização quanto à simetria, rotação, translação e os algoritmos geométricos. Os resultados mostraram que a composição gráfica considera o contexto geográfico e biodiversidade onde a comunidade indígena está inserida e carrega elementos gráficos resultantes da “etnogênese” e reelaboração cultural reforçando a identidade étnica Tupinambá. Dentre as principais formas geométricas identificadas, durante a análise, predominam: os círculos, os quadrados, os losangos, os triângulos, as linhas retas e onduladas. A composição gráfica apresenta simetria a partir de um eixo central e propriedades de rotação e translação. Já os algoritmos geométricos, fractais, foram constatados no conjunto de formas que se torna o elemento gráfico que se repete em maior ou menor escala.

Biografía del autor/a

João Vitor Morais da Silva, UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA
Discente do curso de 2º Ciclo de Formação em Engenharia Florestal da UFSB/BA. Ilustrador científico. Bacharel Interdisciplinar em Ciências pela UFSB/BA, Brasil.
Silvia Kimo Costa, UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA
Doutora em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UESC, BA); Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (UESC, BA) e Arquiteta e Urbanista (UFV, MG). É professora Adjunto da Universidade Federal do Sul da Bahia, atuando no Centro de Formação em Políticas Públicas e Tecnologias Sociais e no Programa de Pós-graduação em Biossistemas.

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Publicado
2020-07-31
Sección
Artigos Originais