Trauma social em idade avançada

  • Maria da Luz Cabral Departamento de Política e Trabalho Social Escola Superior de Saúde do Alcoitão - Portugal
  • Isabel Oliveira Faculdade Psicologia e de Ciências da Educação Universidade do Porto - Portugal
Palavras-chave: trauma social, dominância social, inclusão/exclusão

Resumo

O paradoxo vivido na contemporaneidade permite simultaneamente o convívio entre diferentes gerações, e a potenciação de processos de estigmatização promotores de discriminação. As circunstâncias de violência e exclusão de grande subtileza, a que as pessoas de idade avançada são expostas, têm impactos físicos e psicológicos no seu bem-estar e na sua longevidade. A intensidade da desumanidade neste grupo etário manifesta-se de forma estrutural pela desigualdade social, pela naturalização da pobreza, originando discriminação, de forma interpessoal pela alteração das interações, nas relações sociais quotidianas de forma institucional, na aplicação e ou omissão das políticas sociais. A consignação das pessoas de idade avançada a uma perda significativa de estatuto social e familiar é potenciadora de traumas psicológicos de cariz moral e afetivo, com proporções muito profundas nas vidas deste grupo etário. Ao longo deste artigo serão evidenciadas e discutidas as questões potenciadoras do trauma social nas pessoas de idade avançada, relacionando-as com os processos de economia de mercado provocada pela globalização, que alteraram o modo como estes sujeitos são incluídos e/ou excluídos da sociedade de produção.

Biografia do Autor

Maria da Luz Cabral, Departamento de Política e Trabalho Social Escola Superior de Saúde do Alcoitão - Portugal
Departamento de Política e Trabalho Social. Escola Superior de Saúde do Alcoitão, Portugal.
Isabel Oliveira, Faculdade Psicologia e de Ciências da Educação Universidade do Porto - Portugal
Faculdade Psicologia e de Ciências da Educação. Universidade do Porto, Porto, Portugal.

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Publicado
2018-02-12
Seção
Artigos Originais