Funcionamentos Discursivos no Espaço Cinema de VEJA

Resumen

O presente artigo é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Jornalismo do Centro Universitário de Maringá (CESUMAR) desenvolvido em 2008, que buscou questionar como se configura e funciona, discursivamente, a construção textual voltada à análise de cinema, na Revista Veja, enunciada por Isabela Boscov, na função-autor. Tomando como base teórica e analítica a Análise de Discurso (AD) de linha francesa, preconizada por Michel Pêcheux, com contribuições de Michel Foucault no que concerne à autoria, buscou-se compreender como os sentidos são colocados em funcionamento na construção, sustentação e circulação da autoridade jornalística e de como se dá essa discursividade para e sobre produções cinematográficas. A ideia propulsora desta pesquisa foi ver o modo como muitos filmes são abordados nos espaços de opinião jornalística voltada ao cinema, de forma, muitas vezes, despolitizada. Analisando os sentidos produzidos e veiculados pela e para a crítica e resenha jornalística voltadas ao cinema, bem como o confronto entre as posições discursivas de resenhista e crítico, foi possível observar no espaço de cinema da Revista Veja um constante ir e vir entre o resenhar e o criticar. Observou-se que, embora Boscov fale do lugar de crítica, discursivamente a posição resenhista acaba se sobrepondo. A autora, ao ser interpelada por características da crítica cinematográfica, busca reafirmar seu papel como crítica e legitimar o seu dizer. Contudo, por meio de uma leitura discursiva, pode-se notar que seus textos são atravessados (ou mesmo constituídos) por características do gênero “resenha”, entre eles a abordagem de filmes colocados recentemente no mercado pela indústria cultural. Assim, este estudo não se fecha aqui, mas abre-se a outras e/ou novas contribuições que possam refletir sobre os espaços opinativos dos veículos de comunicação, de modo a questionar o considerado evidente, a “verdade” apresentada como única e natural.