A moda na década de 70 - abordagem da Revista Manequim

Resumo

Nossa pesquisa procurou-se estudar a moda dos anos de 1970, através da revista "Manequim". Sabemos que desde 1964, ano do golpe militar, o Brasil estava sob o governo ditatorial militar, por isso, evidenciou-se que os anos da década de 1970 coincidiram com uma parte da história política nacional, onde a sociedade vivia sob um regime antidemocrático. Nesse período, a repressão era constante em várias esferas do mundo social e cultural: partidos entram para a clandestinidade e o cinema, televisão, música, entre outros, sofrem com a censura. Nesse cenário de repressão e censura, as revistas de moda eram transmissoras das últimas tendências de uma moda industrial, prática, democrática e individualista. A revista "Manequim" demonstra parte desse ideal moderno, com as mulheres buscando referências de elegância em estilistas internacionais que produziam a praticidade desejada pelas mulheres dos grandes centros urbanos brasileiros. Essa pesquisa vem colaborar para a elaboração de um material de história da moda no Brasil. Para seu desenvolvimento, utilizou-se de pesquisa realizada por meio de coleta e catalogação das informações das revistas Manequim (publicada na década de setenta), leituras e fichamentos teóricos da bibliografia específica do período. foi a partir desse procedimento que se chegou às seguintes considerações; a moda desejada pela revista "Manequim" visava ao conforto, à praticidade, à versatilidade e a feminilidade; para isso, sugeria às leitoras os cortes retos, severos e perfeitos. Esse padrão desejado pela revista estava em conformidade com um novo ideal feminino: a mulher executiva que estava surgindo no mercado de trabalho. O sexo feminino apresentava o desejo de independência e gostos mais "parecidos" com o sexo masculino, a moda refletia tal ideal através do corte, formas e estilos das roupas, mas também sinalizava para a feminilidade através do realce dos quadris. Dessa maneira, ocorreu uma redefinição da silhueta. As revistas apontam para um novo ideal feminino que consumia cada vez mais, pois ocupava cargos e ganhava visibilidade nos centros urbanos, fazendo crescer a produção industrial do vestuário. Vários modelos e estilos adotados por essa "nova mulher", como as várias versões "tailleur" e "chemisier", básicos e clássicos, assim como resgates de influências do estilo oriental e camponês tiveram forte impacto na moda do período em tela. Com base nos dados levantados e na análise do contexto histórico dos anos de 1970, notaram-se profundas transformações em termos culturais, políticos e de gênero, proporcionando a recuperação da memória da moda adotada no Brasil.