Microbiologia de agregados de pastagens abandonadas, em diferentes estágios de sucessão

Palavras-chave: Agregação, Microbiota do solo, Pasto, Sucessão secundária

Resumo

O Sul de Minas Gerais é uma região fortemente ligada à prática de pecuária, a qual tem promovido, em virtude de manejos inadequados, sérios problemas erosivos, muitas vezes relacionados à agregação do solo. Micro-organismos são considerados muito sensíveis a manejos aplicados ao solo e têm papel conhecido na sua agregação. O presente trabalho visou estudar o impacto do processo de sucessão em diferentes áreas de pastagens sobre micro-organismos e seus processos, diretamente em agregados de diferentes classes de tamanho, considerando-os como importantes hábitats microbianos passíveis de interferências. Para isso foram utilizadas quatro áreas de pastagem, na sub-bacia do Ribeirão José Pereira, na cidade de Itajubá (MG), sob diferentes estágios de sucessão secundária, em ARGISSOLO VERMELHO Distrófico, sendo: A1 - área em estágio inicial de sucessão e solo parcialmente exposto; A2 - área em estágio médio de sucessão e solo parcialmente exposto; A3 - área sem sucessão, com solo totalmente coberto; e A4 - área em maior estágio de sucessão, com alta diversidade de espécies arbóreas e arbustivas, e solo totalmente coberto. As amostras de solo obtidas das áreas de estudo foram separadas em três classes de agregados de tamanhos: 0,5; 2,0; e 4,0 mm, antes da determinação dos atributos bioquímicos (atividade e biomassa microbianas, quociente metabólico - qCO2) e microbiológicos (comprimento de micélio extrarradicular, densidades de bactérias, actinobactérias e fungos totais). As pastagens, em seus diferentes estágios de sucessão, afetaram diferentemente os micro-organismos do solo e seus processos. Para a grande maioria dos indicadores microbiológicos não houve efeito ou influência do tamanho dos agregados. A área em estágio de sucessão secundária mais avançada (A4) possibilitou maior atividade, biomassa e micélio extrarradicular em relação às demais áreas.

Biografia do Autor

Rogério Melloni, Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI
Engenheiro agrônomo, mestre e doutor em Agronomia. Docente do Instituto de Recursos Naturais - Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), Itajubá (MG), Brasil.
Lucas Aléxey de Oliveira, Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI
Discente do curso de graduação em Engenharia Ambiental Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), Itajubá (MG), Brasil.
Nara Luiza Pedrezzini Silva, Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI
Discente do curso de graduação em Engenharia Ambiental Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), Itajubá (MG), Brasil

Referências

ABIVEN, S.; MENASSERI, S.; CHENU, C. The effects of organic inputs over time on soil aggregate stability - a literature analysis. Soil Biology and Biochemistry, Oxford, v. 41, n. 1, p. 1-12, 2008. https://doi.org/10.1016/j.soilbio.2008.09.015.

ANDERSON, T. H.; DOMSCH, K. H. The metabolic quotient for CO2 (qCO2) as a specific activity parameter to assess the effects of environmental conditions, such as pH, on the microbial biomass of forest soils. Soil Biology and Biochemistry, Oxford, v. 25, n. 3, p. 393-395, 1993. https://doi.org/10.1016/0038-0717(93)90140-7.

ANTISARI, L. V. et al. Soil Biochemical Indicators and Biological Fertility in Agricultural Soils: A Case Study from Northern Italy. Minerals, Basel, v. 11, n. 2, p. 219, 2021. https://doi.org/10.3390/min11020219.

BARBOSA, M. V. et al. Do different arbuscular mycorrhizal fungi affect the formation and stability of soil aggregates? Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 43, 2019. https://doi.org/10.1590/1413-7054201943003519.

BONETTI, J. A. et al. Influência do sistema integrado de produção agropecuária no solo e na produtividade de soja e braquiária. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 45, n. 1, 2015. https://doi.org/10.1590/1983-40632015v4529625.

CARAVACA, F. et al. Formation of stable aggregates in rhizosphere soil of Juniperus oxycedrus: Effect of AM fungi and organic amendments. Applied Soil Ecology, Amsterdam, v. 33, n. 1, p. 30-38, 2006. https://doi.org/10.1016/j.apsoil.2005.09.001.

CARDOSO, E. J. B. N.; ANDREOTE, F. D. Microbiologia do solo. 2ª ed. Piracicaba: ESALQ, 2016. 221p.

DORAN, J. W.; PARKIN, T. B. Defining and assessing soil quality. Soil Science Society of America Journal, Madison, v. 35, p. 3-21, 1994. Special publication. https://doi.org/10.2136/sssaspecpub35.c1.

FERREIRA, A. S.; CAMARGO, F. A. O.; VIDOR, C. Utilização de microondas na avaliação da biomassa microbiana do solo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 23, n. 4, p. 991-996, 1999. https://doi.org/10.1590/S0100-06831999000400026.

FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 35, n. 6, p. 1039-1042, 2011. https://doi.org/10.1590/S1413-70542011000600001.

FLAUZINO, B. K. et al. Mapeamento da capacidade de uso da terra como contribuição ao planejamento de uso do solo em sub-bacia hidrográfica piloto no sul de Minas Gerais. Geociências, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 277-287, 2016. Disponível em: http://www.ppegeo.igc.usp.br/index.php/GEOSP/article/view/9025. Acesso em: 16 maio. 2021.

FRAGOSO, R. O.; CARPANEZZI, A. A. Barreiras ao estabelecimento da regeneração natural em áreas de pastagens abandonadas. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 27, n. 4, p. 1451-1464, 2017. https://doi.org/10.5902/1980509830331.

GOSS, M. J.; CARVALHO, M.; BRITO, I. The Significance of an Intact Extraradical Mycelium and Early Root Colonization in Managing Arbuscular Mycorrhizal Fungi. In: GOSS, M. J.; CARVALHO, M.; BRITO, I. (ed.). Functional Diversity of Mycorrhiza and Sustainable Agriculture. Management to Overcome Biotic and Abiotic Stresses. London: Academic Press, 2017. p. 111-130, 2017. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-804244-1.00006-X.

HAGENBO, A. et al. Carbon use efficiency of mycorrhizal fungal mycelium increases during the growing season but decreases with forest age across a Pinus sylvestris chronosequence. Journal of Ecology, London, v. 107, n. 6, p. 2808-2822, 2019. https://doi.org/10.1111/1365-2745.13209.

KORENBLUM, E. et al. Rhizosphere microbiome mediates systemic root metabolite exudation by root-to-root signaling. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 117, n. 7, p. 3874-3883, 2020. https://doi.org/10.1073/pnas.1912130117.

LEE, K. H.; JOSE, S. Soil respiration and microbial biomass in a pecan - cotton alley cropping system in Southern USA. Agroforestry Systems, v. 58, p. 45-54, 2003. https://link.springer.com/article/10.1023/A:1025404019211.

LEHMANN, A. et al. Fungal Traits Important for Soil Aggregation. Frontiers in Microbiology, Lausanne, v. 10, p. 2904, 2020. https://doi.org/10.3389/fmicb.2019.02904.

LEHMANN, A.; RILLIG, M. C. Understanding mechanisms of soil biota involvement in soil aggregation: A way forward with saprobic fungi? Soil Biology and Biochemistry, Oxford, v. 88, 298e302, 2015. http://dx.doi.org/10.1016/j.soilbio.2015.06.006.

LIMA, O. et al. Soil catenas in a pilot sub-basin in the region of Itajubá, Minas Gerais state, Brazil, for environmental planning. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 42, n. 3, suplemento 1, p. 1511-1528, 2021. https://doi.org/10.5433/1679-0359.2021v42n3Supl1p1511.

LISBOA, B. B. et al. Determinação do fósforo remanescente como método alternativo à textura na indicação da classe de disponibilidade de fósforo em três solos. Pesquisa Agropecuária Gaúcha, Porto Alegre, v. 18, n. 1, p. 81-84, 2012. Disponível em: http://revistapag.agricultura.rs.gov.br/ojs/index.php/revistapag/article/view/218?articlesBySameAuthorPage=2. Acesso em: 16 maio. 2021.

MALAQUIAS, F. S. S. et al. Atlas digital das pastagens brasileiras: dados e informações sobre a maior classe de uso da terra do Brasil. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 19., 2019, Santos. Anais [...]. Santos: INPE, 2019. p. 2299-2302. Disponível em: http://marte2.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/marte2/2019/10.31.15.41/doc/98053.pdf. Acesso em: 16 maio. 2021.

MELLONI, R. et al. Características biológicas de solos sob mata ciliar e campo cerrado no sul de Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 25, n. 1, p. 7-13, 2001. Disponível em: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/Caracteristicas_Biol_Solos_MtCil_Cer_MGID-4meHPpQx4F.pdf. Acesso em: 16 maio. 2021.

MELLONI, R.; CARDOSO, E. J. B. N. Quantificação de micélio extrarradicular de fungos micorrízicos arbusculares em plantas cítricas - I: método empregado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 23, n. 1, p. 53-58, jan./mar. 1999. https://doi.org/10.1590/S0100-06831999000100007.

MELLONI, R.; MELLONI, E. G. P.; VIEIRA, L. L. Uso da terra e a qualidade microbiana de agregados de um Latossolo Vermelho-Amarelo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 37, n. 6, p. 1678-1688, 2013. https://doi.org/10.1590/S0100-06832013000600024.

MITSUIKI, C. Efeito de sistemas de preparo de solo e do uso de Microrganismos Eficazes nas propriedades físicas do solo, produtividade e qualidade de batata. 2006. 97p. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2006.

MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e Bioquímica do solo. Lavras: Ed. UFLA, 2006.

NOGUEIRA, M. A.; CARDOSO, E. J. B. N. Produção de micélio externo por fungos micorrízicos arbusculares e crescimento da soja em função de doses de fósforo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 24, p. 329-338, 2000. https://doi.org/10.1590/S0100-06832000000200010.

ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.

PELUZIO, T. N. O. et al. Regeneração natural de pastagem versus fragmento de floresta ombrófila densa Alto Montana. Nucleus, Ituverava, v. 15, n. 2, p. 371-382, 2018. https://doi.org/10.3738/1982.2278.2874.

PIMENTEL, I. C.; DIONÍSIO, J. A.; SIGNOR, D. Bactérias. In: DIONÍSIO, J. A. et al. Guia prático de biologia do solo. Curitiba: SBCS/NEPAR, 2016. p. 17-22. Disponível em: http://www.dsea.ufpr.br/publicacoes/guia_pratico_biologia_solo.pdf. Acesso em: 16 maio. 2021.

QIN, M. et al. Arbuscular mycorrhizal fungi serve as keystone taxa for revegetation on the Tibetan Plateau. Journal of Basic Microbiology, v. 59, n. 6, p. 609-620, 2019. https://doi.org/10.1002/jobm.201900060.

RAMOS, A. C.; MARTINS, M. A. Fisiologia de micorrizas arbusculares. In: SIQUEIRA, J. O.; SOUZA, F. A.; CARDOSO, E. J. B. N.; TSAI, S. M. (ed.). Micorrizas: 30 anos de pesquisas no Brasil. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2010. p. 133-152.

RIBEIRO, P. H. et al. Adubação verde, os estoques de carbono e nitrogênio e a qualidade da matéria orgânica do solo. Revista Verde, Mossoró, v. 6, n. 1, p. 43-50, 2011. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/7429750.pdf. Acesso em: 16 maio. 2021.

RILLIG, M. C.; MUMMEY, D. L. Mycorrhizas and soil structure. New Phytologist, v. 171, n. 1, p. 41-53, 2006. https://doi.org/10.1111/j.1469-8137.2006.01750.x.

ROCHA JUNIOR, P. R. et al. Soil quality indicators to evaluate environmental services at different landscape positions and land uses in the Atlantic Forest biome. Environmental and Sustainability Indicators, v. 7, 100047, 2020. https://doi.org/10.1016/j.indic.2020.100047.

SANTOS, R. D. et al. (ed.). Manual de Descrição e Coleta de Solo no Campo. 5ª ed. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2005. 102p.

SILVA, J. C. et al. Sucessão ecológica no cerrado. Flovet, Cuiabá, v. 1, n. 1, p. 33-47, 2012. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/flovet/article/view/788/622. Acesso em: 16 maio. 2021.

SILVA, M. L. N. et al. Manejo e conservação do solo e da água: guia de estudos. Lavras: UFLA, 2015.

TAVARES FILHO, J.; TESSIER, D. Effects of different management systems on porosity of oxisols in Paraná, Brazil. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 34, n. 3, p. 899-906, 2010. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-06832010000300031.

VIEIRA, C. M.; PESSOA, S. V. A. Estrutura e composição florística do estrato herbáceosubarbustivo de um pasto abandonado na Reserva Biológica de Poço das Antas, município de Silva Jardim, RJ. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 52, n. 80, p. 17-30. 2001. http://dx.doi.org/10.1590/2175-78602001528002.

WARDLE, D. A.; GHANI, A. A critique of the microbial metabolic quotient (qCO2) as a bioindicator of disturbance and ecosystem development. Soil Biology & Biochemistry, Oxford, v. 27, n. 12, p. 1601-1610, 1995. https://doi.org/10.1016/0038-0717(95)00093-T.

ZHIFANG, L. et al. Effects of nitrogen feeding for extraradical mycelium of Rhizophagus irregularis maize symbiosis incorporated with phosphorus availability. Journal of Plant Nutrition and Soil Science, v. 182, n. 4, p. 647-655, 2019. https://doi.org/10.1002/jpln.201800674.

Publicado
2022-09-27
Seção
Meio Ambiente