UM ESTUDO SOBRE A RACIONALIDADE NAS ORGANIZAÇÕES DE EXTENSÃO RURAL: O CASO DA EMATER
DOI:
https://doi.org/10.17765/2176-9168.2019v12n4p1373-1394Palavras-chave:
Ação extensionista, Organizações de extensão rural, Políticas públicas, Racionalidade formal e substantivaResumo
A partir de uma análise histórica, tem-se observado grande preocupação com questões que envolvem a assistência técnica e a extensão rural e sua importância enquanto agente promotor do acesso às novas tecnologias e ao conhecimento. Nesse cenário, emergem os serviços de assistência técnica e extensão rural, que inicialmente contavam com ações prioritariamente governamentais. Inúmeras discussões e postulações emergiram no sentido de dar maior significado e compreensão da racionalidade organizacional e suas implicações para a ação extensionista. Diante disso, este estudo tem como objetivo analisar a racionalidade empregada em organizações de extensão rural, bem como os efeitos sobre a ação extensionista. Em termos metodológicos esse estudo foi caracterizado como sendo qualitativo. Fundamentado em um estudo de caso, realizado na EMATER, esse trabalho valeu-se da coleta de dados por meio de 09 entrevistas, análise documental e observação direta, sendo delineados a partir de um conjunto detalhado de categorias de análise. Em termos de análise dos resultados adotaram-se as técnicas de classificação, categorização e, essencialmente, a análise de conteúdo. Os resultados permitiram concluir que a EMATER opera, prioritariamente, com base nos pressupostos de uma racionalidade formal. Também foi possível concluir que as políticas públicas de assistência técnica e extensão rural têm influenciado consideravelmente o comportamento da EMATER, tanto do ponto de vista de sua concepção, como de sua implementação.Referências
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