Exportação de água virtual: a pegada hídrica no agronegócio do mamão produzido no Ceará

  • Sérgio Rodrigues Rocha Universidade Federal do Ceará - UFC http://orcid.org/0000-0002-6817-6307
  • Paulo Henrique Girão Duarte Universidade Federal do Ceará - UFC
  • José Nilson Bezerra Campos Universidade Federal do Ceará - UFC
  • Ticiana Marinho de Carvalho Studart Universidade Federal do Ceará - UFC
Palavras-chave: Ceará, Consumo de água do mamão, Exportação de água, Pegada hídrica

Resumo

Água virtual é o volume de recursos hídricos usado, direta e indiretamente, para a produção de mercadorias e serviços. Os altos consumos de água nas atividades agrícolas acarretam a necessidade de estimar as demandas desse recurso natural, com o fim de instituir medidas adequadas para seu manejo. A pegada hídrica (PH) é um indicador multidimensional que avalia a utilização da água doce. A PH não se refere somente à utilização direta de recursos hídricos, por um produtor ou consumidor, mas, igualmente, ao uso indireto. Este estudo quantifica e compara as PHs verde, azul, cinza e total da produção de mamão, considerando-se os 22 mais importantes municípios produtores no Ceará, de 1974 a 2016. Foram examinadas as variações no espaço geográfico cearense e características estruturais das PHs. A PH total do mamão apresenta média anual de 535,63 m3/t. A PH total foi menor no município de Aracati e maior em Tianguá. As PHs verde, azul e cinza representam, respectivamente, 17,02%, 77,06% e 5,92% da PH Total. O Ceará exportou 328,47 x 106 m3 de água virtual, embutida na cadeia produtiva do mamão, de 1997 a 2016. A análise dos arranjos espaciais dos componentes das PHs pode auxiliar na escolha, no processo de tomada de decisão, da melhor alocação da produção de mamão entre os municípios. O entendimento dos processos de trocas com águas virtuais pode aprimorar políticas públicas para a gestão de águas no Semiárido.

Biografia do Autor

Sérgio Rodrigues Rocha, Universidade Federal do Ceará - UFC
Doutorando em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza (CE), Brasil.
Paulo Henrique Girão Duarte, Universidade Federal do Ceará - UFC
Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza (CE), Brasil.
José Nilson Bezerra Campos, Universidade Federal do Ceará - UFC
Doutor em Engenharia Civil. Professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental (DEHA) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza (CE), Brasil.
Ticiana Marinho de Carvalho Studart, Universidade Federal do Ceará - UFC
Doutora em Engenharia Civil. Professora do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental (DEHA) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza (CE), Brasil.

Referências

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Publicado
2020-10-01
Seção
Agronegócio