MEDICALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO: INVESTIGAÇÕES ACERCA DA PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA BRASILEIRA BIBLIOGRÁFICA BRASILEIRA.

Autores

  • Laura Norat de Lima Universidade Federal do Pará
  • Maria Lúcia Chaves Lima Universidade Federal do Pará

Palavras-chave:

Medicalização, Educação, Psicologia educacional, Análise.

Resumo

Atualmente, todas as formas de agir, de se desenvolver ou (não) aprender são passíveis de um diagnóstico. O cenário apresentado é chamado por diversos/as autores/as como medicalização da educação, compreendida como um processo de transformar questões não-médicas, ou seja, de origem social, em questões médicas. Diante desse contexto, o presente estudo objetivou analisar a produção bibliográfica nacional sobre a temática da medicalização da educação. A base de dados para a busca de artigos foi a Scientific Eletronic Library Online (SciELO Brasil), utilizando-se a combinação de quatro descritores: medicalização, patologização, educação, escola. Foram encontrados 45 artigos de temas diversos, dentre os quais 13 discutem mais especificamente a medicalização relacionada à educação escolar. A análise foi conduzida pelo ano de publicação, pelas áreas de conhecimento do/as autores/as, os periódicos publicados, os campos de interesse das pesquisas, o público alvo de preocupação desses autores/as etc. Verificou-se que as produções textuais sobre o tema iniciam em 2003, tendo os maiores índices de publicações a partir de 2012. Em relação à formação dos/as autores/as, destaca-se a área de Psicologia como a responsável pela maior quantidade de profissionais que escrevem sobre o tema. Desse modo, percebe-se a ainda incipiente inserção de profissionais da Pedagogia na problematização sobre medicalização, mesmo este processo sendo tão presente no contexto educacional. De todo modo, percebe-se um crescente interesse por essa temática, promovendo críticas sobre as formas de viver e propondo um novo olhar no sentido da desmedicalizar a vida e a educação.

Biografia do Autor

Laura Norat de Lima, Universidade Federal do Pará

Graduanda do curso de Pedagogia.

Maria Lúcia Chaves Lima, Universidade Federal do Pará

Doutora em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade de São Paulo. Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará. Pesquisadora com experiência nas áreas de Psicologia Social e Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: diversidade sexual, relações de gênero, processos de medicalização da vida e e modos de subjetivação. Coordena o grupo inquietAÇÕES: arte, saúde e educação. É integrante do Núcleo de Práticas Discursivas e Produção de Sentidos da PUC-SP, membro da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) e do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade.

Referências

ALTMANN, H. Orientação sexual em uma escola: recortes de corpos e de gênero. Cadernos Pagu, v. 21, p. 281-315, 2003.

BELTRAME, M. M; BOARINI, M. L. Saúde Mental e Infância: Reflexões Sobre a Demanda Escolar de um Capsi. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 33, n. 2, p. 336-349, 2013.

CARVALHO, T. R. F; BRANT, L. C; MELO, M. B. de. Exigências de produtividade na escola e o consumo de metilfenidato. Educação e Sociedade, Campinas, v. 35, n. 127, p. 587-604, abr./jun. 2014.

COLLARES, C. A. L.; MOYSÉS, M. A. A. A Transformação do Espaço pedagógico em Espaço clínico (a patologização da educação). São Paulo: FDE, 1994. (Série Ideias, n. 23).

DECOTELLI, K. M; BOHRER, L. C. T; BICALHO, P. P. G. A Droga da obediência: Medicalização, Infância e Biopoder – Notas sobre clínica e política. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 33, n. 2, 2013.

GUARIDO, R. A Medicalização do sofrimento psíquico: considerações sobre o discurso psiquiátrico e seus efeitos na Educação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 33, n. 1, p. 151-161, jan./abr. 2007.

GUARIDO, R; VOLTOLINI, R. O que não tem remédio, remediado está?. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 25, n. 1, p. 239-263, abr. 2009.

HASHIGUTI, S. T. O Discurso médico e a Patologização da educação. Trabalho em Linguística Aplicada, Campinas, v. 48, n. 1, p. 41-51, jan./jun. 2009.

HECKERT, A. L. C.; ROCHA, M. L. da. A Maquinaria escolar e os processos de regulamentação da vida. Psicologia & Sociedade; v. 24, n. spe., p. 85-93, 2012.

MEIRA, M. E. M. Para uma crítica da Medicalização na educação. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP, v. 16, n. 1, jan./jun. 2012.

MOYSÉS, M. A. A. Fracasso escolar: uma questão médica? Cadernos CEDES, São Paulo, n.15, p. 29-31, 1985.

MOYSÉS, M. A.; COLLARES, C. A. L. O Lado escuro da Dislexia e do TDAH. In: MEIRA, M. E. M.; TLESKI, S.; FACCI, M. (Org.). Exclusão e inclusão: falsas dicotomias. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009.

NAKAMURA, M. S. et al. Desvendando a queixa escolar: um estudo no Serviço de Psicologia da Universidade Federal de Rondônia. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, v. 12, n. 2, p. 423-429, jul./dez. 2008.

SIGNOR, R. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: uma análise histórica e social. RBLA, Belo Horizonte, v. 13, n. 4, p. 1145-1166. 2013.

TOASSA, G. Sociedade Tarja Preta: uma crítica à medicalização de crianças e adolescentes. Fractal, Rev. Psicol., v. 24, n. 2, p. 429-434, maio/ago. 2012.

VARGENS, O. M. da C.; PROGIANTI, J. M. O Processo de Desmedicalização da assistência à mulher no ensino de Enfermagem. Rev. Esc. Enferm. USP, v. 38, n. 1, p. 46-50, 2004.

Downloads

Publicado

2017-12-20

Como Citar

Lima, L. N. de, & Lima, M. L. C. (2017). MEDICALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO: INVESTIGAÇÕES ACERCA DA PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA BRASILEIRA BIBLIOGRÁFICA BRASILEIRA. Revista Cesumar – Ciências Humanas E Sociais Aplicadas, 22(2), 463–477. Recuperado de https://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/revcesumar/article/view/6146

Edição

Seção

Artigos de Revisão