MEDICALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO: INVESTIGAÇÕES ACERCA DA PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA BRASILEIRA BIBLIOGRÁFICA BRASILEIRA.
Resumo
Atualmente, todas as formas de agir, de se desenvolver ou (não) aprender são passíveis de um diagnóstico. O cenário apresentado é chamado por diversos/as autores/as como medicalização da educação, compreendida como um processo de transformar questões não-médicas, ou seja, de origem social, em questões médicas. Diante desse contexto, o presente estudo objetivou analisar a produção bibliográfica nacional sobre a temática da medicalização da educação. A base de dados para a busca de artigos foi a Scientific Eletronic Library Online (SciELO Brasil), utilizando-se a combinação de quatro descritores: medicalização, patologização, educação, escola. Foram encontrados 45 artigos de temas diversos, dentre os quais 13 discutem mais especificamente a medicalização relacionada à educação escolar. A análise foi conduzida pelo ano de publicação, pelas áreas de conhecimento do/as autores/as, os periódicos publicados, os campos de interesse das pesquisas, o público alvo de preocupação desses autores/as etc. Verificou-se que as produções textuais sobre o tema iniciam em 2003, tendo os maiores índices de publicações a partir de 2012. Em relação à formação dos/as autores/as, destaca-se a área de Psicologia como a responsável pela maior quantidade de profissionais que escrevem sobre o tema. Desse modo, percebe-se a ainda incipiente inserção de profissionais da Pedagogia na problematização sobre medicalização, mesmo este processo sendo tão presente no contexto educacional. De todo modo, percebe-se um crescente interesse por essa temática, promovendo críticas sobre as formas de viver e propondo um novo olhar no sentido da desmedicalizar a vida e a educação.Referências
ALTMANN, H. Orientação sexual em uma escola: recortes de corpos e de gênero. Cadernos Pagu, v. 21, p. 281-315, 2003.
BELTRAME, M. M; BOARINI, M. L. Saúde Mental e Infância: Reflexões Sobre a Demanda Escolar de um Capsi. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 33, n. 2, p. 336-349, 2013.
CARVALHO, T. R. F; BRANT, L. C; MELO, M. B. de. Exigências de produtividade na escola e o consumo de metilfenidato. Educação e Sociedade, Campinas, v. 35, n. 127, p. 587-604, abr./jun. 2014.
COLLARES, C. A. L.; MOYSÉS, M. A. A. A Transformação do Espaço pedagógico em Espaço clínico (a patologização da educação). São Paulo: FDE, 1994. (Série Ideias, n. 23).
DECOTELLI, K. M; BOHRER, L. C. T; BICALHO, P. P. G. A Droga da obediência: Medicalização, Infância e Biopoder – Notas sobre clínica e política. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 33, n. 2, 2013.
GUARIDO, R. A Medicalização do sofrimento psíquico: considerações sobre o discurso psiquiátrico e seus efeitos na Educação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 33, n. 1, p. 151-161, jan./abr. 2007.
GUARIDO, R; VOLTOLINI, R. O que não tem remédio, remediado está?. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 25, n. 1, p. 239-263, abr. 2009.
HASHIGUTI, S. T. O Discurso médico e a Patologização da educação. Trabalho em Linguística Aplicada, Campinas, v. 48, n. 1, p. 41-51, jan./jun. 2009.
HECKERT, A. L. C.; ROCHA, M. L. da. A Maquinaria escolar e os processos de regulamentação da vida. Psicologia & Sociedade; v. 24, n. spe., p. 85-93, 2012.
MEIRA, M. E. M. Para uma crítica da Medicalização na educação. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP, v. 16, n. 1, jan./jun. 2012.
MOYSÉS, M. A. A. Fracasso escolar: uma questão médica? Cadernos CEDES, São Paulo, n.15, p. 29-31, 1985.
MOYSÉS, M. A.; COLLARES, C. A. L. O Lado escuro da Dislexia e do TDAH. In: MEIRA, M. E. M.; TLESKI, S.; FACCI, M. (Org.). Exclusão e inclusão: falsas dicotomias. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009.
NAKAMURA, M. S. et al. Desvendando a queixa escolar: um estudo no Serviço de Psicologia da Universidade Federal de Rondônia. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, v. 12, n. 2, p. 423-429, jul./dez. 2008.
SIGNOR, R. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: uma análise histórica e social. RBLA, Belo Horizonte, v. 13, n. 4, p. 1145-1166. 2013.
TOASSA, G. Sociedade Tarja Preta: uma crítica à medicalização de crianças e adolescentes. Fractal, Rev. Psicol., v. 24, n. 2, p. 429-434, maio/ago. 2012.
VARGENS, O. M. da C.; PROGIANTI, J. M. O Processo de Desmedicalização da assistência à mulher no ensino de Enfermagem. Rev. Esc. Enferm. USP, v. 38, n. 1, p. 46-50, 2004.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizado pelo periódico é a licença Creative Commons Attribution Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. São permitidos o compartilhamento (cópia e distribuição do material em qualquer meio ou formato) e adaptação (remixar, transformar, e criar a partir do trabalho, mesmo para fins comerciais), desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.