Reflexões sobre o legado de Paulo Freire e a EPT: metodologias ativas para práticas educativas

Palavras-chave: Paulo Freire, Educação profissional, Metodologias ativas

Resumo

Propõe-se neste artigo suscitar reflexões sobre a relação dos pensamentos de Paulo Freire com a Educação Profissional Tecnológica (EPT), principalmente no que diz respeito às práticas didático-pedagógicas, de modo que, apresentam-se as metodologias ativas como práticas educativas aplicadas na EPT para uma formação integral. A metodologia incidiu à pesquisa qualitativa e refere-se a um estudo de revisão da literatura, cujo lastro teórico aporta-se nas ideias de estudiosos como Freire (1977; 2001; 2004; 2008; 2014), Delizoicov (1983; 1991; 2005), Araújo e Tavares (2003), Libâneo (2003), Guimarães (2009), Streck, Redin e Zitkoski (2010), Manfredi (2010), Frigotto e Ciavatta (2012), Bacich e Morán (2015), Acosta (2016), Bergmann e Sams (2016), Bacich e Moran (2018), Valente (2018) e Bastos (2020). Como resultado, defende-se que as bases teóricas da EPT têm relação com os ideais de uma educação libertadora, dialógica e democrática de Paulo Freire que direcionam para uma prática de ensino fundamentada na formação humana integral. Sustenta-se que as ações pedagógicas na EPT para a formação integral necessitam considerar o currículo de forma integrada, adotando o trabalho como princípio educativo, a pesquisa como princípio pedagógico, a contextualização e a problematização como princípios metodológicos. Nessa direção, destacam-se as metodologias ativas na qual o aluno assume o papel de protagonista, para uma formação consciente, social e humana, que vai ao encontro dos fundamentos histórico-ontológicos da relação trabalho-educação. Conclui-se que a EPT, ancorada nos ideais de Paulo Freire, deve ter como horizonte a consolidação de uma proposta educacional contra-hegemônica, que vincula educação e trabalho numa perspectiva humanizada.

Biografia do Autor

Camila Budim Lopes, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Porto Velho (RO), Brasil.
Mestranda em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Porto Velho (RO), Brasil.
Iza Reis Gomes, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Porto Velho (RO), Brasil.
Doutora em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Professora do Programa de Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica em Rede Nacional (IFRO), Porto Velho (RO), Brasil.

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Publicado
2022-06-30
Seção
Artigos de Revisão