Mortalidade masculina por causas externas em três agregados ecológicos (Brasil, Mato Grosso do Sul e Campo Grande), 2010 a 2019: implicações de classe, raça e gênero no perfil epidemiológico e suas tendências

Male mortality from external causes and its trend in three ecological clusters, 2010 to 2019: implications of schooling, race, and gender on the epidemiological profile and trends

Palavras-chave: Mortalidade, Saúde do Homem, Causas externas

Resumo

Este estudo descreve o perfil e a tendência de mortalidade masculina por causas externas em três agregados ecológicos. Trata-se de estudo descritivo de séries temporais com dados do município de Campo Grande (CG), do estado de Mato Grosso do Sul (MS) e do Brasil, de 2010 a 2019. Os números de óbitos e de habitantes para cada agregado foram recuperados do DATASUS. De 2010 a 2014, o estado de MS apresentou taxas mais elevadas de mortes por causas externas que passaram a ser próximas às taxas do Brasil de 2015 a 2019. Houve tendência geral de queda das taxas de mortalidade na série histórica, contudo, observou-se aumento de óbitos por lesões autoprovocadas e óbitos de indígenas e amarelos especialmente em CG. É necessário aprofundar as questões psicossociais que se interrelacionam na constituição de vulnerabilidades masculinas às causas externas e construir ações preventivas efetivas para a população masculina.

Palavras-chave: Mortalidade, Saúde do Homem, Causas externas.

 

INTRODUÇÃO

No Brasil, como em outros países da América Latina, os homens vivem aproximadamente sete anos a menos que as mulheres, estão mais vulneráveis a diversos agravos e enfermidades1-3 e aderem menos às ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, além do seu maior distanciamento e menor busca por serviços de saúde, em especial aqueles da Atenção Primária4,5. Nesse sentido, é recorrente que os homens utilizem com maior frequência os serviços de urgência e emergência, em situações de doença já manifesta e em estado já avançado, muitas vezes levados por uma mulher3-5. Por isso, estudos apontam a necessidade de considerar as implicações de variáveis psicossociais nas análises dos determinantes de adoecimento e mortalidade da população masculina1-3,6.

Esse cenário da saúde do homem chama atenção para as barreiras culturais e institucionais que inviabilizam a vinculação dos homens aos serviços de saúde e às práticas de autocuidado5-8, devendo-se levar em consideração as implicações dos modos como os homens ainda são socializados, que refletem os diferentes sentidos culturalmente atribuídos e difundidos sobre ser “homem de verdade”9,10. Na sociedade machista e patriarcal brasileira, os homens ainda são percebidos como hierarquicamente superiores às mulheres e supostamente dotados de natureza viril, cuja força física, coragem e sentimentos de invulnerabilidade se expressam como atributos biológicos essenciais e permanentes3,10.

Nessa vertente, em alguns contextos brasileiros, desde tenra idade, os homens lidam com a pressão social para comprovar a sua virilidade, frequentemente pela exposição dos meninos a diversas situações de risco, nas quais devem, a qualquer custo, defender a sua honra e atestar, frente aos demais, a sua masculinidade3,9-12. Esse cenário também aponta para a necessidade de se reflexão sobre os sentidos, culturalmente atribuídos ao ser homem9,10. Nessa perspectiva, para além da dimensão anatômica e biológica, é possível caracterizar a masculinidade enquanto um conjunto de estereótipos e práticas sociais que refletem expectativas culturais sobre os homens, os quais são estimulados, durante o processo de socialização, a assumir comportamentos considerados como masculinos, sobretudo, práticas de poder e violência, mas também de produtividade, provisão material e segurança, favorecendo exposição desses sujeitos ao risco3,12.

No Brasil, as causas externas, especialmente os homicídios, os acidentes de trânsito e os suicídios, são a principal causa de incapacidade, internação e morte, comprometendo o bem-estar e a qualidade de vida, além de reduzir a expectativa de vida dos homens1,13,14. A morbimortalidade masculina por causas externas, portanto, é considerada um dos principais problemas de Saúde Pública, sendo mais expressiva nas capitais e nos grandes centros urbanos15-17, mas também presente em contextos rurais e indígenas18.

Raça/etnia, geração e classe social são marcadores que tornam as estatísticas de mortalidade masculina mais expressivas, indicando grupos de homens mais suscetíveis às causas externas14. Estudos constataram maior vulnerabilidade às causas externas dos homens jovens, negros e pobres, chegando a ser quatro vezes maior19, em alguns contextos, quando comparada aos homens adultos/idosos, brancos e de maior poder aquisitivo. Por exemplo, Araújo et al.20 evidenciaram que a população negra de Salvador morre devido a causas externas em idade mais precoce e perde 12,2 anos potenciais de vida a mais em relação às pessoas brancas do mesmo contexto. Isso indica a necessidade de construção de análises que levem em conta as interseccionalidades desses marcadores na determinação das vulnerabilidades masculinas às causas externas de adoecimento e morte21-24.

Apesar de a população masculina ser mais afetada pelas causas externas, a produção científica brasileira, assim como as ações voltadas para a Saúde do Homem, além de incipientes, ainda estão voltadas para enfermidades relacionadas ao sistema genital e urológico, câncer da próstata e disfunção erétil25,26, sendo imperioso que, junto ao recorte de gênero, se avaliem múltiplos fatores que se somam para construir contextos de maior vulnerabilidade masculina, de modo a definir propostas de políticas, programas e ações voltadas para o enfrentamento das causas externas, em especial, os homicídios, os acidentes de trânsito e suicídios25,26. Ademais, são necessárias abordagens analíticas além das quantitativas e que se debrucem sobre a questão para a compreensão das implicações de gênero, em especial do processo de construção social das masculinidades, na produção de morbimortalidade por causas externas na população masculina27.

Assim, esse estudo tem como objetivo descrever a tendência e o perfil epidemiológico de mortalidade masculina por causas externas em três agregados ecológicos (Campo Grande, Mato Grosso do Sul e Brasil), no período entre 2010 a 2019, discutindo as. implicações de escolaridade, raça e gênero no perfil epidemiológico e suas tendências.

 

MÉTODOS

Trata-se de um estudo observacional retrospectivo, no qual realizou-se uma descrição quantitativa de séries temporais da mortalidade masculina por causas externas em três agregados ecológicos no período de 2010 a 2019. Os agregados comparados foram o Brasil, o estado de Mato Grosso do Sul e sua capital, município de Campo Grande. Os números de óbitos por causas externas (capítulo XX da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - CID 10 - 10ª Revisão) bem como os números de habitantes por ano para cada unidade ecológica foram recuperados do DATASUS28.

Foram calculadas taxas de mortalidade brutas e padronizadas por idade (faixas etárias) por ano para cada 100.000 habitantes utilizando o método direto com base na população brasileira correspondente obtida no censo de 2010. Foi aplicado o método standard no pacote PHEindicatormethods. Nas análises, não foram incluídos os óbitos com idade ou raça/cor ou escolaridade ignorada. Amarelos e indígenas foram agrupados devido às suas baixas frequências absolutas. Para a comparação entre os três agregados, utilizamos as características raça/cor de pele, escolaridade e os Grande Grupos da CID-10 das Causas externas.

Para verificar tendência de crescimento ou decrescimento das taxas no período em análise, a variação das taxas brutas e padronizadas de mortalidade por causas externas nos dez anos em estudo foi avaliada por regressão linear simples em função dos anos em estudo, assumindo nível de significância de 5%. Foi utilizada a estatística de teste F para comparar o modelo sem preditores (somente com o intercepto das taxas de mortalidade) com o modelo contendo os anos em análise. A hipótese nula é a de que os ajustes dos modelos sem as variáveis independentes (somente com o intercepto) e com as variáveis independentes são iguais. Via de regra, se o p-valor do teste F de teste de significância global for menor que o nível de significância estipulado, rejeita-se a hipótese nula.

O valor de R-quadrado ajustado ou modificado (R²) foi utilizado para estimar a extensão da variância das taxas de mortalidade que pode ser explicada pela variável ano. Este teste leva em conta apenas o impacto das variáveis independentes com efeito estatisticamente significativo sobre a variável dependente. O valor do R² varia de 0 a 1 e quanto maior, melhor é o ajuste da equação de regressão, indicando que a variável independente incluída no modelo é boa candidata para determinar a variação na variável dependente.

 

RESULTADOS

No período em análise, ocorreram no Brasil 1.242.443 (100,0%) óbitos masculinos por causas externas, das quais 16.623 (1,34%) no estado de Mato Grosso do Sul e 4.292 (0,35%) no município de Campo Grande. De 2010 a 2014, o estado de Mato Grosso do Sul apresentou taxas mais elevadas, que passaram a ser próximas às taxas do Brasil de 2015 a 2019.

Os modelos de regressão linear indicam que houve tendência geral de queda das taxas de mortalidade padronizadas no período analisado (Tabela 1) para os agregados Campo Grande (p-valor <0,001) e Mato Grosso do Sul (p-valor <0,0001), passando de 139,63/100 mil para 105,38/100 mil em Mato Grosso do Sul e de 115,39/100 mil para 86,30/100 mil no município de Campo Grande. A tendência de queda para o Brasil foi estatisticamente limítrofe (p-valor 0,054), passando de 122,32/100 mil para 106,19/100 mil (Figura 1).

Observando a faixa etária mais afetada, a de 20 a 29 anos, nota-se que para cada 100 mil homens, essa faixa etária respondia por 196,92 óbitos em 2010 e passou a responder por 108,13 óbitos em 2019 no município de Campo Grande. No estado de Mato Grosso do Sul, respondia por 212,89 óbitos em 2010 e caiu para 136,87 óbitos em 2019, enquanto que no Brasil como um todo, essa faixa etária respondia por 197,53 óbitos em 2010 e passou a responder por 168,16 óbitos por causas externas para cada 100 mil homens em 2019.

É importante pontuar que a mortalidade de homens no estado de Mato Grosso do Sul teve índices superiores à média do Brasil até o ano de 2015, quando se estabilizou pouco abaixo da média nacional. A partir do ano de 2015 houve redução do número de óbitos em todos os três agregados ecológicos.

PERFIL DE MORTALIDADE POR GRANDES GRUPOS DE CAUSA DA CID-10

A Figura 2 mostra que os acidentes de transporte foram as principais causas externas de óbitos no município de Campo Grande e no estado de Mato Grosso do Sul no período em estudo, seguidas de agressões. Já no Brasil, de 2010 a 2019, as agressões foram o nexo causal predominante entre as causas externas, seguidas pelos acidentes de transporte. Outras causas externas de lesões acidentais representaram a terceira maior contribuição com óbitos por causas externas, indicando a necessidade de se detalhar esse grande grupo de causas externas da CID-10.

No início do período em análise, os acidentes de transporte, mesmo mantendo a maior contribuição como causas externas de óbitos, registraram queda proporcional no período, ao passar de 39,25% em 2010 para 29,08% em 2019, no município de Campo Grande e de 36,83% em 2010 para 33,49% em 2019 no estado de Mato Grosso do Sul.

Observamos aumento importante da proporção de óbitos por lesões autoprovocadas voluntariamente no município de Campo Grande, passando de 7,02% em 2010 para 17,86% em 2019, aumento de 154,42% no período. A redução mais importante foi a da proporção de óbitos por agressões, de 34,21% em 2010 para 19,90% em 2019. Já no estado de Mato Grosso do Sul, a proporção de óbitos por lesões autoprovocadas voluntariamente passou de 8,67% em 2010 para 13,62% em 2019 e houve redução na proporção de óbitos por agressões, de 33,31% para 26,64%, em 2010 e 2019, respectivamente. No Brasil como um todo, predominaram as agressões, as quais oscilaram de 40,40% em 2010 a 35,15% em 2019, com queda importante também na proporção de óbitos por acidentes de transporte, de 30,32% em 2010 para 23,83% em 2019. Registrou-se aumento da proporção de óbitos por lesões autoprovocadas voluntariamente, que aumentaram de 6,24% em 2010 para 9,26% em 2019 e de eventos cuja intenção é indeterminada, que foram de 6,14% em 2010 para 11,20% em 2019.

PERFIL DE MORTALIDADE SEGUNDO FAIXA ETÁRIA

As faixas etárias que mais contribuíram com proporção de óbitos por causas externas no período em análise foram de 20 a 29 anos e de 30 a 39 anos, nos três agregados em análise. Observa-se padrão semelhante de óbitos proporcionais por faixas etárias entre o Brasil, Mato Grosso do Sul e município de Campo Grande, embora a contribuição da faixa etária de 20 a 29 anos seja mais expressiva quando se olha para o Brasil isoladamente, como se pode notar na Figura 3.

Em Campo Grande, as faixas etárias mais altas, 80 e mais anos, 70 a 79 anos, 60 a 69 anos e 50 a 59 anos, registraram ligeiro aumento nas proporções de óbitos por causas externas, especialmente a partir da metade da série histórica em estudo (ano de 2015). Por exemplo, a faixa etária de 80 e mais anos, passou de 4,19% em 2010 para 7,40% em 2019, aumento de 76,61% no período. As faixas etárias de 70 a 79 anos, de 60 a 69 anos e de 50 a 59 anos, passaram de 3,08% para 5,87%, de 3,74% para 9,18% e de 9,91% para 12,24%, respectivamente de 2010 para 2019.

PERFIL DE MORTALIDADE POR RAÇA/COR DE PELE

No período de 2010 a 2019, os óbitos por raça/cor de pele apresentam sobreposição do padrão nas três esferas geográficas analisadas, com exceção dos indígenas e amarelos que, juntos, contribuíram maior proporção de óbitos por causas externas no estado de Mato Grosso do Sul, 5,55% em 2010 e 7,13% em 2019. Observou-se no estado redução na proporção de óbitos de pessoas brancas, de 40,01% em 2010 para 34,13% em 2019, enquanto a proporção de pardos registrou aumento de 49,67% em 2010 para 54,47% em 2019 (Figura 4).

Destaca-se que, no município de Campo Grande, os pardos, isoladamente, contribuíram com mais da metade da proporção dos óbitos por causas externas na série temporal em análise, isto é, 59,16% em 2010 e 57,40% em 2019. Os indígenas e amarelos juntos, que contribuíram com 0,66% em 2010, passaram a responder por 2,30% da proporção dos óbitos por causas externas em 2019. Ao se olhar para os dados do Brasil como um todo, os indígenas e amarelos foram afetados por 0,54% e por 0,73% da proporção dos óbitos por causas externas em 2010 e em 2019, respectivamente. Para os pardos, a proporção aumentou de 53,47% em 2010 para 57,96% em 2019, ao passo que entre os brancos houve redução de 38,75% para 33,97% nos mesmos anos.

PERFIL DE MORTALIDADE SEGUNDO ESCOLARIDADE

A mortalidade segundo a escolaridade apresenta sobreposição do padrão nas três esferas geográficas analisadas, com maior proporção de óbitos de homens com 8 a 11 anos de estudos. A exceção são os homens com de 1 a 3 anos de estudo formal que no município de Campo Grande e no estado de Mato Grosso do Sul apresentaram proporções inferiores à média nacional. (Figura 5).

Observou-se que a maioria da proporção das mortes por causas externas ocorreu entre homens com 4 a 11 anos de escolaridade, tanto no município de Campo Grande como no Estado de Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande, chamam atenção as proporções de óbitos de homens com escolaridade igual ou superior a 12 anosa qual estiveram acima das médias do estado e das médias nacionais em todo o período analisado.

 

DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo apontam as vulnerabilidades de homens às causas externas, especialmente ao suicídio, homicídios e acidentes além de diferenças que indicam grupos de homens mais suscetíveis a esses agravos, isto é, homens jovens, pardos, amarelos e indígenas, sendo, portanto, fundamental que as políticas de saúde do homem considerem os determinantes sociais dessas vulnerabilidades masculinas. Os achados corroboram com outros estudos nacionais e latino-americanos que apontam as causas externas como as principais implicadas no adoecimento, internação e morte masculinas, exigindo a construção de estratégias de promoção e prevenção em saúde que valorizem os processos de construção sociocultural das masculinidades e, consequentemente, os seus efeitos na saúde dos diferentes segmentos de homens2,8,13-15.

A suscetibilidade masculina às causas externas constitui fenômeno complexo e multideterminado, influenciado por aspectos sociais e culturais, especialmente a socialização e os modos de vida dos homens3, conformando um modelo de masculinidade ainda difundido na mídia e nas instituições sociais (famílias, igrejas, trabalho, escola)9-11. Apesar de avanços e mudanças nas relações de gênero, ainda persiste um modelo de masculinidade hegemônica, alicerçado na associação da força, da bravura e da coragem como sinônimos de virilidade, contribuindo para que os homens se envolvam em situações de violências, de vulnerabilidades e de riscos aumentados que passam pela fraca ou nenhuma adoção de medidas de prevenção de agravos e de autocuidado com a saúde9-11.

Diversos estudos chamam a atenção para a centralidade da violência nos processos de construção das identidades masculinas9,11,29. O processo de socialização masculina vem sendo indicado na literatura como um importante elemento para compreensão do maior número de internações e mortes masculinas devido a situações de violência14,30. Desse modo, os achados do presente estudo corroboram com a literatura científica que aponta para os impactos das violências na saúde dos homens, resultando em prejuízos para esse grupo, incluindo incapacidades, internações e mortes que, além de evitáveis, resultam em anos de vida perdidos14,16,30.

A tendência de mortalidade masculina por idade segue um padrão nacional de altas proporções de mortes entre homens na faixa de 20 a 39 anos8,12,13. Contudo, é importante ressaltar o aumento de óbitos entre pessoas idosas que, em parte, pode ser explicado pelo fenômeno de transição demográfica, caracterizada pelo aumento da população de 50 a 79 anos no país31. Note-se que entre 2010 e 2019, a população dessa faixa etária cresceu 27,05% no município de Campo Grande e 25,59% no estado de Mato Grosso do Sul31.

As mortes violentas, por agressões físicas, armas de fogo, entre outros, embora tenham apresentado queda no período estudado, representam a porção mais expressiva de ocorrências de óbitos masculinos nos três agregados ecológicos analisados, alinhando-se aos resultados do estudo de Moura et al.14. Deve-se destacar o aumento do de óbitos por intervenções legais e operações de guerra (Y35 e Y36) a partir do ano de 2015 no município de Campo Grande, o que sugere aumento de violência policial, que afeta populações mais vulneráveis, como a população negra, pobre, periférica e com baixa escolarização20,21. De forma injusta, essas intervenções abreviam a vida de muitos homens, pois trata-se de mortes evitáveis, infligem dor e sofrimento a famílias e comunidades e oneram o sistema de saúde32.

No recorte racial e de classe social, estudos apontam maior vulnerabilidade dos jovens negros e pobres, cuja taxa de mortalidade chegam a ser quatro vezes superior à de homens brancos e com maior poder aquisitivo21-24. No presente estudo, os pardos sozinhos são a maioria das vítimas de causas externas em todos os agregados ecológicos e em todo o período analisado. As proporções de mortes por causas externas de brancos, amarelos e indígenas juntas não ultrapassam as dos pardos, mesmo sem agregar estes aos pretos, o que torna imprescindível pensar nos efeitos do racismo e das desigualdades sociorraciais na determinação da mortalidade masculina24.

Também neste contexto, um dado alarmante é o aumento de 348,48% no número de óbitos de indígenas/amarelos na cidade de Campo Grande, especialmente quando se considera o fato do estado de Mato Grosso do Sul concentrar a segunda maior população indígena do país31. Além disso, a cidade de Campo Grande é a quarta cidade do estado com o maior número de indígenas residentes, ampliando a necessidade das análises e ações de saúde levarem em conta os aspectos étnicos31. Os povos originários do estado são sistematicamente excluídos e sofrem com acúmulo de desvantagens, apresentando índices mais elevados de mortes por causas externas, doenças infecciosas, doenças do aparelho respiratório e, especialmente, o suicídio18,33.

No tocante ao suicídio entre indígenas, a cosmovisão e ritualística, a luta pelo enfrentamento pelo direito ao território e a maneira vilipendiada com que eles são tratados, constituem-se como causas para que a população indígena cometa suicídio33. O direito ao território é essencial para a manutenção de sua saúde e da manutenção de sua cultura e espiritualidade, portanto ignorar a importância da luta pela terra é perder de vista um fator de suma importância para a constituição dos povos originários33. A inserção marginal desses grupos na economia e a crescente violência contra os povos originários e suas reservas, bem como a não demarcação de terras, são apontados, na literatura como fatores geradores de sofrimento33.

Também chama atenção, no presente estudo, o grande número de óbitos masculinos, por causas externas, entre homens com escolaridade. Esses dados, sobretudo os do município de Campo Grande, destoam da literatura científica que vem identificando maiores índices de violências entre homens com menor escolaridade2,12. Esses dados parecem indicar que o envolvimento masculino em situações de violências não se refere à falta de informações, exigindo a inclusão de novas variáveis sociais que possibilitem uma análise mais ampla desse fenômeno. Desse modo, faz-se necessário considerar aspectos históricos, políticos e culturais na determinação das violências, sobretudo em um contexto marcado pelo patriarcado e machismo, enquanto estruturantes das relações entre homens e mulheres, e dos homens com outros homens29.

Considerando esse cenário, marcado por um número relevante de óbitos masculinos por causas externas e, portanto, evitáveis, muitos são os desafios encontrados para a efetivação da PNAISH, a qual vem sendo apontada como uma política pública capaz de contribuir para ações que incentivem os homens a modificarem a maneira como se enxergam, valorizam e cuidam das suas necessidades em saúde34,35. Em uma pesquisa realizada em 2009, ano de lançamento da PNAISH, constatou-se a dificuldade dos homens usuários do SUS em reconhecerem as suas necessidades em saúde34. Isso porque, em seus discursos, eles apontaram não se reconhecerem como sujeitos alvos de cuidados e que chegaram a interpretar a criação de uma política específica para eles como um preconceito34.

Assim, os dados revelam a necessidade de construção de ações preventivas voltadas à população masculina, considerando os determinantes sociais e abordando a temática das causas externas que, frequentemente, não são incluídas, pelas equipes e gestores, nas discussões em Saúde do Homem7,25,32. Por fim, é válido ressaltar um questionamento acerca de como tem sido a efetivação da PNAISH ao longo desses mais de 10 anos de existência da política. A literatura vem apontando a necessidade de fortalecimento das ações de promoção, prevenção e educação popular em saúde, construídas com a participação ativa de homens, favorecendo o protagonismo desse grupo em sua busca pelo seu direito social à saúde32. Tais ações devem ser desenvolvidas junto à oferta de espaços de formação e educação permanente para os profissionais de saúde, de modo a propiciar a compreensão da PNAISH, assim como as particularidades envoltas na prestação de assistência à saúde dos homens32.

 

CONCLUSÃO

No presente estudo, apesar de ter sido observada, na série histórica analisada, uma tendência geral de queda das taxas de mortalidade masculina por causas externas, os dados também evidenciam um aumento significativo de óbitos por lesões autoprovocadas, sobretudo na capital sul-mato-grossense. Os resultados apontam que, no período investigado, o estado de MS apresentou taxas mais elevadas de mortes masculinas por causas externas, as quais passaram a ser próximas às mesmas taxas do Brasil, no período de 2015 a 2019. Além disso, apesar de ter sido observada uma tendência geral de queda das taxas de mortalidade na série histórica, contatou-se aumento de óbitos por lesões autoprovocadas e óbitos de indígenas e amarelos, especialmente em Campo Grande, MS.

A análise dos resultados indica a importância de uma compreensão integral sobre o fenômeno da mortalidade de homens brasileiros, especialmente no tocante às causas externas, uma vez que os dados corroboram com outros estudos que constatam que os homens continuam sendo vitimados, em maior número, por mortes violentas, acidentes e suicídios.  Conforme apontado anteriormente, embora as causas externas se configurem como a principal causa de adoecimento e morte dos homens brasileiros, a discussão sobre o tema, na literatura científica nacional, assim como o delineamento de intervenções que previnam os homicídios, acidentes e suicídios masculinos, ainda mostram-se incipientes, exigindo a produção constante de estudos sobre o assunto, em diferentes perspectivas teóricas e metodológicas.

Também é preciso reconhecer que os dados aqui apresentados se limitaram à análise das informações disponíveis no DATASUS que, apesar da sua importância na construção de dados em saúde, também dependem do preenchimento correto dos profissionais de saúde. Desse modo, novos estudos poderão ser realizados, considerando a utilização de novas estratégias metodológicas, como por exemplo, a análise das Fichas de Notificação de Violências, dos prontuários e, sobretudo, a escuta dos profissionais, gestores e dos próprios homens e suas famílias, ampliando o debate e a reflexão sobre o tema.

Por fim, é importante destacar que os resultados da presente investigação se tornam ainda mais relevantes ao analisar informações de um estado da região Centro-Oeste do país, marcada por singularidades e demandas de saúde locais, nem sempre problematizadas na literatura científica. Ao mesmo tempo, por se tratar de um estudo realizado numa capital brasileira, espera-se que os resultados possam contribuir para reflexões sobre a temática da saúde masculina tanto nessa região, assim como em outras capitais e grandes centros urbanos do país, subsidiando o delineamento de ações, programas e políticas de saúde locais e regionais.

 

AGRADECIMENTO

Os autores agradecem o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Portaria UFMS 141/2020.

Biografia do Autor

Alberto Mesaque Martins, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Psicólogo, Especialista em Psicologia da Saúde, Mestre e Doutor em Psicologia. Professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e docente do Programa de Pós-Graduação (Mestrado) em Psicologia da UFMS.
Gabriel Recalde Dal Vesco, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Acadêmico de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Bolsista do Programa de Iniciação Científica - CNPq
João César Anes Dutra, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Acadêmico de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Bolsista do Programa de Iniciação Científica UFMS
Rhayane Maria Medeiros Ribeiro do Carmo, Prefeitura Municipal de Contagem
Psicóloga, Residência Multiprofissional em Saúde Mental. Psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial da Prefeitura Municipal de Contagem.
Cremildo João Baptista, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Professor Adjunto na Univesidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Doutor em Saúde Coletiva com concentração em Epidemiologia pelo Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestre em Infectologia & Medicina Tropical pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Bioética pela Universidade de Brasília/Cátedra UNESCO de Bioética (UnB). Bacharel em Enfermagem pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Tem experiência em ensino superior e em pesquisa quantitativa, em Programas/Ações de Prevenção na área de HIV/AIDS/Direitos sexuais com adolescentes e pessoas que usam drogas. Foi professor na Universidade de Brasília (UnB) e nas Faculdades IESGO. Coordenou ações de Integração da Atenção Básica para a Assistência Integral à Saúde de pessoas que usam drogas em Municípios do Estado da Bahia (Projeto da Faculdade de Medicina da Bahia). Trabalhou como pesquisador na Rede de Tecnologias Limpas e Minimização de Resíduos (TECLIM) - UFBA. Foi consultor técnico no Ministério da Saúde/Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em Brasília (2015 a 2019). Tem interesse em pesquisas em HIV/AIDS e outras IST utilizando o Respondent Driven Sampling (RDS) em populações-chave. Tem projetos de pesquisa epidemiológica e de extensão universitária na área de CoVID -19.

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Publicado
2024-03-31
Seção
Artigos Originais