A evolução da mortalidade materna e o impacto da COVID-19 na Região Norte do Brasil: uma análise de 2012 a 2021

Palavras-chave: Complicações na gravidez, COVID-19, Saúde materno-infantil, SARS-CoV-2

Resumo

Analisar o comportamento da razão de mortalidade materna de 2012 a 2021, na Região Norte do Brasil. Estudo ecológico descritivo de base populacional e série temporal, de 2012 a 2021, com dados secundários da Região Norte do Brasil, disponíveis no Painel de Monitoramento de Mortalidade Materna e Nascidos Vivos. Entre 2012 e 2019, na Região Norte, a média da razão de mortalidade materna foi 72,19, mas, com a pandemia de COVID-19, elevou-se consideravelmente, sendo 92,16 em 2020 e 164 em 2021. Roraima apresentou a maior mortalidade materna na pandemia, em fevereiro de 2021 (705,65). Neste ano, o colapso do sistema de saúde do Amazonas impactou a razão de mortalidade materna, que foi 436,90 em fevereiro de 2021. A COVID-19 colaborou com o aumento da mortalidade materna, evidenciando desigualdades interestaduais e vulnerabilidades na assistência pré-natal, na infraestrutura hospitalar e socioeconômica da Região Norte, especialmente em Roraima e Amazonas.

Biografia do Autor

Juliana Vianna Gonzalez Pazos, Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Acadêmica do 6º semestre de medicina na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus (AM), Brasil.
Janaína de Oliveira e Castro, Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Secretaria Estadual de Saúde, Amazonas, Brasil.
Rosana Pimentel Correia Moysés, Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil.
Fernanda Nogueira Barbosa Lopes, Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Amazonas
Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Amazonas, Manaus (AM), Brasil.
Breno de Oliveira Ferreira, Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brasil

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Publicado
2023-06-30
Seção
Artigos Originais