Equidade em saúde e acesso a vacinas: reflexões sobre a distribuição de imunizantes para indivíduos privados de liberdade durante a pandemia de COVID-19

Equity in health and access to vaccination: reflections about the distribution of vaccines to individuals deprived of liberty during the COVID-19 pandemic

Palavras-chave: Infecções por Coronavírus, Vacinação, Prisões, Mídias sociais

Resumo

Objetivo: Analisar os conteúdos sobre acesso e alocação de vacinas contra a COVID-19 para indivíduos privados de liberdade (IPL), veiculados nas plataformas de mídia social, no período de 2020-2023, descrevendo-os e discutindo as interfaces existentes entre os materiais publicados e a equidade em saúde. Metodologia: Para atingir esse objetivo, utilizamos uma abordagem qualitativa com base nos preceitos metodológicos da netnografia. Além disso, empregamos o método de análise de conteúdo proposto por Bardin. Resultados: Durante a análise, emergiram duas categorias principais. A primeira, denominada “Saúde do indivíduo privado de liberdade”; foi dividida em duas subcategorias: "O presídio enquanto epicentro de doenças infectocontagiosas como a COVID-19" e "Responsabilidade civil do Estado diante da saúde do indivíduo privado de liberdade". A segunda categoria, “A saúde é mesmo universal?”, foi subdividida em "Iniquidades no acesso aos serviços de saúde" e, em menor grau, "Saúde como um direito de todos". Ambas as categorias temáticas contribuem para a compreensão da disponibilidade da vacinação contra a COVID-19 para os IPL, considerando as perspectivas de especialistas da área e da população em geral. Conclusão: Este estudo ressalta a importância da divulgação científica para a discussão de questões polarizadas em nossa sociedade, especialmente aquelas relacionadas ao atendimento à saúde em ambientes prisionais. Ao explorar as percepções e discussões presentes nas plataformas de mídia social, buscamos ampliar o entendimento e promover um diálogo mais inclusivo sobre a saúde de indivíduos privados de liberdade, particularmente no contexto da pandemia de COVID-19.

Palavras-chave: Infecções por Coronavírus; Mídias sociais; Prisões; Vacinação.

 

INTRODUÇÃO

Em janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS), logo após o isolamento do novo coronavírus (SARS-CoV-2), agente etiológico da COVID-19, declarou emergência de saúde pública de interesse internacional. Tal fato permitiu a vivência de um quadro sanitário nunca imaginado e fez com que todas as esferas da sociedade almejassem o desenvolvimento de imunobiológicos1,2.

Nesse contexto, o desenvolvimento de vacinas contra a COVID-19 progrediu em ritmo acelerado e sem precedentes, tendo em vista os investimentos financeiros e tecnológicos e a urgência em saúde pública1,3. Dado o avanço científico e biotecnológico na produção de imunizantes, além das vacinas já licenciadas até o momento, há registros de estudos com 183 vacinas em fase de avaliação clínica, e 199 vacinas encontram-se em fase de avaliação pré-clínica4.

Ao se observar o contexto pandêmico, nota-se que veículos midiáticos, tal como mídias jornalísticas e meios de comunicação virtual, têm representado importantes fontes de informação ou desinformação (fenômeno também conhecido como “infodemia”)5.

Mesmo que haja enorme progresso em relação aos imunobiológicos contra a COVID-19, ainda hoje existem desafios multifacetados para os gestores governamentais e classe científica de todo o mundo4. Dentre os obstáculos, destaca-se o quantitativo insuficiente de insumos e recursos humanos, hesitação à vacina, infodemia, problemas de acessibilidade, questionamentos acerca da resposta vacinal e, de forma mais preocupante, a baixa procura pelos serviços de saúde, acarretando uma baixa cobertura vacinal3,5.

A isso, somam-se discussões relacionadas a valores e considerações éticas sobre os critérios para acesso e alocação das vacinas entre os grupos prioritários à medida que elas se tornam disponíveis, particularmente no momento no qual a vacina foi aprovada, quando a oferta era extremamente limitada6.

Os modelos matemáticos evidenciam que, para a alocação de vacinas, deve-se considerar a incidência cumulativa da infecção, taxa de mortalidade e anos de vida perdidos, bem como capacidade de acesso e manutenção da cadeia de abastecimento dos imunobiológicos7. Em detrimento dos modelos matemáticos, como forma de garantir o acesso equitativo às vacinas, o secretariado da OMS definiu rigorosamente princípios gerais com o objetivo de promover o acesso e a distribuição equitativa de produtos de saúde essenciais contra a COVID-19, com base na equidade e na justiça.

 Nessa conjuntura, grupos marginalizados e excluídos da sociedade, mas que vivem em epicentros de infecções respiratórias, como os indivíduos privados de liberdade (IPL)2,3,8, foram considerados grupos prioritários9. Tal conduta, associada a decisões político-partidárias e ideológicas, contribuiu para que a infodemia se espalhasse ainda mais rapidamente do que a própria pandemia10. Vários estudos mostram que a tecnologia e as plataformas de mídia social permitiram aos líderes e cientistas alcançar as pessoas diretamente com informações importantes durante a pandemia, mas, ao mesmo tempo, atraíram críticas por propagar desinformação e excluir a comunicação de saúde pública11,12,13,14.

No Brasil e no mundo, conforme a pandemia avança, ela expõe o conhecimento limitado e desafio social e ético para os cientistas, membros dos diferentes órgãos governamentais, agências de saúde e da sociedade em geral sobre o potencial impacto dessas plataformas na saúde12. Destarte, estudos netnográficos têm sido recomendados para mitigação do impacto da infodemia em todo o mundo, independentemente do contexto de saúde11,13,14.

Embora tenha aumentado esse delineamento de pesquisa, para amplo conhecimento existe apenas um estudo no mundo que abordou a vacinação em IPL15. Nesse sentido, a presente pesquisa se sustenta pela finalidade de preencher essa lacuna de conhecimento, contribuir para a reflexão acerca do princípio da equidade do Sistema Único de Saúde, envolvendo questões humanitárias e éticas, bem como subsidiar políticas públicas de saúde para o enfrentamento da vacinação contra a COVID-19 em unidades prisionais.

Este artigo tem o objetivo de analisar os conteúdos sobre acesso e alocação de vacinas contra a COVID-19 para indivíduos privados de liberdade, veiculados nas plataformas de mídia social, no período entre 2020-2023, descrevendo-os e discutindo as interfaces existentes entre os materiais publicados e a equidade em saúde.

 

MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal do tipo exploratório-descritivo com preceitos metodológicos da netnografia16, realizado entre os meses de março de 2020 e maio de 202317. A pesquisa foi desenvolvida com base na pergunta norteadora: “Quais as percepções que a sociedade possui sobre vacinar contra a COVID-19 os indivíduos privados de liberdade?” Ademais, devido ao caráter multifacetado do tema, optou-se pelo uso da abordagem qualitativa uma vez que possibilita aprofundar-se nos sentidos atribuídos ao objeto de estudo18.

Escolheu-se a netnografia19 por ela permitir ao pesquisador inserir-se, em tempo real, no ambiente de observação, para extrair as informações sobre o fenômeno investigado e aprofundar-se nele. Esse método caracteriza-se pela análise majoritária de textos públicos; análise a posteriori, baseada nos arquivos de comunicações salvos no ambiente virtual; observação de interações entre pessoas — e não dos indivíduos isoladamente; e análise de uma forma peculiar de interação que se desenrola no espaço público20.

Visando responder à questão norteadora, inicialmente realizou-se a identificação e mapeamento das principais plataformas de comunicação e interação virtual existentes. Em seguida, pautou-se pelas etapas do referencial de Kozinets16, a saber: reconhecimento do espaço virtual; coleta de dados; interpretação dos dados; garantia de padrões éticos; e representação da pesquisa — realizou-se a coleta de dados baseada no trabalho de campo on-line que abordava a saúde e justiça social.

A coleta de dados, por sua vez, foi efetuada mediante visitas em plataformas digitais de comunicação e interação virtual, como redes sociais, fóruns da internet, websites que abordavam a vacinação contra a COVID-19 em indivíduos privados de liberdade e no Google Trends para ver a frequência da procura pela temática. Os dados coletados foram alocados em uma tabela no Excel construída pelos próprios pesquisadores.

Para mensurar o volume de pesquisas, utilizou-se a ferramenta Google Trends, que disponibiliza dados estimados como a frequência das palavras usadas no Google. Foram pesquisados os termos de busca “covid, vacina, preso”, em português; e “vaccine, covid, prison”, em inglês. Os dados foram apresentados em gráficos e figuras.

Para o refinamento dos dados obtidos, utilizou-se também a metodologia de análise de conteúdo de Bardin18, definida como um conjunto de técnicas de análise das comunicações, por meio da pré-análise do material usando leitura flutuante e da elaboração do corpus textual, atentando fielmente para os objetivos iniciais. Posteriormente os pesquisadores exploraram o material coletado buscando as principais expressões e seus significados, principais sujeitos das falas, seleção das categorias teóricas/analíticas. Por fim, procedeu-se ao tratamento dos resultados com suas respectivas interpretações.

Desse movimento, emergiram duas categorias temáticas que dialogam com a percepção da oferta da vacinação contra a COVID-19 para os IPL sob a ótica de especialistas da área e da população em geral. A primeira categoria, “Saúde do indivíduo privado de liberdade”, foi dividida em “O presídio enquanto epicentro de doenças infectocontagiosas como a COVID-19” e “Responsabilidade civil do Estado diante da saúde do indivíduo privado de liberdade”. Já a segunda categoria, “A saúde é mesmo universal?” dividiu-se em “Iniquidades no acesso aos serviços de saúde” e, timidamente, “Saúde como um direito de todos”.

As falas coletadas foram agrupadas em dois quadros, sendo utilizada a letra “E” para identificação dos especialistas e a “P” para a população em geral, seguidas pelas respectivas formações.

A pesquisa está inserida no projeto intitulado “Avaliação da vulnerabilidade social e de saúde dos indivíduos privados de liberdade e trabalhadores do Sistema Prisional do Estado de Goiás”, um estudo multicêntrico. Foi aprovado sob CAAE nº 80757617.9.1001.5078, com parecer nº 2.500.582 do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás.

 

RESULTADOS

Relevante revisão da literatura mostra que, há décadas, a capacidade exponencial das plataformas de mídia social para disseminação de informações tem sido estrategicamente utilizada com impacto positivo na saúde pública20.

No contexto pandêmico e de busca por notícias de forma rápida, as redes sociais e as mídias jornalísticas representaram uma das principais ferramentas utilizadas pela sociedade atrás de informações. Todavia, essa busca incessante cooperou para o fomento da infodemia, que tanto prejudicou (e ainda compromete) o enfrentamento da COVID-19 e de outras doenças imunopreveníveis5,20.

Nesse sentido, avaliações das visitas e comunicações em websites de notícias e de interação virtual representam um importante termômetro para a construção e avaliação de políticas públicas, pois contêm o potencial de abarcar as especificidades de maior interesse das discussões assertivas, visando minimizar a infodemia.

Os achados apresentados no Gráfico 1 são essenciais uma vez que evidenciam globalmente que os picos de busca pelo tema “vaccine, covid, prison” foram exatamente no período em que a OMS divulgou os grupos prioritários para alocação nas primeiras fases da vacinação, entre os quais os IPL estavam incluídos, bem como no momento no qual cada país pôde determinar seu calendário vacinal com a aprovação das vacinas de uso emergencial3,4.

 

Gráfico 1. Frequência de busca do termo “vaccine covid prison” em todo o mundo entre os meses de março de 2020 e maio de 2023. Goiânia, Brasil

 

Na Figura 1, verifica-se que os países com maior busca pelo tema foram justamente os pioneiros na disponibilização da vacina para a população em geral, o que permite inferir a preocupação da sociedade no processo de imunização nas unidades penitenciárias3,4. Contudo, quando se faz associação entre transmissibilidade e patogenicidade da infecção, observa-se que grupos marginalizados, com baixo acesso a serviços de saúde e em condições sanitárias degradantes, têm maior probabilidade de infectar-se. Isso corrobora a necessidade de incentivo à ampla vacinação, para que os grupos vulneráveis, como os privados de liberdade, sejam imunizados o mais precocemente possível, dado o contexto social e de vulnerabilidade programática em que estão inseridos.

Figura 1. Frequência de busca do termo “vaccine covid prison” por região em todo planeta entre os meses de de março de 2020 e maio de 2023. Goiânia, Brasil

 

 

No Brasil, tal como no mundo, a maior tendência de busca também ocorreu quando foram divulgados os grupos prioritários para a vacinação e ampliação dos imunobiológicos para uso emergencial — aqui isso foi feito pelo Ministério da Saúde6. Todavia, mundialmente, a busca por informações continua consistente, diferentemente do Brasil, onde se verifica uma queda abrupta, com um quantitativo de busca expressivamente inferior a partir de março de 2021 e após abril de 2022 (Gráfico 2).

 

Gráfico 2. Frequência de busca do termo “covid vacina preso” no Brasil entre os meses de março de 2020 e maio de 2023. Goiânia, Brasil

 

A primeira queda pode estar relacionada à recusa do Ministério da Saúde em alocar os IPL nos grupos prioritários para imunização e à ampla divulgação dos governantes de que esse segmento populacional estaria dentre os últimos grupos a serem vacinados no país. Já a segunda queda nas buscas muito provavelmente se deve à ampla oferta e baixa procura pela vacinação no país6.

A busca de informações pela população em geral esteve diretamente associada ao aumento das discussões e publicações realizadas pela classe científica. Todavia, enquanto os pesquisadores se posicionavam com argumentos focados nos dados de morbimortalidade, semana epidemiológica e perfil de vulnerabilidade da população em privação de liberdade20, a sociedade centrou suas narrativas em ideias preconcebidas21, inclusive com a violação dos direitos humanos e com posturas de cunho criminal.

Houve uma vasta narrativa nos websites de notícias mais conceituados nos meios de comunicação e interação virtual, com postagens contendo mais de uma centena de comentários; entretanto, de forma geral, elas apresentavam grande similaridade. Destarte, desse arcabouço de informações, emergiram as categorias temáticas com foco na opinião dos especialistas e da sociedade, conforme observado nos Quadros 1 e 2, respectivamente.

A primeira categoria, “Saúde do indivíduo privado de liberdade”, foi dividida em “O presídio enquanto epicentro de doenças infectocontagiosas como a COVID-19” e “Responsabilidade civil do Estado diante da saúde do indivíduo privado de liberdade” (Quadro 1). Já a segunda categoria, “A saúde é mesmo universal?”, dividiu-se em “Iniquidades no acesso aos serviços de saúde” e, timidamente, “Saúde como um direito de todos” (Quadro 2).

 

QUADRO 1. Opinião dos Especialistas em Saúde e Segurança Pública sobre a vacinação dos privados de liberdade contra a COVID-19, divulgados em websites de notícias e páginas de interação virtual entre os meses de março de 2020 e maio de 2023. Goiânia, Brasil

 

QUADRO 2. Opinião da sociedade relacionada à vacinação da população carcerária e combate da COVID-19, divulgados em websites de notícias e páginas de interação virtual entre os meses de março de 2020 e maio de 2023. Goiânia, Brasil

 

Vários especialistas, tanto em artigos científicos quanto na literatura cinzenta, apontam que as unidades prisionais são epicentros da COVID-19. O fluxo constante de entrada e saída de IPL e trabalhadores bem como a precariedade das instalações facilitam a transmissão viral, uma vez que medidas de combate, como a higienização, isolamento e distanciamento social, são difíceis ou impossíveis de serem implementadas22,23,24. Além disso, os IPL têm altas taxas de condições crônicas de saúde, como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares, que são sabidamente riscos para as formas graves da COVID-19 e mortalidade25.

 

DISCUSSÃO

Embora os estudos em unidades penitenciárias sejam limitados, estima-se que indivíduos privados de liberdade apresentam até 5,5 vezes mais probabilidade de serem infectados pelo SARS-CoV-2 e três vezes mais risco de óbito do que a população em geral, o que ratifica a necessidade de programas de imunização26. Contudo, a grande maioria dos países negligenciou em seus planejamentos a imunização dos IPL e não os priorizou nos cronogramas de acesso e alocação entre os grupos prioritários, principalmente na primeira fase da vacinação.

Nesse sentido, a OMS publicou recentemente um documento específico para as unidades prisionais, inclusive orientando fortemente os procedimentos de alocação de vacinas para os privados de liberdade. Apesar de evidências robustas da necessidade de vacinar os IPL26, ratificada nas falas dos especialistas no Quadro 1 e documentos oficiais (p.ex., o da OMS)4, o Brasil ainda está a passos lentos na vacinação dessa parcela da população.

Com base nas falas dos especialistas, a oferta da vacina contra a COVID-19 vai ao encontro dos princípios constitucionais de igualdade e universalidade do acesso à saúde. Cabe destacar que os IPL estão sob a tutela do Estado, mas parece ser comum no imaginário político que a decisão sobre a alocação da vacina não se paute pelos pressupostos sanitários e éticos6.

Ainda que os IPL estejam comprovadamente nos grupos prioritários para vacinação, sua inclusão, mesmo que nos grupos de menor risco, ocorreu após inúmeras discussões científicas por meio de produtos acadêmicos e midiáticos26. Em contrapartida, segmentos populacionais como os trabalhadores do sistema penitenciário foram incluídos sem ressalvas, o que ratifica a visão preconceituosa para com os IPL.

É necessário compreender que a saúde caracteriza um bem coletivo, em especial quando se trata de um agente viral com alta transmissibilidade, podendo ser facilmente disseminado tanto nas unidades prisionais quanto fora delas, o que contribui substancialmente para o colapso nos sistemas de saúde e elevado número de óbitos23,25.

Espera-se que os nossos achados colaborem para que a alocação tardia de vacinas contra a COVID-19 não seja um catalisador para o agravamento da saúde dos IPL, assim como o foi durante os surtos de influenza H3N2 de 1968 e H1N1 de 200927. Acredita-se que a vacinação neste contexto de pandemia deva ser um mecanismo de reversão das iniquidades sofridas por esse grupo. Ademais, é necessário considerar o equilíbrio com a equidade, já que, entre os privados de liberdade, há uma enorme quantidade de indivíduos que, se estivessem fora do sistema penitenciário, já teriam se vacinado com o esquema básico e reforços, como os idosos, portadores de comorbidades, entre outros6.

O fenômeno de os estudiosos apresentarem dados em websites que fomentam a discussão sobre a vacinação no sistema penitenciário mostra-se crucial para o enfrentamento da COVID-19, visto vez que permite reflexões assertivas dos gestores e da sociedade acerca da prevenção comunitária12,17,28.

Curiosamente, os dados do presente estudo mostram que, somente após posicionamentos científicos, a sociedade em geral iniciou seu manifesto de oposição à vacinação dos IPL, como se, até então, esse grupo populacional fosse invisível diante do atual contexto pandêmico. As narrativas apresentadas no Quadro 2 são repletas de significado de exclusão e marginalização da população carcerária.

Compreender o modo pelo qual a vacinação contra a COVID-19 se mostra socialmente é indispensável, uma vez que, comumente, a elaboração de políticas públicas é conduzida com base nos interesses de grupos dominantes, os quais têm potencial de dividir a sociedade e manter estereótipos que impulsionam a perpetuação estrutural das desigualdades em saúde6.

Nesse sentido, o letramento digital em saúde é uma ferramenta fundamental para enfrentar desafios de saúde pública, como a pandemia de COVID-19. É necessário capacitar os indivíduos com habilidades digitais para que possam acessar informações precisas e tomar decisões informadas sobre sua saúde visando contribuir para a prevenção e controle de doenças em suas comunidades4.

Em consonância, ao observar determinadas opiniões de cidadãos brasileiros sobre as estratégias de imunização dos IPL contra a doença causada pelo novo coronavírus, torna-se evidente a indignação dessas pessoas. Acredita-se que elas desconhecem as limitações arquitetônicas, sociais e políticas das penitenciárias — limitações, estas, favorecedoras da transmissão do patógeno. Muito menos sabem dos desafios de controlar os surtos de COVID-19 para evitar disseminação viral fora dos presídios. Tais desinformações propiciam a transmissão viral, exigindo medidas de imunização de tal grupo populacional7,20,22,28.

Os dados aqui apresentados no Quadro 2 são marcados por discursos de ódio, além de narrativas que naturalizam questões como falta de empatia, segregação e desumanidade. Ao mesmo tempo, é perceptível o aumento abrupto de apoio e incentivo à violação dos direitos humanos, inclusive com posturas violentas ancoradas no imaginário social, fortalecido pela infodemia, de que “bandido bom é bandido morto”.

Parece evidente que as comunicações em websites atuam como principal elemento articulador de repercussão de preconceitos enraizados em uma sociedade excludente, contribuindo para o imaginário social de que os indivíduos privados de liberdade não são merecedores de atenção à saúde. Ainda, o posicionamento negacionista dos representantes governamentais impulsiona as desigualdades no acesso à vacinação e o sentimento de repulsa a esses cidadãos que estão privados de liberdade, mas não dos direitos civis de qualquer indivíduo15,17.

Isto posto, é necessário que os gestores construam ferramentas que minimizem tanto essa percepção de descaso com os IPL quanto a infodemia, compreendendo que essas informações têm influência na opinião pública em momentos de crise e, em especial, no decurso de emergências sanitárias. Vários estudiosos defendem que os meios de comunicação, além de terem o potencial de direcionar os eventos em destaque e aqueles em esquecimento, também moldam a forma como a informação é apresentada, segundo seus interesses e vieses éticos, sociais, políticos e sanitários, de modo semelhante ao que tem ocorrido com a vacinação dos indivíduos privados de liberdade20,21,23.

Embora timidamente, verificaram-se algumas narrativas em prol de garantir o direito à saúde dos IPL, inclusive com argumentos éticos, legais e epidemiológicos, demonstrando haver uma parcela da sociedade atenta às minorias sociais. Assim sendo, é imprescindível o incentivo a discussões com a sociedade para que as informações sejam difundidas a fim de se estimular a equidade em saúde.

Além do mais, é imperativo destacar, dentre os achados destacados no Quadro 2, as falas de cidadãos cujas ideias visam assegurar o cumprimento do direito pertencente aos IPL, atribuindo uma visão mais razoável ao processo de vacinação deles para o combate à pandemia.

Também vale ressaltar que, dentre as compreensões sociais sobre a imunização da população privada de liberdade, encontraram-se nos achados da presente investigação percepções amplas sobre a falta de equipamentos de proteção individual e reflexão sobre a biossegurança no processo de cuidado, promovendo uma atenção voltada para os profissionais que prestam cuidados à saúde prisional.

Tais percepções sociais vão ao encontro de princípios respaldados pela legislação brasileira, com destaque para a Lei 8.080/9029. Esta dispõe sobre as condições necessárias para a promoção, proteção e recuperação da saúde, além da organização e funcionamento dos serviços correspondentes. Tais bens e serviços são desempenhados e geridos por profissionais habilitados, cuja ausência torna infrutífero o cuidado, evidenciando, assim, a necessidade de assistir os profissionais que executam serviços de cuidados à saúde em ambientes insalubres, como as penitenciárias brasileiras30.

Ao mesmo tempo em que a preocupação da sociedade com os trabalhadores do sistema penitenciário se mostra relevante e necessária, acarreta reflexões sobre a igualdade entre os dois atores. Há evidências robustas do papel dos servidores na inserção e disseminação do SARS-CoV-2 no ambiente prisional30,31— afinal, os indivíduos estão em privação de liberdade e, nesse momento de pandemia, sem acesso a sua rede social. Já os trabalhadores possuem fluxo contínuo entre o ambiente interno das prisões e externo, com ampla circulação viral.

Um estudo qualitativo explorou a experiência de indivíduos que contraíram a COVID-19, buscando compreender suas percepções, desafios e impactos pessoais durante o curso da doença. Os participantes compartilharam suas narrativas, destacando os sintomas, o impacto emocional, as dificuldades enfrentadas ao longo do período de isolamento e recuperação pós-COVID32. Com base nas narrativas dos pacientes e nas reflexões sobre a equidade em saúde, foi possível compreender as complexidades e desafios enfrentados por aqueles afetados pela COVID-19, especialmente considerando as condições específicas de indivíduos privados de liberdade.

O estudo destaca a necessidade de abordagens mais inclusivas e equitativas para garantir o acesso justo a intervenções de saúde, como a distribuição de vacinas, no decorrer de crises de saúde pública.

Destarte, a inclusão dos IPL e trabalhadores do sistema prisional nos grupos prioritários para vacinação contra a COVID-19 bem como a logística necessária para a efetivação da vacinação no momento da disponibilização das doses devem ser conduzidas simultaneamente.

Este estudo apresenta algumas limitações, como o fato de a amostra derivar de fonte secundária que pode não representar o todo das informações publicadas nos websites. Em contrapartida, pode subsidiar políticas públicas voltadas ao âmbito da internet para combater à infodemia e ruptura de estereótipos socialmente construídos, já que a internet tem sido cada vez mais utilizada pela população e traz consigo a capacidade de mudar comportamentos.

Verificou-se que os ápices na busca por pesquisa sobre vacinação contra COVID‑19 para os indivíduos privados de liberdade, tanto no mundo quanto no Brasil, ocorreram: no momento em que os governantes divulgaram os segmentos a serem vacinados nas primeiras fases, quando os países se tornaram epicentros da COVID-19; e na liberação de vacinas para uso emergencial.

As manifestações da população em geral foram diretamente proporcionais ao aumento das discussões dos especialistas, ratificando a necessidade da tradução e divulgação do conhecimento científico. Todavia, enquanto as narrativas dos especialistas estiveram focadas em dados sanitários, éticos e legais, os discursos da sociedade foram majoritariamente ancorados no apoio a estereótipos de violação dos direitos humanos, os quais impulsionam a perpetuação estrutural das iniquidades em saúde dos indivíduos privados de liberdade.

 

CONCLUSÃO

Acredita-se que o presente estudo evidencia que a popularização da ciência se mostra imprescindível para a discussão de temas polarizados em nossa sociedade, como os relacionados à atenção à saúde penitenciária. Espera-se que os achados aqui suscitados sejam elementos para a tomada de decisão relativa à alocação das vacinas contra a COVID-19 de forma que os princípios do SUS sejam respeitados e haja equilíbrio entre a disponibilidade das vacinas, os dados sanitários e os posicionamentos socialmente construídos de exclusão dos direitos da população privada de liberdade.

Ao expor os efeitos potencialmente prejudiciais da infodemia relacionada à COVID-19 em populações carcerárias, este artigo visa motivar e embasar os decisores executivos e legislativos na formulação de políticas para prevenir e neutralizar tais danos — já que essa doença ainda está em curso — e evitar futuras crises de saúde pública.

As descobertas aqui demonstradas ajudam a mapear o panorama on-line da desinformação sobre vacinas e podem orientar o desenho de estratégias de intervenção para conter sua disseminação. Em suma, acredita-se que esse trabalho fornece insights acionáveis ​​para lidar com a infodemia sobre vacinas.

A presente pesquisa contribui para a compreensão dos desafios enfrentados na promoção da equidade em saúde durante a pandemia de COVID-19, ressaltando a importância de considerar as necessidades específicas de populações vulneráveis.

Como sugestão para pesquisas futuras, é fundamental realizar estudos mais abrangentes que incorporem uma variedade de fontes de dados e perspectivas, incluindo dados governamentais e de agências de saúde, a fim de se obter uma compreensão mais completa da implementação das políticas de vacinação para populações vulneráveis, como os indivíduos privados de liberdade.

Biografia do Autor

Glaucia Oliveira Abreu Batista Meireles, Universidade Federal de Goiás
Doutoranda em Enfermagem pela PPGENF 2020. Graduação em Enfermagem pela Faculdade Latino Americana (2008). Curso Ensino Profissional de nível técnico em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Florence Nightingale (2002) Pós Graduada em Enfermagem em Unidade Terapia Intensiva pela Faculdade Latino Americana (2009). Mestre em Ciências Ambientais e Saúde pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2012). Atualmente é Professora Adjunto Pela Associação Educativa Unievangélica de Anápolis (2015). Professor Assistente da Comissão de Aprimoramento de Instrumentos de Avaliação de Aprendizagem do Curso de Enfermagem ( CAIAA) ( 2018) .Professora de Estágio Pela Faculdade Anhanguera de Anápolis (2010-2013),Supervisora de Estágio Pela Escola de Enfermagem Florence Nightingale (2008-2010),. Experiência nas áreas de UTI adulto e infantil, clínica médica, clínica cirúrgica, urgência e emergência. Servidora Pública do Estado de Goiás lotada na Regional de Saúde Pirineus, na área de Medicamentos de Alto Custo.. Professora Responsável pela Liga Acadêmica de Segurança do Pacientes (LASpac) e Membro Consultor do Núcleo de Segurança do Paciente do Centro Universitário da Evangélica conforme dispõe a Portaria n° 41 de 2.019. Membro do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem e Ações Interdisciplinares em IST/ HIV/AIDS E HEPATITES VIRAIS. 2019 ATUALMENTE. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Cuidados a Saúde Humana com Abordagem Clínica (NECAC/UFG) 2019 E ATUALMENTE. Membro Associado da ABEn - GO. Membro do Núcleo Docente Estruturante do Curso de Graduação em Enfermagem pela Portaria N° 38 de Agosto de 2021 atualmente. Bolsista pela programa Capes 2020.
Bruna Meireles Silva, Universidade Evangélica de Goiás
Enfermeira graduada pela Universidade Evangélica de Goiás - UNIEVANGELICA (2018/2 - 2023/1); Diretora de Extensão da Liga de Anatomia Humana - LAHUNI da UNIEVANGELICA (2019) e presidente (2020/201); Monitora de Anatomia e Movimento (2019), Monitora de Educação em Saúde da Universidade Aberta Para os Idosos - UNIAPI da UNIEVANGELICA atualmente; Representante de sala da turma 36 do curso de Enfermagem; Integrante do Núcleo de Pesquisa de Ações Interdisciplinares em IST/HIV/AIDS da Universidade Federal de Goiás UFG. Estágios Extracurriculares: Secretária de Saúde de Anápolis, GO (2019/2), Unidade de Saúde Dr. Ilion Fleury Junior (2020 - 2021/1), Serviço Social da Industria - SESI (2021), Clinica dos Curativos (2021/2). Atualmente em quanto pesquisadora nos campos de Anatomia e Qualidade de Vida na Terceira Idade, Vulnerabilidade e IST.
Ketllen Raiara Ferreira Santos Freires , Universidade Federal de Goiás
Mestranda no Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Goiás PPGENF/UFG (2023-2025) área de concentração em Cuidado a saúde humana na linha de pesquisa em Fundamentação teórica, metodológica e tecnológica para o cuidar em saúde e enfermagem. Membro do Núcleo de Pesquisa e Ações Interdisciplinares em doenças infecciosas com ênfase nas IST/HIV/Aids NUCLAIDS e do Núcleo de Estudos e Pesquisa em cuidados a saúde humana com abordagem clínica (NECAC) ambos da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG). Pós-graduanda no Centro de Estudos de Terapias Naturais - CETN (2023-2025). Atuante em estudos sobre diagnóstico de enfermagem e práticas integrativas. Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal de Goiás (2023).
Marcos Antônio Pontes de Aguiar , Universidade Federal de Goiás
Graduando do curso de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (UFG). No meio acadêmico, está inserido no Programa de Bolsas e Voluntários de Extensão e Cultura na modalidade voluntária na temática de doação e captação de órgãos e, também, sobre Estudos relacionados a agravos à saúde de populações vulneráveis com foco em doenças de relevância epidemiológica. Aluno de Iniciação Científica e membro do Núcleo de Ações Interdisciplinares em IST/HIV/AIDS (NUCLAIDS), onde atua como pesquisador sobre doenças infectocontagiosas em servidores de segurança pública e populações vulneráveis, tal como privados de liberdade e pessoas em situação de rua, além disso, pelo mesmo núcleo de pesquisa, compõem um grupo de pesquisadores vinculados ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), realizando estudos sobre métodos não farmacológicos no combate à COVID-19. Atualmente é voluntário no Laboratório de Virologia do Departamento de Virologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (IPTSP/UFG).
Marcos André de Matos , Universidade Federal de Goiás
Professor da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Doutor em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina FM/UFG (2014). Pós-doutorado pela UFC Cnpq júnior (2022). Líder do Núcleo de Pesquisa e Ações Interdisciplinares em doenças infecciosas, com ênfase nas IST/HIV/Aids e do Núcleo de Estudos em Cuidados à Saúde Humana com Abordagem Clínica (CNPq). Membro da Rede de Pesquisa em Doenças Transmissíveis (REAT) da FAPEG e da Comissão de Equidade em Saúde da SES de Goiás. Coordenador do Programa Saúde do Trabalhador UFG+ vinculado a Pró-reitoria de Gestão de Pessoas. Revisor de periódicos nacionais e internacionais e parecerista do Ministério da Educação, Saúde e de Centos de Pesquisa. Participou de Inquéritos de base populacional conduzidos pelo Ministério da Saúde, FIOCRUZ e FUNASA. Professor permanente dos Programas de Pós-graduação em Saúde Pública pelo IPTSP/UFG e Cuidado em Enfermagem e Saúde FEN/UFG. Desde 2006 coordena projetos de pesquisa com grupos vulneráveis com fomento pelo CNPq, FAPEG, FUNASA, Ministério da Educação - PROEXT e UNODC. Tem experiência em epidemiologia das doenças emergentes e re-emergentes e Saúde Coletiva, com ênfase em determinantes sociais de populações vulneráveis e saúde do homem.

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Publicado
2024-03-31
Seção
Artigos Originais