Visibilizando invisíveis: caracterização de acamados e cuidadores adscritos à uma Unidade Básica de Saúde

Making the invisible visible: a characterization of bedridden and caregivers assigned to a Basic Health Unit

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde, Estratégia Saúde da Família, Pessoas acamadas, Saúde Coletiva, Vigilância em Saúde

Resumo

Objetivo: identificar e caracterizar o perfil de usuários acamados que vivem em domicílio na comunidade e a sobrecarga de cuidadores. Método: Estudo observacional transversal. Aplicou-se: questionário perfil sociodemográfico e saúde; Índice Katz; Escala de Risco Familiar Coelho Savassi; Escala de classificação socioeconômica ABEP; e Escala Zarit reduzida. Análise descritiva com dados categóricos expressos por frequência e porcentagem, e dados contínuos, por média e desvio padrão, com intervalo de confiança. Resultados: Foram avaliados 23 acamados: maioria idosos do sexo masculino, com alguma disfunção familiar relatada e que viviam em moradias de alvenaria sem acessibilidade ou adaptações adequadas. Os 27 cuidadores eram em sua maioria informais, quase todos familiares do sexo feminino, com sobrecarga de cuidado considerada grave. Conclusão: O enfrentamento dessas questões pelos profissionais da saúde pode oferecer respostas adequadas às necessidades desta população, ainda muito negligenciada e desassistida. Visibilizar invisíveis é humanizar o cuidado e proporcionar o acesso à saúde.

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde. Estratégia Saúde da Família. Pessoas acamadas. Saúde Coletiva. Vigilância em Saúde.

 

INTRODUÇÃO

A atenção domiciliar (AD) é uma das modalidades que integra a Rede de Atenção à Saúde (RAS). Envolve a promoção, prevenção e reabilitação da saúde, e o tratamento de enfermidades por meio de ações no domicílio no âmbito das políticas públicas de saúde. Embora a AD esteja em um processo de ascensão nas práticas de saúde, ela ainda não está completamente inserida nos sistemas de atendimento e na formação e capacitação de profissionais especializados 1.

O contexto domiciliar deve ser compreendido em uma perspectiva abrangente que vai além do espaço físico, considerando este ambiente como um conjunto de objetos, eventos e seres humanos correlacionados entre si. Cada um destes representa um caráter particular, interferindo mutuamente e simultaneamente no contexto domiciliar. Prioriza-se, neste caso, um diagnóstico multidimensional que é facilmente correlacionado com o que é previsto pelo raciocínio proposto pela Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), que amplia a visão dos profissionais de saúde, instigados a atuar no contexto dos indivíduos, na coletividade e no ambiente no qual estão inseridos 2,3, proporcionando a continuidade do cuidado.

Nessa perspectiva o usuário acamado por tempo prolongado, com pouca mobilidade física, está muitas vezes suscetível a um longo contexto de vulnerabilidade. A Síndrome da Imobilidade contribui para o declínio funcional progressivo e para a perda da capacidade de realização de atividades de vida diária 4.

A atualização periódica do cadastramento das famílias e alimentação fidedigna dos sistemas de informação da Atenção Básica (AB) são elementos fundamentais para o monitoramento de acamados e elaboração de estratégias de acompanhamento pelas equipes de saúde locais e por gestores municipais 1,4.

Nesse contexto, os cuidadores, figuras que muitas vezes não recebem o suporte do qual necessitam já que também são passíveis de cuidados e sofrem sinais de esgotamentos, também merece reconhecimento. No âmbito da AD, também é responsabilidade das equipes de garantirem o olhar para esses sujeitos 3,4.

Sabendo das demandas espontâneas e programadas na Unidade Básica de Saúde (UBS), as visitas domiciliares acabam sendo as menos priorizadas, entretanto, a importancia deste tipo de cuidado personalizado e mais acessível às pessoas acamadas pode fortalecer o elo entre profissionais da saúde e pacientes e familiares, proporcionando um ambiente mais familiar e um cuidado centrado no indivíduo.

O presente estudo teve por objetivo identificar e caracterizar o perfil de usuários acamados que vivem em domicílio na comunidade e a sobrecarga de cuidadores. Possui como objetivos secundários rastrear, dentro de um território específico, o perfil sociodemográfico e de saúde, bem como classificar a dependência funcional, estratificar o risco familiar e identificar o estado socioeconômico.

 

METODOLOGIA

O presente trabalho consiste em um estudo observacional do tipo descritivo transversal. O universo de pesquisa foi constituído por usuários de uma comunidade do município de São Leopoldo, Rio Grande do Sul (RS), atendidos por uma UBS que compreende três (3) equipes de Saúde da Família (eSF), atendendo a população de uma área adscrita distribuída em 24 microáreas de atuação.

A amostra foi intencional. Foram incluídos no estudo usuários de ambos os sexos, de todas as faixas etárias, que residiam na área de atuação das eSF, restritos ao leito e que possuíssem um cuidador responsável. Foram excluídos os usuários que vieram a óbito antes da avaliação e aqueles que não viviam mais no endereço monitorado.

De um universo de 60 indivíduos cadastrados nas planilhas de visitas domiciliares das eSFs, 41 eram domiciliados e 19 eram acamados, conforme dados previamente informados pela equipe de saúde local por meio do monitoramento e cadastros dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Considerou-se como elegíveis para o estudo os usuários pré-monitorados que estivessem restritos ao leito (n=19). Usuários acamados que viviam no território adscrito, mas ainda não estavam cadastrados (n=9) também foram incluídos na pesquisa. Conforme critérios de exclusão, cinco (5) usuários foram removidos do estudo. A amostra final foi de 23 indivíduos restritos ao leito. A coleta foi realizada no período compreendido entre junho e agosto de 2022.

O processo de seleção teve início a partir do contato com os ACS do território, que indicaram e agendaram as visitas e avaliações aos usuários nos domicílios. Antes de iniciar a avaliação, o procedimento foi explicado e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) entregue e assinado. As variáveis da presente pesquisa consideraram como desfecho primário o perfil sociodemográfico e o estado de saúde de usuários acamados atendidos pelas referidas eSF, e como desfechos secundários a funcionalidade, o risco familiar, o estado socioeconômico e a sobrecarga dos cuidadores.

Foram aplicados cinco instrumentos para a coleta de dados com base na avaliação do material de Atenção Domiciliar na Atenção Primária à Saúde proposta pelo Ministério da Saúde 4: a) questionário sociodemográfico e de saúde; b) Índice de Atividades Básica de Vida Diária de Katz 5; c) Escala de Risco Familiar (Coelho e Savassi) 6; d) Escala de Classificação Socioeconômica (ABEP) 7; e e) Escala de Zarit reduzida 4.

A fim de contextualizar a amostra estudada, realizou-se a aplicação do Questionário sociodemográfico e de saúde elaborado pelos pesquisadores que contempla três dimensões: a) dados de identificação; b) fatores de risco; e c) aspectos socioambientais.

Para avaliar a funcionalidade foi aplicado o Índice de Atividades Básicas de Vida Diária (AVD) de Katz, um dos instrumentos mais utilizados para avaliar a independência no desempenho de seis funções: banho, vestir-se, ir ao banheiro, transferência, continência e alimentação; classificando os usuários de A à G, como independentes (A) ou dependentes (G), a partir de um questionário padrão 5.

A fim de determinar o risco de adoecimento do grupo familiar, aplicou-se a Escala de Risco Familiar de Coelho-Savassi 6, que permite uma classificação final de Vulnerabilidade Habitual (V0) até Vulnerabilidade Máxima (V3). Também foi utilizado o Critério de Classificação Econômica Brasil 2021, pela Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa (ABEP) 7, que estratifica as classes sociais no Brasil de A (R$ 21.826,74) até D-E (R$ 900,60).

Por fim, também foi utilizada a Escala de Zarit reduzida, que tem por objetivo avaliar a sobrecarga dos cuidadores. Atentou-se para que esta escala não fosse realizada na presença do usuário acamado. A cada afirmativa, o cuidador deveria indicar a frequência da forma como se sente em relação ao que foi perguntado (nunca, raramente, algumas vezes, frequentemente ou sempre). O estresse dos cuidadores é indicado por altos escores, com uma classificação final que se dá em sobrecarga leve (14 pontos), moderada (15 a 21 pontos) ou grave (≥22 pontos) 4.

Foi realizada análise descritiva dos dados, com os dados categóricos expressos por frequência e porcentagem, e os dados contínuos, por média e desvio padrão, com a apresentação do intervalo de confiança. Este trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Vale do Rio dos Sinos sob o parecer n° 5.452.878.

 

RESULTADOS

Ao total, participaram do estudo 23 acamados e 27 cuidadores que receberam a visita domiciliar do avaliador e do ACS correspondente à microárea de seu pertencimento. Todo o processo de recrutamento amostral pode ser observado no fluxograma abaixo. (Figura 1).

Observa-se a predominância de participantes do sexo masculino (56,5%), idosos (60,9%) e com idade média de 57 ± 20,99 anos (IC95% 48,31-66,46). A amostra foi constituída por uma maioria de autodeclarados brancos (82,6%), que frequentaram a escola até os anos iniciais – 1 a 4 anos de estudos (52,2%) e usam somente o Sistema Único de Saúde (SUS) como acesso à saúde (82,6%). Dos participantes do estudo, 56,5% recebem visitas apenas de familiares como convívio social, sendo que 78,3% não possuem nenhum contato externo. A maioria convive com alguma disfunção familiar relatada (52,2%) e 69,6% das famílias entrevistadas encontram-se em vulnerabilidade máxima. (Tabela 1).

Quanto às características de renda familiar dos domicílios visitados, a maioria é classificada como de classe social C2 (60,9%), com renda média familiar estimada de R$ 1.965,87. Nesta amostra, cinco usuários (21,7%) ainda não possuíam acesso a benefícios sociais.  Com relação à moradia, a maioria (60,9%) vive em casas estruturadas em material de alvenaria (78,3%), própria de familiares (73,9%). No entanto, 73,9% desses domicílios não possuem acessibilidade ou adaptação adequada para a condição de acamados, como cadeiras de rodas e barras de apoio, por exemplo (Tabela 2).

A maioria da amostra foi constituída por pacientes que necessitam atenção domiciliar na modalidade AD1 (78,3%), classificados como aqueles que apresentam impossibilidade física de locomoção até uma UBS para cuidados de responsabilidade da eSF, sendo que os demais possuem direito e devem receber suporte de uma equipe do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD). (Tabela 2).

Dentre as doenças de base que levaram ao acamamento dos entrevistados, destacam-se as que acometem o Sistema Nervoso, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC) (34,8%), a Paralisia Cerebral (PC) (17,4%) e o Traumatismo Crânio Encefálico (TCE) (13,1%). Já entre as comorbidades, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) foi a mais prevalente, identificada em 47,8% dos casos. Apenas dois pacientes faziam uso contínuo de oxigenioterapia (8,7%), e 26,1% utilizavam outros acessos ou sondas. O uso de fraldas foi observado em 82,6% dos casos.

Dos usuários, 82,6% estavam polimedicados, sendo a classe de anti-hipertensivos (19,1%) a mais citada e utilizada. Quanto aos hábitos de vida, os cuidadores reportaram que alguns participantes teriam histórico de tabagismo (39,1%), outros de etilismo (26,1%) e a maioria teria mantido hábitos sedentários antes da restrição total no leito (60,9%).

De forma preocupante, 43,5% dos participantes apresentaram algum episódio de queda nos últimos 12 meses. Questionados sobre o mesmo período, a maioria teria necessitado alguma internação hospitalar (56,5%), sendo que o tempo médio de internação foi de 13 dias. 43,5% dos usuários desenvolveram lesão por pressão, enquanto outros 21,7% possuíam histórico prévio.

A maioria dos usuários restritos do território pesquisado (69,6%) tiveram acesso à vacinação anual contra o vírus influenza (H1N1), e pelo menos à primeira dose contra a COVID-19 (91,3%). Grande parte da amostra estudada estava acamada há cinco anos ou mais (43,5%), com tempo médio de acamamento de 36 meses. A maioria dos usuários não se comunicava verbalmente (52,2%), sendo que ao se classificar a função pelo Índice de Katz, 91,3% enquadravam-se na categoria G (dependência para todas as atividades de vida diária avaliadas). Estas e demais características das condições de saúde dos participantes do estudo estão expressas nas tabelas 3 e 4.

A Tabela 5 apresenta dados de caracterização dos(as) cuidadores(as) dos usuários avaliados neste estudo, de predominância feminina (96,3%) como principais responsáveis pelo cuidado e idade média de 55 ± 12,24 anos (IC95% 50,41-60,10). A maioria da amostra era formada por cuidadoras informais (92,6%) familiares: mães, filhas, esposas, irmãs, entre outras, grande parte (48,2%) com nível de sobrecarga categorizado como de nível grave.

Os 23 domicílios visitados pelos pesquisadores, acompanhado dos ACS, incorporaram, de forma intencional e indiscriminadamente microáreas das três eSF locais. O mapa abaixo representa em laranja, de forma simbólica, a sinalização das pessoas e famílias que participaram da pesquisa e são parte de uma população que é, muitas vezes, invisibilizada. (Figura 2).

 

  DISCUSSÃO

Este estudo identificou o perfil sociodemográfico e de saúde de usuários acamados que vivem domiciliados, bem como a dependência funcional, o risco familiar e a sobrecarga dos cuidadores envolvidos nesse processo.

Os idosos do sexo masculino e autodeclarados brancos foram a maioria desta amostra. Idosos homens apresentam maiores chances de se tornar acamados, como consequência de menor procura por serviços de saúde, da não realização de cuidados preventivos e de maior exposição a fatores de risco ao longo da vida 9,10,11.

A baixa escolaridade dos participantes deste estudo pode estar associada à limitação do acesso às informações em saúde, condicionando ao desenvolvimento de doenças mais graves. Soma-se a isso, a sobreposição do analfabetismo ao menor cuidado, menor busca aos serviços de saúde e consequente ocorrência de diagnósticos tardios 9,11.

Dentre os indivíduos pesquisados, foi unânime o reconhecimento da importância do SUS e de sua utilização como facilitador dos cuidados em saúde, seja para aquisição de insumos como fraldas e materiais para curativo, quanto para retirada de medicamentos, realização de exames ou acesso a consultas com profissionais da saúde, frequentemente reportado em estudos prévios 12,13,14.

Nesta pesquisa, a amostra foi constituída por uma população com baixo teor aquisitivo. A faixa de renda familiar mais frequente (60,9%) foi de pouco mais de um salário-mínimo (classe C2), dado bem superior aos percentuais nacionais (26,4%) e para o sul do país (26,7%) de pessoas que se encontram nessa mesma classe econômica 7.

 A situação financeira impacta diretamente no cuidado recebido pelos usuários e, até mesmo, na sobrecarga percebida pelos cuidadores. As dificuldades para acessar a contratação de um cuidador formal e o acesso a materiais necessários para a realização do cuidado domiciliar são exemplos de barreiras 12,13,14.

O baixo contato social, por sua vez, fora de suas residências ou por meio de visitas pode gerar um estado de solidão, isolamento ou desvalorização para com o acamado. Muitas vezes surge, inclusive, a autopercepção de sua vida como um peso para o familiar ou cuidador 9. Se autoperceber como dependente colabora com o maior declínio funcional e surgimento de novas complicações como hospitalizações, depressão e, até mesmo, podendo levar à morte 15.

Nesse estudo, mais da metade dos acamados avaliados não apresentava comunicação verbal, motivo que por si só negligencia uma série de estímulos. Diversas barreiras, sejam elas estruturais, urbanísticas, tecnológicas, de comunicação, de transporte ou atitudinais (capacitismo) reforçam a exclusão, muitas vezes até entre os próprios familiares. Por isso, receber visitas externas é apontado como um fator protetor contra disfunções familiares 16.

Várias disfunções familiares foram constatadas na amostra estudada. É mais comum que a mulher, com histórico de mãe e provedora de cuidados, receba melhor suporte familiar e tenha menos frequência de disfunções familiares do que os homens, quando se trata de indivíduos em idade avançada. Neste caso, sendo a família o principal meio de cuidado ao longo da vida, também cabe ao profissional da saúde estar atento ao cultivo de relações saudáveis, tanto para quem cuida, quanto para quem é cuidado 16.

No que tange ao acesso a benefícios, a restrita mobilidade incapacita o usuário à atividade laboral, e investimentos governamentais em pagamentos de aposentadorias, benefícios, pensões e auxílios são necessários. A assistência social é um direito do cidadão para garantir o atendimento às necessidades básicas, como previsto e assegurado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) desde 1993 1.

O que preocupa, no caso da amostra estudada, é a identificação de usuários que, apesar de potenciais beneficiários, ainda não recebem nenhum tipo de benefício social. Essa situação pode ser justificada, senão de outra forma, pela barreira de acesso a informações pelos familiares e até mesmo pelos profissionais de saúde.

Vaitsman e Lobato 17, destacam a importância do empoderamento dessas famílias e de maior coordenação e cooperação entre os setores da assistência social, saúde e previdência para ampliar a rede de proteção aos usuários. Infelizmente, essa é uma realidade que reflete diversas lacunas nas distintas instituições que, normalmente, dependem de vínculos e relações informais: característica de formas de gestão horizontais e difusas.

Com relação à acessibilidade, a maioria das residências não possuía infraestrutura para que os usuários conseguissem locomover-se dentro do próprio domicílio, como barras de apoio ou rampas. Sabe-se que a ambiência e organização são de extrema importância para a segurança e autonomia 1.

Nesse contexto, o grande percentual de quedas autorrelatadas por usuários ou seus cuidadores nos últimos 12 meses foi preocupante, considerando que poucos possuíam algum grau de mobilidade. Estas quedas podem estar relacionadas a ausência de adaptações no domicílio, mas entende-se que a aquisição de grande parte desses materiais é de difícil acesso, bem como a disponibilidade de pessoas para realizar essas adaptações.

Outro fator que pode estar relacionado às quedas é o uso de polifarmácia, cuja associação medicamentosa pode desencadear alterações sensoriais no indivíduo. Pacientes polimedicados, em geral, possuem elevado risco para problemas vinculados à farmacoterapia. São eles os maiores consumidores de recursos em saúde, por sofrerem maior número de hospitalizações/ano e, geralmente, se encontrarem em situação de fragilidade assistencial 8.

Nesse sentido, é válido o combate do modelo assistencial centrado exclusivamente no tratamento de doenças e prescrições medicamentosas, ao exemplo de modelos que consideram a integralidade e o contexto dos sujeitos e famílias 18. No entanto, há um grande desafio para a garantia desse cuidado integral, que necessita viabilizar um equilíbrio entre abordagens individuais em tempo oportuno e abordagens comunitárias para valorizar os determinantes sociais 3.

A Atenção Primária à Saúde (APS) é responsável pelos pacientes de modalidade de atendimento domiciliar tipo 1 (AD1), os quais estão em estado de saúde controlada, mas com impossibilidade de locomoção até uma UBS 4. As modalidades de atendimento domiciliar tipo 2 (AD2) e tipo 3 (AD3) são consideradas responsabilidade dos SADs, por meio da Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar (EMAD). Nesses casos, a APS segue como referência a estes usuários 4,19

No presente estudo, identificaram-se usuários que possuíam perfil de AD2, entretanto, eram acompanhados como AD1. Nesses casos, conseguiu-se instruir as equipes responsáveis para o devido encaminhamento para avaliação de critérios e inclusão de cuidados na modalidade ideal 19. Por outro lado, alguns domicílios não eram visitados pelas eSF, tampouco pela equipe especializada do SAD. Lacuna também percebida em estudo anterior 14, em que 45% dos usuários acamados ou domiciliados não eram assistidos. Felizmente, foram algumas situações isoladas, mas que justificam o tema deste trabalho, cuja ideia foi visibilizar esses acamados e seus cuidadores, incluindo-os nos processos de cuidado.

Como esperado, ao se avaliar o risco familiar, constatou-se que os domicílios visitados deveriam ser prioridades no acompanhamento programado das eSF, uma vez que todos apresentaram algum grau de risco familiar, sendo que quase 70% das famílias encontravam-se no nível mais alto de vulnerabilidade (V3), segundo o instrumento aplicado 6.

Todos os pacientes do estudo apresentavam doenças de base e comorbidades. A doença de base mais frequente foi o AVC, patologia que é responsável por grande número de óbitos e incapacidades permanentes na população e achado frequente na literatura 9,12,14,20. O manejo precoce do AVC pode reduzir custos associados à internação hospitalar e o cuidado continuado por meio do atendimento domiciliar propicia chances de uma melhor recuperação funcional 14.

A comorbidade mais prevalente foi a HAS, em consonância com o encontrado por outros autores, um problema de saúde pública nacional e mundial e importante fator de risco para outras condições cardiovasculares 11,12,14,20,21. A inatividade física por parte dos acamados pode ser um fator preditivo para elevação da pressão arterial, uma vez que ocorre o aumento da resistência vascular periférica 9. Também se considera a possibilidade de subnotificações de casos de Diabetes Mellitus (DM) nessa população, já que grande parte desconhece o diagnóstico e não realiza acompanhamento, até que manifeste sinais de complicações 11.

Quanto maior o número de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), maior a chance de incapacidade desse indivíduo, uma vez que a condição de acamado debilita o funcionamento do organismo, sendo que os agravos também estão associados ao tempo em que o indivíduo se encontra nessa condição 11,22.

O período prolongado no leito facilita o surgimento de doenças como a Trombose Venosa Profunda (TVP), a infecção urinária e a pneumonia 9. As próprias complicações decorrentes de doenças como HAS e DM comprometem a perfusão tecidual, favorecendo o desenvolvimento de lesões por pressão, aliadas à diminuição da capacidade funcional 20.

O acamado, com pouca mobilidade física por tempo prolongado está, muitas vezes, suscetível a um longo contexto de vulnerabilidade. A Síndrome da Imobilidade contribui para o declínio funcional progressivo e perda da capacidade de realização de atividades de vida diária 4, 23. Especificamente quanto à atrofia muscular, são necessários apenas sete dias de repouso no leito para redução de 30% da força muscular e perdas de 20% a cada semana adicional 11.

Nesta pesquisa, constatou-se que os usuários investigados necessitavam de cuidados da família e frequentes intervenções por profissionais da saúde, devido a suas dependências funcionais. Mesmo a população jovem acamada possui características importantes semelhantes de dependência e necessidades de cuidados quando comparados a acamados idosos 12. Estudo prévio apontou que 94% dos entrevistados eram dependentes ou semidependentes de cuidadores, necessitando de auxílio durante AVD’s 4.

Destaca-se o percentual de sedentarismo antes do acamamento, uma vez que a inatividade física é importante fator de risco para as DCNT ou restrição ao leito com declínio funcional progressivo 9,10,21. Nesse sentido, inteirar-se da história pregressa dos usuários ao realizar a avaliação é imprescindível, uma vez que os hábitos de vida passados são fatores condicionantes para o acamamento 11. Além disso, cabe aos profissionais de saúde aproveitar as possibilidades na APS para educar em saúde sobre a adoção de estilos de vida mais saudáveis para o controle das DCNT 24.

Como em estudo recente 14, em que a amostra de indivíduos apresenta uma dependência exclusiva do SUS na assistência recebida, destaca-se a presença constante dos ACS em visitas periódicas, denotando um cuidado específico desses importantes profissionais para essa população. O ACS colabora para estreitar laços entre profissionais e usuários, expandindo as possibilidades de visitas domiciliares, ao pressionar a organização dos fluxos 14.

O que nos leva a refletir sobre a relevante atuação desse núcleo profissional nos mutirões de vacinação em usuários acamados realizados e que se intensificaram nos últimos anos por conta da pandemia, garantindo ampla cobertura vacinal da amostra estudada. Dados que não podem ser tão comemorados em outras regiões 25,26, reforçando a necessidade do fortalecimento do vínculo entre Estratégia de Saúde da Família (ESF), responsável por fontes informações e pela orientação comunitária, e as famílias 10, 27.

Quando se dá enfoque a quem cuida, observaram-se mulheres com algum grau de parentesco com o acamado: situação muito reportada na literatura 12,13,20,26. Culturalmente, se tem a ideia de que a mulher é a responsável pelo cuidado e são elas que normalmente acabam assumindo essa demanda, mesmo atuando no mercado de trabalho e mantendo responsabilidades domésticas e cuidados com demais integrantes da família. Tal configuração contribui para o surgimento de quadros de sobrecarga biopsicossocial 20.

O estado conjugal surge como determinante na influência de quem será o cuidador principal, uma vez que os usuários casados normalmente são assistidos pelas esposas. Enquanto isso, viúvos ou solteiros recorrem ao auxílio das filhas ou mães, respectivamente. Estas, caracterizadas como cuidadoras informais, não recebem remuneração e exercem essa função por necessidade, carinho ou, até mesmo, obrigação 12.

A maioria dos cuidadores familiares tomam conta sozinhos e acabam privados de liberdade, pois dificilmente conseguem sair de seus domicílios, já que não possuem ninguém para substituí-los 28.

Estudo prévios indicaram que a sobrecarga do cuidador induz à limitação do exercício e autocuidado, bem como reduz o tempo de lazer, comprometendo a sua saúde 4,28. Em muitas situações, a pessoa que presta o cuidado não se sente preparada para assumir tal posição, nunca tendo recebido nenhuma orientação.

Por meio da educação em saúde, é importante que essas famílias sejam incluídas no processo de cuidado e capacitadas para que se sintam mais seguras nas importantes tomadas de decisões, bem como recebam suporte, uma vez que também são passíveis de cuidado e sofrem sinais de esgotamento 13.

As situações em que a sobrecarga foi avaliada como leve estão associadas a um grau de parentesco específico: às mães entrevistadas. Tal fato se relaciona ao papel cultural e permite importante reflexão sobre o cuidado maternal e sua prioridade para com os filhos 28.

A atualização periódica do cadastramento das famílias com preenchimento adequados dos sistemas de informação da AB são elementos fundamentais para o monitoramento de acamados e planejamento de estratégias de acompanhamento pelas equipes de saúde locais e por gestores municipais 4, 29. É primordial o incentivo de educação permanente para equipes multidisciplinares, a fim de instrumentalizar os profissionais para melhora da assistência ao usuário, bem como supervisão constante, fortalecendo a vigilância em saúde 11.

Os sistemas de saúde são convocados a buscar, cada vez mais, respostas às diferentes demandas que vêm surgindo. Nesse sentido, destaque deve ser dado à importância da AD na APS, que surge como grande aliada para incremento das múltiplas possibilidades de respostas do SUS. No caso de acamados a AD é a principal ou o único serviço acessado por esses usuários 30.

A AD permite a articulação entre diversos serviços, auxilia a otimização de leitos e recursos hospitalares e amplia o acesso aos serviços por usuários acamados ou domiciliados, além de representar uma solução relevante para a sobrecarga das portas de urgência. Reitera-se o reflexo em impactos econômicos por meio da diminuição de gastos públicos em saúde 4,30.

Por fim, enfatiza-se a necessidade de maior cobertura de áreas de abrangência das eSF, que ainda é de apenas 27,6% no município estudado 31. Reitera-se, ainda, a importância da composição completa das equipes mínimas e do incentivo à ampliação de equipes multiprofissionais de apoio à AB para um cuidado eficaz e integral à população.

  CONCLUSÃO

Este estudo fundamenta a importância do serviço de AD. Ainda que os resultados dessa pesquisa retratem um panorama local, o conhecimento da realidade da população é essencial para a discussão sobre o cuidado em saúde, bem como para a elaboração e implementação de ações e políticas públicas para essa população específica. Esse tipo de rastreio facilita a visualização de dados padronizados de saúde da população assistida, possibilitando uma análise longitudinal, a comparação de resultados com outros serviços, assim como a avaliação da resolutividade da assistência domiciliar prestada.

Aponta-se como limitação do estudo a escolha de um território restrito do município. Como sugestões em protocolos de estudos futuros, é possível estabelecer a investigação de variáveis como (1) escolaridade do cuidador, (2) orientações de cuidado para quem cuida, (3) frequência de visitas e atendimentos domiciliares recebidos e (4) percepção e avaliação do usuário sobre a assistência prestada.

O cenário identificado no estudo expressa algumas vulnerabilidades da AD e da APS, ainda influenciadas por um modelo de atenção à saúde fragmentado, com forte orientação para as condições agudas. Visibilizar invisíveis é humanizar o cuidado e proporcionar o acesso à saúde. O enfrentamento dessas questões pelos profissionais da saúde pode oferecer respostas adequadas às necessidades dessa população, ainda muito negligenciada e desassistida.

Biografia do Autor

Murilo Santos de Carvalho, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Mestrando em Ciências da Reabilitação pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre (RS), Brasil.
Franciele Souza Santos, University of Vale do Rio dos Sinos
Mestranda em Saúde Coletiva pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo (RS), Brasil
Alessandra Bombarda Müller, Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Fisioterapeuta (IPA, 1999). Especialização em Cinesiologia (ESEFID/UFRGS, 2001) e em Saúde da Família (IEP/HMV, 2012). Formação no Conceito Bobath (ABRADIMENE, 2005). Mestrado (2008) e Doutorado (2016) em Ciências do Movimento Humano, área de concentração desenvolvimento motor (ESEFID/UFRGS). Pesquisadora colaboradora do Grupo de Pesquisa Avaliações e Intervenções Motoras ESEFID/UFRGS (desde 2003). Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional (ABRAFIN) desde 2014, delegada estadual (desde 2018). Representante da Fisioterapia Neurofuncional na Câmara Técnica de Especialidades da Fisioterapia do CREFITO 5 (desde 2020). Professora da Escola de Saúde da Unisinos (desde 2013), no Curso de Fisioterapia e na Residência Integrada Multiprofissional em Atenção Básica. Tutora no Programa PET-Saúde Unisinos e Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (2022-2023). Professora da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (desde 2023). Professora convidada do Programa de Pós-Graduação da Faculdade Moinhos de Vento (desde 2006), no Curso Fisioterapia Hospitalar e Terapia Intensiva Pediátrica e Neonatal. Experiência na prática, no ensino e na pesquisa da avaliação e do acompanhamento do desenvolvimento infantil, temas relacionados à recuperação funcional após lesão do sistema nervoso e hospitalização neonatal e pediátrica.

Referências

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Publicado
2024-03-31
Seção
Artigos Originais