Potências e desafios na construção e condução do projeto terapêutico singular em saúde mental

Powers and challenges in the construction and conduction of the singular therapeutic project in mental health

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17765/2176-9206.2025v18e13053

Palavras-chave:

Projeto Terapêutico Singular, Práticas Interdisciplinares, Centro de Atenção Psicossocial, Saúde Mental

Resumo

O Projeto Terapêutico Singular (PTS) apresenta-se como instrumento organizador do cuidado, de forma compartilhada, considerando a singularidade da pessoa em seu cotidiano e buscando promover sua autonomia e emancipação social. O objetivo deste estudo foi identificar potências e desafios na construção e implementação dos PTS. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e exploratória, na qual foram utilizados dois instrumentos de coleta de dados: um roteiro de entrevista semiestruturado e um protocolo de informações, composto por dados pessoais e profissionais dos participantes e dos serviços aos quais estavam vinculados. Foram realizadas 21 entrevistas semiestruturadas, sendo posteriormente transcritas, validadas e analisadas tematicamente. Os resultados evidenciaram uma caracterização do PTS coerente com as propostas da Reabilitação Psicossocial. O profissional de referência foi apontado como principal articulador do PTS. O maior desafio para operacionalização do PTS foi da pandemia de Covid-19, além da vulnerabilidade social, da estigmatização e das dificuldades nas dinâmicas de trabalho. A interdisciplinaridade foi ressaltada pelos participantes. Este estudo apresenta contribuições importantes para os debates atuais em torno do campo da Atenção Psicossocial.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Érika Regina de Colato, Universidade Federal de São Carlos

Possui graduação em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos (2005). Tem Formação na área de Terapia Ocupacional Dinâmica pelo Centro de Especialização em Terapia Ocupacional - CETO (2009) e Reabilitação de Membros Superiores: Terapia de Mão, pela Universidade Federal de São Carlos (2014). Mestrado em Terapia Ocupacional pelo Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional na Universidade Federal de São Carlos (2022). Doutoranda pelo mesmo Programa de Pós-Graduação, atuando principalmente nos seguintes temas: saúde mental, projeto terapêutico singular e Terapia Ocupacional. Atua como terapeuta ocupacional no campo da saúde mental em Centro de Atenção Psicossocial. (

Isabela Aparecida de Oliveira Lussi, Universidade Federal de São Carlos

Possui graduação em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos (1991), mestrado em Filosofia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2003) e doutorado em Ciências, Programa de Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (2009). Realizou Estágio Pós-Doutoral no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra/Portugal, junto ao Núcleo de Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito (DECIDe), sob supervisão do Prof. Dr. Boaventura de Sousa Santos, no período de abril a outubro de 2016. É Professora Associada da Universidade Federal de São Carlos, vinculada ao Departamento de Terapia Ocupacional, ao Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional e ao Núcleo Multidisciplinar e Integrado de Estudos, Formação e Intervenção em Economia Solidária (NuMI-EcoSol) da UFSCar. Como terapeuta ocupacional, atua na área de saúde mental. Fazem parte de suas experiências de intervenção, ensino e pesquisa: saúde mental, reabilitação psicossocial, inclusão social pelo trabalho de pessoas em desvantagem social, economia solidária, cooperativas sociais, tecnologias sociais, emancipação social e processos de trabalho. Foi Coordenadora do NuMI-EcoSol, de 2012 a 2014, e Chefe do Departamento de Terapia Ocupacional da UFSCar por 3 gestões. Foi Vice-Diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da UFSCar, de 2021 a 2022. Atualmente é Diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Em 2021, foi finalista ao Prêmio Jabuti pela organização do livro "Engajamento e reflexão transversal em economia solidária". Foi Bolsista Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora DT-2, de março/2013 a fevereiro/2022. Atualmente é Bolsista Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora DT-1D.

Referências

1. World Health Organization. World mental health report: transforming mental health for all. Geneva: World Health Organization; 2022.

2. Petersen I, Van Rensburg A, Kigozi F, Semrau M, Hanlon C, Abdulmalik J, et al. Scaling up integrated primary mental health in six low- and middle-income countries: obstacles, synergies and implications for systems reform. BJ Psych Open. 2019;5(5):e69. https://doi.org/10.1192/bjo.2019.7

3. Petersen I, Van Rensburg A, Gigaba SG, Luvuno ZBP, Fairall LR. Health systems strengthening to optimise scale-up in global mental health in low- and middle-income countries: lessons from the frontlines. A re-appraisal. Epidemiology and Psychiatric Sciences. 2020;29:e135. https://doi.org/10.1017/S2045796020000475

4. Oliveira GN. O Projeto Terapêutico como contribuição para a mudança [dissertação]. Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. Universidade Estadual de Campinas. 2007.

5. Cunha GT. Clínica Ampliada, Equipe de Referência e Projeto Terapêutico Singular [internet]. Brasília; 2007 [acesso em 2021 Dez 17]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_2ed.pdf

6. Junior HS, Franco TB, Merhy EE. Projeto terapêutico como dispositivo para o cuidado compartilhado. 1a ed. Porto Alegre (RS): Rede Unida; 2022. https://doi.org/10.18310/9788554329778

7. Depole B de F, Marcolino TQ, Oliveira GN, Cunha GT, Ferigato SH. Projeto Terapêutico Singular: Uma visão panorâmica de sua expressão na produção científica brasileira. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental [Internet]. 2022 [acesso em 2023 Abr 21];14(38):01–25. https://doi.org/10.5007/cbsm.v14i38.73119

8. Zubiaurre P de M, Wasum FD, Tisott ZL, Barroso TMMD de A, de Oliveira MAF, de Siqueira DF. O desenvolvimento do projeto terapêutico singular na saúde mental: revisão integrativa. Arq ciências saúde Unipar [Internet]. 2023 [acesso em 2024 Ago 1];27(6):2788-804. https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i6.2023-041

9. Campos GW de S. Saúde pública e saúde coletiva: campo e núcleo de saberes e práticas. Cien Saude Colet [Internet]. 2000 [acesso em 2022 Abr 12];5:219–30. https://doi.org/10.5216/sec.v3i1.456

10. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental [...]. Brasília, 23 dez 2011. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt3088_23_12_2011

11. Morato GG, Lussi IA de O. Contribuições da perspectiva de Reabilitação Psicossocial para a terapia ocupacional no campo da saúde mental. Cad Bras Ter Ocup [Internet]. 2018 [acesso em 2023 Abr 12];26(4):943–51. https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoARF1608

12. Leão A, Salles MM. Cotidiano, Reabilitação Psicossocial e Território: Reflexões no campo da terapia ocupacional. In: Matsukura TS, Salles MM, org. Cotidiano, Atividade Humana e Ocupação. São Carlos (SP): EDUFSCar; 2016. p. 61–76.

13. Minayo MCS. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. [Internet]. Petrópolis (RJ): Vozes; 2023 [acesso em 2024 ago 5]. Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br (Manuais Acadêmicos).

14. Oliveira S, Guimarães OM, Ferreira JL. As entrevistas semiestruturadas na pesquisa qualitativa em educação. LNH [Internet]. 2023 [acesso em 2024 Ago 6];24(55):210-36. https://doi.org/10.5965/1984723824552023210

15. Malfitano APS, Cruz DMC, Lopes RE. Terapia ocupacional em tempos de pandemia: seguridade social e garantias de um cotidiano possível para todos. Cad. Bras. Ter. Ocup. [Internet]. 2020 [acesso em 2024 Jul];28(2):401-4. https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoED22802

16. Bardin L. Análise de Conteúdo. 1 ª ed. Lisboa: Edições 70; 2016.

17. Fiorati RC, Arcêncio RA, Souza LB. Social inequalities and access to health: challenges for society and the nursing field. Rev latinoam enferm. 2016 [acesso em 2023 Abr 19];24:e2687. https://doi.org/10.1590/1518-8345.0945.2687

18. Kinoshita RT, Trino AT, Guimarães CS, Castro CA de, Prado CMAS. Atenção psicossocial e bem viver: relato de experiência de um Projeto Terapêutico Singular pelas dimensões da Felicidade Interna Bruta. Saúde debate [Internet]. 2021 [acesso em 2023 Abr 12]; 44(spe3):320–32. https://doi.org/10.1590/0103-11042020e326

19. Rodrigues da Silva J, Guazina FMN, Pizzinato A, Bones Rocha K. O “singular” do projeto terapêutico: (Im)possibilidades de construções no CAPSi. Rev Polis Psique. [Internet]. 2019 [acesso em 2024];9(1):127-46. https://doi.org/10.22456/2238-152X.83043

20. Constantinidis TC, De Andrade AN. Demanda e oferta no encontro entre profissionais de saúde mental e familiares de pessoas com sofrimento psíquico. Cien Saude Colet [Internet]. 2015 [acesso em 2023 Ago 22];20(2):333–42. https://doi.org/10.1590/1413-81232015202.18652013

21. Bustamante V, Onocko-Campos R. Cuidado às famílias no Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil: uma pesquisa-intervenção com trabalhadores. Debate sobre saúde [Internet]. 2020] [acesso em 2024 Ago 6]Out;44(spe3):156–69. https://doi.org/10.1590/0103-11042020E314

22. Silva N dos S, Sousa JM, Nunes FC, Farinha MG, Bezerra ALQ. Desafios na operacionalização dos Projetos Terapêuticos Singulares nos Centros de Atenção psicossocial. Psicol estud [Internet]. 2020 [acesso em 2024 Ago 6];25:e49996. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v25i0.49996

23. Vasconcelos EM. Novos horizontes em saúde mental: análise de conjuntura, direitos humanos e protagonismo de usuários(as) e familiares. 1. ed. São Paulo: Hucitec; 2021. Cap. 1, Estratégia antimanicomial para resistir e avançar: abordagens baseadas em direitos e protagonismo de usuários(as) e familiares; p.39 – 91.

24. Lussi IA de O. Emancipação social e terapia ocupacional: aproximações a partir das Epistemologias do Sul e da Ecologia de Saberes. Cad Bras Ter Ocup [Internet]. 2020 [acesso em 2024 Ago 6];28(4):1335–45. https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoEN2015

25. Portal PSC, Santos T de OCG, Guimarães S do S de V, Barreiros M de P, Pinto RB, Dias CH, et al. Equipes multidisciplinares como dispositivos de “referência técnica” em saúde mental nos CAPS e gestão do cuidado: uma revisão integrativa da literatura. RSD [Internet]. 2021 [acesso em 2024 Jul 23];10(6):e21010615747. https://doi.org/10.33448/rsd-v10i6.15747

26. Leão A, Lussi IA de O. Estigmatização: consequências e possibilidades de enfrentamento em Centros de Convivência e Cooperativas. Interface (Botucatu) [Internet]. 2021 [acesso em 2022 Abr 12];25:e200474. https://doi.org/10.1590/interface.200474

27. Ministério da Saúde (BR). Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação-Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. Nota Técnica n.11/2019. Esclarecimentos sobre as mudanças na Política Nacional de Saúde Mental e nas Diretrizes da Política Nacional sobre Drogas. Brasília. 4 fev 2019.

28. Cruz NF de O, Gonçalves RW, Delgado PGG. Retrocesso da reforma psiquiátrica: o desmonte da política nacional de saúde mental brasileira de 2016 a 2019. Trab educ saúde [Internet]. 2020 [acesso em 2022 Abr 12];18(3):e00285117. https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00285

29. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2003.

Publicado

26-05-2025

Como Citar

Colato, Érika R. de, & de Oliveira Lussi, I. A. (2025). Potências e desafios na construção e condução do projeto terapêutico singular em saúde mental: Powers and challenges in the construction and conduction of the singular therapeutic project in mental health. Saúde E Pesquisa, 18, e13053. https://doi.org/10.17765/2176-9206.2025v18e13053

Edição

Seção

Artigos Originais