Transtornos mentais comuns em mulheres de cidades rurais: prevalência e variáveis correlatas

Palavras-chave: Mulher, Prevalência, Rural, Saúde Mental, Transtornos Mentais Comuns

Resumo

Analisar a prevalência dos Transtornos Mentais Comuns (TMC) em mulheres residentes em cidades rurais do Estado da Paraíba/Brasil e a associação dos TMC com os aspectos socioeconômicos, vivência de violência doméstica e cuidados em saúde mental. Participaram 608 mulheres entre 18 e 83 anos de idade (43 ± 14,640). Utilizou-se um questionário sociodemográfico e o Self-Reporting Questionnaire-20. Os dados foram analisados através de análises estatísticas descritivas e bivariadas. A prevalência de TMC foi de 31,6%, com maior índice em mulheres acima dos 50 anos, separadas/divorciadas, com baixa escolaridade e renda. As variáveis preditoras para o TMC foram: ser vítima de violência doméstica, vivência de situação estressora; e a inter-relação entre variáveis como ter mais de 50 anos, ter antecedentes familiares com sofrimento psíquico e renda entre um e dois salários mínimos. Elementos socioculturais significativos no que tange à saúde mental ligados às relações de gênero predizem o aparecimento de TMC nesta população.

Biografia do Autor

Francisca Marina de Souza Freire Furtado, Hospital Universitário Alcides Carneiro (Campina Grande, Paraíba)
Psicóloga. Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade Federal da Paraíba. Psicóloga e preceptora no Hospital Universitário Alcides Carneiro, Campina Grande, Paraíba
Ana Alayde Werba Saldanha, Universidade Federal da Paraíba departamento de Psicologia. Programa de Pós-graduação em Psicologia Social.
Pós-Doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP). Docente associado I da Universidade Federal da Paraíba, no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social (Mestrado e Doutorado) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Carla Marina Madureira de Matos Moleiro, Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL).
Doutora em Psicologia Clínica pela Universidade da California. Professora universitária no Departamento de Psicologia Social e das Organizações da Escola de Ciências Sociais e Humanas do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa (CIS-IUL)
Josevânia da Silva, Universidade Estadual da Paraíba Mestrado em Psicologia da Saúde
Psicóloga. Docente Doutora em Psicologia Social. Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Departamento de Psicologia. Docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde (Mestrado).

Referências

Borges, TL, Kathleen M H, Miasso AI. Transtornos mentais comuns e uso de psicofármacos em mulheres atendidas em unidades básicas de saúde em um centro urbano brasileiro. Revista Panamericana de Salud Pública. 2015; 38: 195-201.

Silva-Junior JS, Fischer FM. Afastamento do trabalho por transtornos mentais e estressores psicossociais ocupacionais. Revista Brasileira de Epidemiologia. 2015;18(4): 735-744.

Monteiro RA, Bahia CA, Paiva EA, Sá NNB, Minayo MCS. Hospitalizações relacionadas a lesões autoprovocadas intencionalmente - Brasil, 2002 a 2013. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2015; 20(3): 689-699

World Health Organization. Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates. Geneva: World Health Organization; 2017.

Coutinho LMS, Matijasevich A, Scazufca M, Menezes PR. et al. Prevalência de transtornos mentais comuns e contexto social: análise multinível do São Paulo Ageing & Health Study (SPAH). Cadernos de Saúde Pública [online]. 2014; 30(9): 1875-1883

Goldberg D, Goodyer I. The origins and course of common mental disorders. Routledge: London & New York; 2005.

Souza LPS, Barbosa BB, Silva CSO, Souza AG, Ferreira TN, Siqueira LG. Prevalência de transtornos mentais comuns em adultos no contexto da Atenção Primária à Saúde. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental. 2017; (18):59-66.

Leite, JF, Dimenstein M, Macedo JPS, Dantas CB, Silva EL, Sousa AP. Condições de vida, saúde mental e gênero em contextos rurais: um estudo a partir de assentamentos de reforma agrária do Nordeste brasileiro. Avances en Psicología Latinoamericana. 2017; 35(2), 301-316.

Silva E, Dimenstein M, Leite JF, Macedo JP, Dantas CMB, Torquato J, Silva M, Belarmino VH, Cirilo Neto M, Sousa AP. Saúde mental, condições de vida e gênero: transtornos mentais comuns em assentamentos rurais. In: Dimenstein M, Leite J, Macedo JPS, Dantas C, Orgs. Condições de vida e saúde mental em contextos rurais. São Paulo: Intermeios; 2016. p. 247-278.

Silva J, Pichelli AAWS, Furtado FMS. O envelhecimento em cidades rurais e a análise das vulnerabilidades em saúde. In: Carvalho CMRG, Araújo, LF. Orgs. Envelhecimento e práticas gerontológicas. Curitiba: CRV - coedição: Teresina: EDUFPI; 2017. p. 291-310.

Cirilo Neto M, Dimenstein M. Saúde Mental em Contextos Rurais: o Trabalho Psicossocial em Análise. Psicologia: Ciência e Profissão. 2017; 37(2), 461-474.

Furtado FMSF. Vivendo à margem: prevalência e vulnerabilidades ao transtorno mental comum em mulheres residentes em cidades rurais paraibanas [Tese de Doutorado]. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba; 2016.

Brilhante AVM, Moreira GAR, Vieira LJES, Silva RM, Catrib AMF. O “macho nordestino" em formação: sexualidade e relações de gênero entre adolescentes. Revista Brasileira em Promoção da Saúde. 2015; 28(4): 471-478.

Mari JJ, Williams P. Comparison of the validity of two psychiatric screening questionnaires (GHQ-12 and SRQ-20) in Brazil, using Relative Operating Characteristic (ROC) analysis. Psychol Med. 1985; 15:651-659.

Gonçalves DM, Stein AT, Kapczinski F. Avaliação de desempenho do Self-Reporting Questionnaire como instrumento de rastreamento psiquiátrico: um estudo comparativo com o Structured Clinical Interview for DSM-IV-TR. Cadernos de Saúde Pública. 2008; 24(1): 380-390.

Silva PAS, Rocha SV, Santos CA, Amorim CR, Vilela ABA. Prevalência de transtornos mentais comuns e fatores associados entre idosos de um município do Brasil. Ciencia & saude coletiva. 2018; 23(2): 639-646.

Costa MG, Dimenstein M, Leite JF. Estratégias de cuidado e suporte em saúde mental entre mulheres assentadas. Revista Colombiana de Psicología. 2015; 24(1): 13-28.

Soares JDSF, Lopes MJM. Experiências de mulheres em situação de violência em busca de atenção no setor saúde e na rede intersetorial. Interface-Comunicação, Saúde, Educação. 2018; 22(66): 789-800.

Alves TM. Gênero e saúde mental: algumas interfaces. Working Paper. 2017; 2(3): 1-22.

Freitas PVN. O circuito inferior e o meio construído nas pequenas cidades do Seridó Ocidental Paraibano [Trabalho de Conclusão de Curso]. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba; 2013.

Gomes R. Pequenas cidades e dinâmicas de inserções no processo de globalização: uma leitura a partir da realidade brasileira. Revista de Geografia e Ordenamento do Território. 2012; 2(1): 117-138.

Mascarenhas MS. Aspectos psicossociais do trabalho e transtorno mentais comuns entre trabalhadores informais feirantes [Dissertação de Mestrado]. Universidade Estadual de Feira de Santana; 2014.

Santos DR, Mesquita AA. Avaliação das condições de trabalho e sofrimento psíquico em camelôs. Revista Psicologia e Saúde. 2016; 8(2): 29-42.

Souza LP. Gênero: dimensão contemplada no Bolsa Família? Textos & Contextos. 2017; 16(1), 83-99:

Morton GD. Acesso à permanência: diferenças econômicas e práticas de gênero em domicílios que recebem Bolsa Família no sertão baiano. Política & Trabalho: Revista de Ciências Sociais. 2013; 38(1): 43-67.

Moura MAV, Netto LA, Souza MHN. Perfil sociodemográfico de mulheres em situação de violência assistidas nas delegacias especializadas. Esc Anna Nery. 2012; 16(3): 435-442.

Paffer AT, Ferreira HS, Cabral Júnior CR, Miranda CT. Prevalence of common mental disorders in mothers in the semiarid region of Alagoas and its relationship with nutritional status. São Paulo Medical Journal. 2012; 130(2): 84-91.

Oliveira EN, Eloia SMC, Lima DS, Eloia SC, Linhares AMF. A família não é de ferro: ela cuida de pessoas com transtorno mental. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online. 2017; 9(1): 71-78.

Publicado
2019-03-04
Seção
Artigos Originas - Promoção da Saúde