Regeneração natural em remanescentes de Floresta Ombrófila Mista sob diferentes manejos do estrato herbáceo

Palavras-chave: Biodiversidade, Caíva, Sistemas agroflorestais

Resumo

Visando contribuir para o melhor entendimento da regeneração da Floresta Ombrófila Mista (FOM), apresenta-se resultado de pesquisa que avaliou o impacto de dois tipos de manejo do estrato herbáceo como pastagem (tradicional e melhorada com sobressemeadura) na regeneração natural do componente arbóreo em remanescentes de FOM no Norte de Santa Catarina. Nestes locais, tradicionalmente, ocorre a extração da erva-mate associada a criação bovina leiteira, sistema regionalmente denominado de caíva. No geral, evidenciou-se que, independente do manejo adotado, a regeneração natural das espécies arbóreas típicas de FOM é um processo ativo, presente e contínuo nas caívas avaliadas. Evidenciou-se significativa diferença na diversidade e densidade total de indivíduos do componente de regeneração, sendo esta mais expressiva nas caívas sobressemeadas. A alta incidência de rebrotas e reduzida presença de indícios de indivíduos com dano por pastejo sugerem que as roçadas frequentes, mais do que o pisoteio e pastejo animal, são processos atrelados ao manejo das caívas que determinam importante impacto negativo sobre o componente regenerativo. Embora as caívas estudadas tenham apresentado níveis satisfatórios de regeneração, há necessidade da adoção de medidas que minimizem as pressões negativas atuantes no sistema.

Biografia do Autor

Lígia Carolina Alcântara Pinotti, Universidade Cesumar - UniCesumar
Mestre em Agronomia - Produção Vegetal, docente de Pós-graduação Lato sensu em Gestão de Projetos da Universidade Cesumar - UniCesumar, Curitiba (PR), Brasil
Ana Lúcia Hanisch, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural – EPAGRI, Canoinhas/SC
Doutora em Agronomia - Produção Vegetal, Pesquisadora na Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (EPAGRI), Canoinhas (SC), Brasil.
Raquel Rejane Bonato Negrelle, Universidade Federal do Paraná – UFPR
Doutora em Ecologia e Recursos Naturais, docente permanente do Programa de Pós-graduação em Agronomia - Produção Vegetal da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba (PR), Brasil.

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Publicado
2020-10-01
Seção
Agronegócio