DESIGUALDADES DE GÊNERO, CAMPOS DE CONHECIMENTO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL DE ENGENHEIRAS CIVIS
DOI:
https://doi.org/10.17765/1516-2664.2019v24n2p399-417Palavras-chave:
Desigualdade de Gênero, Engenharia Civil, Conhecimento, SaúdeResumo
Este artigo propõe uma reflexão sobre desigualdades de gênero no campo da Engenharia Civil, atendo-se na persistência dos estereótipos de gênero e suas consequências no exercício desta atividade profissional. Trata-se de um resultado de pesquisa desenvolvida numa perspectiva feminista e que metodologicamente empregou métodos qualitativos de discussão bibliográfica e entrevistou oito profissionais da área, sendo quatro engenheiros e quatro engenheiras; metade de cada grupo com idade inferior a 30 anos, outra metade com 30 anos ou mais. Evidenciou-se que o aumento do número de mulheres na engenharia civil não se refletiu no fim das discriminações, persistindo noções naturalizadas sobre as diferenças de gênero. Por outro lado, a própria realização deste artigo demonstra que as teorias feministas têm contribuído para a revisão crítica de práticas cotidianas na busca de condições menos desiguais de exercício acadêmico e profissional. Conclui-se que preconceito e discriminação comprometem o desempenho profissional, com reflexos negativos sobre a qualidade de vida e a saúde das mulheres.Referências
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