DESENHO GEOMÉTRICO E GRAFISMO TUPINAMBÁ EM OLIVENÇA, ILHÉUS, BA, BRASIL: ANÁLISE PRELIMINAR
DOI:
https://doi.org/10.17765/1516-2664.2020v25n1p170-192Palavras-chave:
Grafismo Tupinambá, Geometria, Desenho de observaçãoResumo
Este artigo apresenta os resultados do plano de trabalho de pesquisa: “Análise preliminar da geometria no gra?smo produzido pela comunidade Tupinambá” localizada no distrito de Olivença, município de Ilhéus, BA e vinculado à pesquisa-ação “Arquitetura Vernacular habitacional como expressão ambiental e cultural no Litoral Sul da Bahia” que vem sendo desenvolvida desde 2016. As atividades pautaram-se no protocolo de aprovação Conep 2.552.460/2018. O plano de trabalho objetivou registrar e analisar o gra?smo quanto à geometria implícita e explícita em sua composição. Tal “idioma-código” vem sendo expresso por meio da pintura corporal e “impresso” nas paredes das habitações vernaculares. Os dados foram coletados entre dezembro de 2018 e abril de 2019, por meio da observação participante e desenhos de observação do gra?smo. A composição grá?ca foi analisada considerando princípios da geometria plana e não plana a ?m de identi?car as ? guras geométricas, fractais, sua disposição/ organização quanto à simetria, rotação, translação e os algoritmos geométricos. Os resultados mostraram que a composição grá?ca considera o contexto geográ?co e biodiversidade onde a comunidade indígena está inserida e carrega elementos grá?cos resultantes da “etnogênese” e reelaboração cultural reforçando a identidade étnica Tupinambá. Dentre as principais formas geométricas identi?cadas, durante a análise, predominam: os círculos, os quadrados, os losangos, os triângulos, as linhas retas e onduladas. A composição grá?ca apresenta simetria a partir de um eixo central e propriedades de rotação e translação. Já os algoritmos geométricos, fractais, foram constatados no conjunto de formas que se torna o elemento grá?co que se repete em maior ou menor escala.Referências
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