Medicalização, saúde mental e biopolítica: uma revisão integrativa

Palavras-chave: Psicopatologia, Atenção Psicossocial, Psicofármacos

Resumo

Este estudo objetivou investigar o fenômeno da medicalização em adultos no campo da saúde mental no contexto brasileiro, problematizando o uso de medicamentos como principal ferramenta terapêutica para lidar com o sofrimento psíquico, dispondo do entendimento de biopoder por meio de Foucault e das contribuições de Amarante para o campo da saúde mental. Adotou-se como método a revisão integrativa de literatura a partir de artigos científicos publicados no Portal de Periódicos da Capes e nas bibliotecas eletrônicas científicas SciELO e PePSIC entre 2011 e 2021. Os dados coletados foram tratados por meio da técnica de análise temática de conteúdo. Apontou-se a medicalização como lógica que limita as subjetividades e atua na manutenção do sistema político-econômico vigente. Além disso, identificou-se a correlação entre o uso indiscriminado de medicações e a individualização do sofrimento, reduzindo o cuidado à saúde. Portanto, contribuiu-se para condições desmedicalizantes e antimanicomiais.

Biografia do Autor

Paula Eduarda Carloto Peralta, Universidade Estadual de Londrina – UEL
Graduanda em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina (PR), Brasil
Ananda Kenney da Cunha Nascimento, Universidade Estadual de Londrina - UEL
Doutora em Psicologia clínica pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), Recife (PE), Brasil. Professora Colaboradora no Departamento de Psicologia Social e Institucional da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina (PR), Brasil.
Eneida Santiago, Universidade Estadual de Londrina - UEL
Doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual Paulista (Unesp-Assis), Assis (SP), Brasil. Professora Adjunta do Departamento de Psicologia Social e Institucional da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Docente do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Psicologia (PPGPSI-UEL), Londrina (PR), Brasil.

Referências

1. Amarante P, Freitas F. Medicalização em psiquiatria. 2. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2017. 146 p.

2. Cavalcante DM, Cabral BEB. Uso de medicamentos psicotrópicos e repercussões existenciais para usuários de um CAPS II. Estud Psicol. 2017;22(3):293-304. doi: http://dx.doi.org/10.22491/1678-4669.20170030

3. Félix-Silva AV, Soares GP. Processos de subjetivação em arte e saúde mental em um manicômio judiciário. Psicol Ciênc Prof. 2021;41(spe4):1-16. doi: https://doi.org/10.1590/1982-3703003212322

4. Amarante P. Saúde mental e atenção psicossocial 4. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2019. 123 p.

5. Duarte MVG, Barros GS, Cabral BEB. Uso de drogas e cuidado ofertado na Raps: o que pensa quem usa? Saúde Debate. 2020;44(127):1151-63. doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104202012715

6. Dalgalarrondo P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3. ed. Porto Alegre: Artmed; 2019. 505 p.

7. Foucault M. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes; 2010. 452p.

8. Mendes KDS, Silveira RCC, Galvão CM. Uso de gerenciador de referências bibliográficas na seleção dos estudos primários em revisão integrativa. Texto & Contexto Enferm. 2019;28(e20170204):1-13. doi: https://doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2017-0204

9. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec; 2014. 407 p.

10. Aguilar ML, Campos RTO, Dorigatti AE, Fonseca FG, Madureira RM, Nascimento JL. Projeto terapêutico singular no âmbito da saúde mental: uma experiência no curso de graduação em Medicina. Rev Bras Educ Méd. 2014;38(1):113-9. doi: https://doi.org/10.1590/S0100-55022014000100015

11. Filardi AFR, Mendonça SAM, Oliveira DR. O ser humano é assim, sofre, mas alguns dias são piores: a percepção dos pacientes para o início do uso dos medicamentos psicotrópicos. Psicol Est. 2021;26(e46557):1-13. doi: https://doi.org/10.4025/psicolestud.v26i0.46557

12. Affonso PHB, Bernardo MH. A vivência de profissionais do acolhimento em Unidades Básicas de Saúde: uma acolhida desamparada. Trab Educ Saúde. 2015;13(1):23-43. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1981-7746-sip00041

13. Onocko-Campos RT, Passos E, Palombini AL, Santos DVD, Stefanello S, Gonçalves LLM, et al. Gestão autônoma da medicação: uma intervenção analisadora de serviços em saúde mental. Ciênc Saúde Colet. 2013;18(10):2889-98. doi: https://doi.org/10.1590/S1413-81232013001000013

14. Ferrazza DA, Rocha LC, Luzio CA. Medicalização em um serviço público de saúde mental: um estudo sobre a prescrição de psicofármacos. Gerais. [Internet]. 2013 [citado em 24 mar. 2023];6(2):255-65. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-82202013000200008&lng=pt&tlng=pt

15. Constantinidis TC, Cid MFB, Santana LM, Renó SR. Concepções de profissionais de saúde mental acerca de atividades terapêuticas em CAPS. Trends Psychol. 2018;26(2):911-26. doi: https://doi.org/10.9788/TP2018.2-14Pt

16. Bezerra IC, Morais JB, Paula ML, Silva TMR, Jorge MSB. Uso de psicofármacos na atenção psicossocial: uma análise à luz da gestão do cuidado. Saúde Debate. 2016;40(110):148-61. doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611011

17. Caminha ECCR, Jorge MSB, Pires RR, Carvalho RRS, Costa LSP, Lemos AL, et al. Relações de poder entre profissionais e usuários da Atenção Primária à Saúde: implicações para o cuidado em saúde mental. Saúde Debate. 2021;45(128):81-90. doi: https://doi.org/10.1590/0103-1104202112806

18. Filardi AFR, Passos ICF, Mendonça SAM, Ramalho-de-Oliveira D. Medicalização da vida nas práticas vinculadas à Estratégia Saúde da Família. Rev Latinoam Psicopatol Fundam. 2021;24(2):421-45. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1415-4714.2021v24n2p421.10

19. Santos DVD, Federhen C, Silva TA, Santos IR, Levino CA, Onocko-Campos RT, et al. A gestão autônoma da medicação em Centros de Atenção Psicossocial de Curitiba (PR). Saúde Debate. 2020;44(esp.3):170-83. doi: https://doi.org/10.1590/0103-11042020E315

20. Bezerra IC, Jorge MSB, Gondim APS, Lima LL, Vasconcelos MGF. “Fui lá no posto e o doutor me mandou foi pra cá”: processo de medicamentalização e (des)caminhos para o cuidado em saúde mental na Atenção Primária. Interface Comun Saúde Educ. 2014;18(48):61-74. doi: https://doi.org/10.1590/1807-57622013.0650

21. Lima LT, Surjus S, Pereira EM, Lauria BC, Thomé AM. Articulações GAM em Santos e a partir de Santos. Rev Polis Psique. 2020;10(2):122-42. doi: http://dx.doi.org/10.22456/2238-152X.103710

22. Campos DB, Bezerra IC, Jorge MSB. Produção do cuidado em saúde mental: práticas territoriais na rede psicossocial. Trab Educ Saúde. 2019;18(1):1-18. doi: https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00231

23. Sousa PF, Maciel SC, Medeiros KT. Paradigma biomédico X psicossocial: onde são ancoradas as representações sociais acerca do sofrimento psíquico? Temas Psicol. 2018;26(2):883-95. doi: https://doi.org/10.9788/TP2018.2-13Pt

24. Barbosa VFB, Caponi SN, Verdi MIM. Risco como perigo persistente e cuidado em saúde mental: sanções normalizadoras à circulação no território. Saúde Soc. 2018;27(1):175-84. doi: https://doi.org/10.1590/S0104-12902018170233

25. Cescon LF, Capazzolo AA, Lima LC. Aproximações e distanciamentos ao suicídio: analisadores de um serviço de atenção psicossocial. Saúde Soc. 2018;27(1):185-200. doi: https://doi.org/10.1590/S0104-12902018170376

26. Oliveira EA, Martins CP. Sobre práticas de medicalização e “loucura”: algumas reflexões (in)disciplinadas. Rev Psicol Saúde. 2020;12(1):101-13. doi: https://doi.org/10.20435/pssa.v12i1.747

27. Lima DKRR, Guimarães J. Articulação da Rede de Atenção Psicossocial e continuidade do cuidado em território: problematizando possíveis relações. Physis: Rev Saúde Colet. 2019;29(3):1-20. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73312019290310

28. Meirelles MCP, Kantorski LP. Ação comunicativa: um olhar sobre processos de gestão de uma Rede de Atenção Psicossocial. Ciênc Saúde Colet. 2021;26(9):4183-92. doi: https://doi.org/10.1590/1413-81232021269.16342020

Publicado
2023-06-30
Seção
Artigos de Revisão