Efetividade de intervenções psicossociais online para a redução de depressão, ansiedade e estresse: estudo quase-experimental

Effectiveness of online psychosocial interventions for reducing depression, anxiety, and stress: a quasi-experimental study

Palavras-chave: Saúde mental, Covid-19, Sistemas de Apoio psicossocial, e-Terapias

Resumo

Este estudo teve por objetivo avaliar a efetividade de terapias psicossociais de grupo online na redução de sintomas de depressão, ansiedade e estresse durante a pandemia da COVID-19. Trata-se de estudo de quase-experimental, com aplicação da escala DASS-21 aos participantes de grupos terapêuticos (n=66), em dois momentos: pré e pós-terapias. As médias dos escores encontradas foram comparadas através do Teste t para amostras pareadas. Os resultados indicaram redução dos sintomas com diferenças estatisticamente significativas entre as médias, considerando p<0,01 e tamanhos de efeito que variaram de pequeno (0,20-0,49) a médio (0,50-0,80). As diferenças encontradas sugerem efetividade das terapias psicossociais de grupo online como estratégias de bem-estar, apoio psicossocial, matricial e espaços expressivos no enfrentamento do contexto pandêmico, podendo ser replicadas em outros contextos e nos serviços de saúde pública.

Palavras-chave: Saúde mental. Covid-19. Sistemas de Apoio psicossocial. e-Terapias.

 

INTRODUÇÃO

A Pandemia da COVID-19 afetou a saúde mental e o bem-estar psicológico das pessoas em todo o mundo. Estudos com amostras populacionais de vários países indicaram impactos na saúde mental, com alta prevalência de ansiedade, depressão, estresse, bem como alterações no bem-estar psicológico. Os grupos populacionais considerados em situação de maior vulnerabilidade foram caracterizados por mulheres, estudantes, pessoas de etnia não-branca, pessoas solteiras, sem emprego, e com maior risco de ser infectado1-7.

Tal situação avaliada por esses estudos, publicados ainda no início da pandemia, indicava que intervenções psicossociais online fossem realizadas, para minimizar o sofrimento psíquico. A Organização Panamericana de Saúde (OPAS) recomendou o desenvolvimento de estratégias de Saúde Mental e Apoio Psicossocial (SMAPS), por profissionais da saúde, não necessariamente psicólogos, que atuavam em serviços de saúde pública e estruturas existentes na comunidade. O objetivo principal seria reduzir o sofrimento psíquico das pessoas afetadas direta ou indiretamente pela COVID-198.

Em situação de surtos de doenças altamente contagiosas, intervenções consideradas psicossociais, que combinam ensino de estratégias psicológicas de enfrentamento, técnicas de relaxamento, abordagem cognitiva comportamental e técnicas espirituais, resultam em efeitos positivos na saúde de diferentes públicos, inclusive de trabalhadores da saúde. Esses efeitos incluíram promoção de bem-estar, resiliência, redução do estresse psicológico em crianças e adolescentes e aumento do senso de compromisso social9-10.

Uma revisão sistemática com 59 estudos sobre o impacto das fases iniciais da pandemia da COVID-19 na saúde mental de profissionais de saúde, identificou 6 trabalhos que descreviam implementações de intervenção psicossocial, sem qualquer tipo de análise sobre seus efeitos. Os autores indicaram a necessidade de projetar e avaliar tais ações, para que sejam geradas maiores evidências sobre essas intervenções11. Em ambientes hospitalares, a análise do apoio social, presencial ou online, mostrou melhorias nos mecanismos de enfrentamento ao estresse, sintomas relacionados ao sono, depressão e ansiedade, tanto para pacientes positivados para COVID-19, quanto para as equipes médicas que estavam à frente do cuidado de pacientes infectados12-13.

Em geral, o formato remoto de estratégias de SMAPS, com destaque para o apoio psicológico online de curto ou médio prazo, resulta em aproximação e comunicação durante os momentos de restrições sociais, superando fronteiras geográficas. Além disso, favorece o compartilhamento de experiências, sendo uma das formas de aliviar o medo e a ansiedade no enfrentamento dessa pandemia14-15.

Por meio da análise de dados provenientes de outros estudos, com o prolongamento da pandemia, o ambiente online mostrou-se, em diferentes contextos, como promissor para intervenções de SMAPS. Dos atendimentos individuais e psicológicos, citam-se: na Espanha, intervenção baseada em aplicativos, verificada em sua capacidade de reduzir sintomas de depressão, indicando redução moderada entre os participantes16; intervenções psicoterapêuticas online foram comparadas em relação à psicoterapia presencial, na Alemanha, e apresentaram-se como ferramenta útil, porém com recomendações para não acontecerem na forma de monoterapia17; terapias cognitivas comportamentais, autoguiadas por meio de leituras e disponibilizadas por meio de links de acesso em internet, também mostraram pequena, mas significativa redução nos sintomas de depressão e ansiedade em pessoas adultas, residentes na Austrália e Reino Unido18. Em trabalho de revisão narrativa da literatura, 6 trabalhos foram analisados sobre a tecnologia de Realidade Virtual aplicada às pessoas com distúrbios mentais. Essa ferramenta mostrou-se efetiva para melhorar a sensação de auxílio aos usuários e de presença psicológica durante a pandemia19.

Com menor frequência, intervenções grupais online também foram avaliadas durante a pandemia. Na Grécia, uma intervenção psicológica positiva online em grupo, mostrou-se eficaz entre os participantes, para produzir aumento significativo da resiliência, dos esforços; entender o ponto de vista do outro, e nos níveis de emoções positivas, e redução no nível das emoções negativas, permanecendo significativos após a conclusão da intervenção20. No Brasil, um grupo online de psicoeducação, coordenado por uma enfermeira e uma psicóloga, foi desenvolvido para estudantes universitários e resultou em oportunidade de melhorar o autoconhecimento, gerenciamento emocional, relações interpessoais, empatia e redução do estresse. O ambiente remoto foi considerado confortável para pessoas mais tímidas ou para aquelas com dificuldades em manter interações face a face. E como fatores limitantes da intervenção, os participantes referiram a falta de contato físico e uma possível sobrecarga da faculdade, dificultando horários disponíveis para o autocuidado21.

Uma revisão sistemática sobre intervenções psicológicas em grupos online analisou 24 artigos de diferentes países e públicos-alvo, demonstrou também melhoras nos recursos psicológicos (resiliência, empatia, satisfação com a vida, aspecto positivo), e reduções nos fatores de risco definidos pela pandemia. Além disso, intervenções grupais com participantes com doenças orgânicas demonstraram diminuição na dor, fadiga e distúrbios do sono, e diminuição dos sintomas psicopatológicos em pacientes com esclerose sistêmica. Entre as questões levantadas pelos autores, destacaram-se dúvidas relativas à adequação e efetividade de procedimentos específicos para características populacionais distintas, o papel dos fatores específicos e inespecíficos na comparação entre os grupos online e presenciais, e a necessidade de descrições mais detalhadas dos processos das intervenções. Ainda assim, os resultados foram encorajadores, para fornecer evidência científica sobre a eficácia das intervenções de grupos online em comparação com a intervenção presencial22.

Uma meta-análise com 10 estudos com ensaios clínicos randomizados sobre intervenções psicológicas online com estudantes de 7 universidades americanas, 2 asiáticas e 1 africana, verificou melhor eficácia na redução dos sintomas de estresse e depressão, especialmente nas intervenções psicológicas positivas. A eficácia foi mantida em avaliações de acompanhamento para sintomas de depressão, mas não para ansiedade. Frente a heterogeneidade elevada nos estudos incluídos, os autores sugerem que novos estudos devem ter um controle maior em variáveis, como setting do ensaio, características dos participantes, medidas de desfechos, forma de fornecer intervenções psicossociais e procedimentos do ensaio, além do acompanhamento do grupo controle23.

Outro estudo de revisão sistemática e uma meta-análise com 19 ensaios clínicos randomizados sobre múltiplas intervenções psicossociais durante a pandemia da COVID-19 fornece evidências de maior eficácia na redução dos sintomas de depressão e insônia, e menor para os sintomas de ansiedade e estresse. Esse estudo também refere a heterogeneidade dos estudos como um fator limitante, e aponta outro fator que diz respeito ao número limitado de artigos disponíveis que atendiam aos seus critérios de inclusão. Segundo os autores, muitos estudos não acompanharam os efeitos das intervenções ou não objetivaram dados sobre o grupo controle, dificultando a determinação da eficácia da internet nas intervenções psicossociais para determinados problemas de saúde mental24.

Constata-se que a maioria das intervenções é de natureza psicológica, realizadas individualmente, com abordagem comportamental16-18, 22-23. Além disso, algumas foram guiadas por terapeutas ou autoguiadas por meio de aplicativos19, 24. Quanto à eficácia, apresentaram, entre outros benefícios já citados, controle da depressão, ansiedade e do estresse25-27. Assim, o contexto pandêmico ampliou e estimulou a pesquisa científica e a criação de ferramentas digitais para a promoção do cuidado em saúde. Porém, ainda há muito o que melhorar e explorar em relação ao uso e estudo de tais tecnologias28.  

Nesse sentido, foi desenvolvido o Projeto e-Terapias para oferta e avaliação da efetividade de intervenções psicossociais, na forma de grupos terapêuticos online. Este estudo visou responder à seguinte questão: qual a efetividade das intervenções psicossociais on-line realizadas pelo ‘Projeto e-Terapias’, para reduzir os sintomas de depressão, ansiedade e estresse da população atendida? Desse modo, este estudo teve por objetivo avaliar a efetividade de intervenções psicossociais online na redução dos sintomas de depressão, ansiedade e estresse durante a pandemia da COVID-19.

 

MÉTODO

Trata-se de estudo quase-experimental, do tipo antes e depois29, baseado em escalas de medidas de sintomas de ansiedade, estresse e depressão, para avaliar intervenções psicossociais em grupo online, realizadas através do Projeto e-Terapias. Esse projeto surgiu durante a pandemia da COVID-19, como resultado da Pesquisa-Ação intitulada “Efetividade de e-terapias psicossociais no enfrentamento da pandemia da COVID-19”, envolvendo duas instituições de ensino superior públicas do Brasil e o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), através do Programa de Apoio às Pesquisas Prioritárias ao Sistema Único da Saúde (PPSUS).

Por meio do Projeto e-Terapias, quatro grandes modalidades de intervenções psicossociais de grupos online foram desenvolvidos: terapias de bem-estar, que visavam a promoção do bem-estar a partir da interação do grupo e de atividades dirigidas; terapias de apoio psicossocial, que trabalham com estratégias de cuidado na redução de sintomas de depressão, ansiedade e estresse; terapias de apoio matricial que oferecem apoio e reflexões sobre as práticas profissionais e seus desafios; e terapias expressivas que permitiam a expressão dos sentimentos e emoções através da escrita, da fala e das artes.  Ao todo, distribuídas nas quatro modalidades, o projeto desenvolveu 19 diferentes intervenções psicossociais online em grupo, ofertadas semestralmente, durante os anos de 2020 e 2021, com o uso de abordagens como: terapia comunitária integrativa, eneagrama, habilidades para a vida, cuidando da qualidade do sono, bate papo literário, escrita terapêutica, diálogos em rede, essa última para escuta e apoio matricial de trabalhadores das redes de atenção à saúde e à assistência social30.

Cada intervenção grupal ocorria em encontros semanais ou quinzenais, por aproximadamente três meses de duração, perfazendo 08 a 12 encontros por grupo, com duração entre 1 e 2 horas por cada sessão. A mediação era realizada por, no mínimo, por dois profissionais de diversas áreas da saúde, com atuação na saúde mental, a saber: profissionais de enfermagem, psicologia, psiquiatria, educação física, fisioterapia, nutrição, terapia ocupacional e assistência social. Todos eles receberam treinamento para atendimento por meio de tecnologias de informação e comunicação baseadas em internet para uso de plataformas digitais gratuitas, de modo síncrono e com possibilidade de videoconferência.

O ‘cardápio de ofertas’ das terapias psicossociais online estava disponível em site específico do projeto, com as especificações das propostas de grupos, periodicidade, datas de início e previsão de encontros, públicos direcionados, informações sobre os mediadores e suas abordagens. As pessoas interessadas acessavam o formulário de inscrição indicando suas escolhas.

A amostra não probabilística foi composta por 66 participantes dos grupos de intervenções online que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: ser maior de 18 anos; concordar em participar da pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; responder aos formulários de avaliação antes e depois da intervenção. Foram excluídos da amostra aqueles com respostas ao formulário de avaliação em apenas um dos momentos de aplicação e os que indicaram participação em mais de uma modalidade de e-terapia no mesmo período. 

Foi utilizado um questionário on-line, adaptado ao Google Forms, com tempo de preenchimento de aproximadamente dez minutos, contendo dados sociodemográficos como: sexo, faixa etária, cor, filhos, ocupação, renda, escolaridade, religião, cidade onde reside, se teve COVID-19 e o estado de saúde relatado; e os 21 itens da Escala de Depressão, Ansiedade e Estresses reduzida (DASS-21). Este questionário foi disponibilizado para autoaplicação em dois momentos: pré-terapia, considerado na primeira semana das intervenções, e pós-terapia, semana de finalização das intervenções.

A DASS-21 é uma escala de autorrelato que apresenta 21 itens, adaptada e validada para o português do Brasil. Sua pontuação é mediante uma escala, tipo Likert, variando de 0 (não se aplicou de maneira alguma) a 3 (aplicou-se muito ou na maior parte do tempo), referente aos sentimentos dos participantes na última semana. O instrumento é composto por três subescalas: depressão, ansiedade e estresse. Os valores de cada subescala foram somados e multiplicados por dois para obtenção do escore final, indicando os níveis de gravidade dos sintomas31.

Os dados foram analisados, inicialmente, mediante estatística descritiva e expressos em média e desvio padrão para variáveis contínuas e frequências absolutas e relativas para as variáveis categóricas. O cálculo do poder a posteriori foi realizado no software G Power v. 3.1.9.4 com o menor tamanho de efeito encontrado no estudo (dz=0,35), erro de 5% e n=66, resultando em um poder aproximado de 88%. O Coeficiente Alfa de Cronbach foi utilizado para avaliar a consistência interna do instrumento DASS-21 em cada uma das suas dimensões, além do escore total nos momentos pré e pós terapia. Os valores encontrados sugerem confiabilidade, conforme análise do coeficiente de Crohnbach32, que variaram entre alta (0,75-0,90) e muito alta (>0,90). O Teste t pareado foi utilizado para a comparação entre os valores médios dos escores resultantes da DASS-21, referentes a cada dimensão, e os valores totais entre os momentos pré e pós-terapia. O tamanho de efeito (dz de Cohen) para comparação de amostras pareadas foi calculado considerando valores pequenos (dz=0,20-0,49); médio (dz=0,50-0,79); grande (dz=0,80-1,19) e muito grande (dz ≥ 1,20)33. Para avaliar a proporção dos resultados referentes aos níveis de severidade dos sintomas, nos momentos pré e pós-terapia, utilizou-se o Teste McNemar para amostras relacionadas, recategorizando a DASS-21 em “níveis esperados” e “níveis acima do esperado”, considerando os pontos de corte indicados pela escala: depressão ≥ 10, ansiedade ≥ 7, estresse ≥ 1434. O nível de significância adotado foi de 5% para todas as análises e o pacote estatístico utilizado foi o IBM SPSS Statistics for Windows, Versão 25.0 (Armonk, NY: IBM).

Este estudo foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, sob o parecer de número: 4.063.178 e CAAE 31567220.51001.5526. Para responder ao questionário eletrônico, todos os participantes consentiam com sua participação, mediante concordância do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para sua participação, contido no questionário.

 

RESULTADOS

Foram coletadas 309 respostas no momento pré-terapia e 141 respostas no momento pós-terapia. Após utilização dos critérios de exclusão, a amostra se compôs com n=66. Os participantes eram em maioria do sexo feminino (83,3%), adultos jovens de 20 a 40 anos (65,2%) e sem filhos (65,2%). Quanto à cor, 78,7% declararam ser pretas, pardas e de origem indígena. 69,7% dos participantes moram em cidades baianas localizadas no entorno de uma das universidades onde a pesquisa-ação aconteceu. A ocupação mais frequente informada foi de estudantes (40,9%), em sua maioria universitários (36,4%), seguida de profissionais da saúde (13,6%), professores (12,1%), e 33,3% estão distribuídos em outras profissões ou não empregados. O total de 42,4% declarou renda familiar até R$ 2.000,00 (dois mil reais). Considerando o nível de escolaridade, 63,6% possuem, no mínimo, nível superior e 77,3% informaram ter alguma religião (Tabela 1).

No momento em que os participantes iniciaram as e-terapias, 93,9% ainda não haviam testado positivo para COVID-19 e 28,8% já haviam estado em quarentena ou isolamento social. O estado de saúde geral foi autorrelatado por 31,8% dos participantes como razoável a muito ruim (Tabela 1).

Quanto à participação nas modalidades das terapias psicossociais online ofertadas, a distribuição da escolha entre os participantes foi de 18,2% para as terapias de promoção de bem-estar; 54,5% para as de apoio psicossocial; 10,6% para as de apoio matricial e 16,7% para as terapias expressivas.

As comparações entre os escores médios resultantes nos momentos pré e pós-terapias são apresentadas na Tabela 2, segundo as dimensões da DASS-21 e o escore total. Foram observadas diferenças estatisticamente significativas (p<0,01) nos escores médios em todas as dimensões, com tamanhos de efeito que variaram de pequeno (0,20-0,49) a médio (0,50-0,80). Houve redução nos sintomas de depressão, ansiedade após as intervenções realizadas, com destaque para o maior tamanho de efeito na dimensão estresse.

Considerando as frequências das respostas ao DASS-21 por níveis de severidade dos sintomas, a comparação dos momentos pré e pós-terapias é demonstrada na Tabela 3. O teste exato de McNemar mostrou haver diferenças nas proporções de respostas para os níveis esperados de sintomas e níveis acima do esperado, entre os dois momentos de avaliação nas dimensões do DASS-21, com p<0,05 para cada uma delas. Entretanto, quando comparadas as proporções em relação ao resultado total, a diferença não foi estatisticamente significativa.

 

DISCUSSÃO

Este, possivelmente, é um dos poucos estudos que avaliou a efetividade de terapias psicossociais, produzidas por equipes multidisciplinares e ofertadas na forma de grupos terapêuticos online, na redução de sintomas relacionados a depressão, ansiedade e estresse, durante o período da pandemia da COVID-19, uma vez que a maioria dos estudos na literatura trata de intervenções psicológicas.

Os resultados encontrados sugerem que as terapias psicossociais online, aplicadas semanalmente, por cerca de três meses, colaboraram como apoio psicossocial, impactando positivamente na saúde mental da população pesquisada. As diferenças encontradas nos escores analisados sugerem efeito dessas intervenções na redução da sintomatologia aferida pela DASS-21.

Ao considerar os níveis de severidade dos sintomas, observou-se a mudança entre as categorias “níveis esperados” e “níveis acima do esperado” após a intervenção. Quando comparadas as proporções dessa migração considerando o resultado total, as diferenças apresentadas não foram estatisticamente significativas. Porém, observando separadamente as dimensões depressão, ansiedade e estresse, ocorreu maior número de pessoas com níveis esperados de sintomas, bem como a redução do número de pessoas com níveis acima do esperado, no pós-intervenção.

Esses achados corroboram outros estudos que avaliaram intervenções online, ofertadas em momentos de enfrentamento às situações de sofrimento psíquico decorrentes de eventos como a pandemia da COVID-19. Estas foram consideradas viáveis e importantes para mitigar os seus efeitos na saúde mental das pessoas, principalmente na redução dos sintomas de depressão e ansiedade35.

Os resultados relacionados ao estresse tiveram diferenças com maior tamanho de efeito, conforme encontrado na literatura27. Apenas um estudo de meta-análise que examinou eficácia de intervenções de apoio psicológico, para população em geral e profissionais de saúde, concluiu que houve benefício no controle da depressão e ansiedade, porém relatou efeito ambíguo para o estresse, sem valores estatisticamente significativos. Vale ressaltar que esse estudo também incluiu intervenções presenciais25, 27.

Foi observado que o perfil do público que mais procurou por grupos de terapias online coincide com os achados da literatura.  São populações cujas características sociodemográficas as tornam mais vulneráveis ao sofrimento psíquico e com maiores chances de apresentar sintomas mais severos de depressão, ansiedade e estresse durante este período: mulheres, adulto-jovens (18 a 40 anos), sem filhos, não brancas, estudantes universitários e com renda familiar menor que R$ 2.000,00, ou seja, de baixa renda. Esses dados mostram que a desigualdade de gênero, raça e de condições sociais impactaram diretamente na forma de sentir e enfrentar a pandemia36-37.

Quanto às ocupações informadas, houve participação de profissionais de várias áreas, com destaque para os trabalhadores da saúde, que tiveram sua demanda de trabalho aumentada e consequentemente maior exposição ao risco de contágio pela COVID-19. O período pandêmico elevou os sintomas de depressão, ansiedade e estresse em níveis diferentes em diferentes países. Mas, em geral, o estresse pós-traumático esteve em níveis mais altos nesses profissionais, sendo possivelmente uma das razões para buscarem apoio psicossocial nesse período38.

Do mesmo modo, procuraram apoio os profissionais docentes. Esses profissionais já eram afetados pela sobrecarga de trabalho, e durante a pandemia precisaram lidar com as mudanças e adequações no trabalho que se impuseram como grandes desafios durante a pandemia, apresentando altos escores de depressão, ansiedade e estresse nesse período39.

O elevado número de estudantes universitários participando das terapias pode ser explicado pelo fato de ser um projeto bastante divulgado nas universidades parceiras para sua execução e também pela possibilidade de receber acolhimento diante do desconforto emocional provocado pelas incertezas do progresso acadêmico interrompido nesse período.  Nesse sentido, consideram-se os fatores psicossociais que afetaram ainda mais a saúde mental de estudantes universitários40

Embora a maioria dos respondentes desta pesquisa ainda não tivesse sido infectado pela COVID-19 ao iniciar as terapias, tampouco estiveram em condição de quarentena e isolamento, sabe-se que a pandemia gerou comportamentos relacionados ao medo dessas situações ocorrerem. Aliado a isso, uma autopercepção de saúde individual apresentada como razoável e muito ruim sugere impactos na saúde mental, conforme aponta estudo publicado ainda no início da pandemia, com pessoas com sintomas da COVID-1941.

As terapias mais procuradas estavam entre as modalidades de apoio psicossocial e de promoção de bem-estar, possivelmente, por apresentarem propostas diretas de estratégias para lidar com os sintomas de ansiedade e estresse agravados na pandemia. Para melhor compreender as escolhas, motivação, adesão e satisfação dos participantes para com as e-terapias, outras investigações podem ser oportunas, inclusive para ampliar e melhorar suas ofertas.

A utilização de tecnologias de informação e comunicação baseadas em internet foi fundamental para se alcançar a população, quando o contato físico presencial se tornou impossibilitado pelas medidas impostas de distanciamento. Ao reduzir sintomas de estresse, ansiedade e depressão, as intervenções psicossociais online funcionaram como importante apoio e cuidado psicossocial, além do estabelecimento de conexões, trocas de experiências e vivências. Tais resultados corroboram estudos20, 24, 42 que demonstram as intervenções grupais online como estratégia de promoção da saúde mental viável e eficaz para aplicabilidade nos serviços de saúde pública, visando melhorar o acesso e a qualidade dos atendimentos. Portanto, as intervenções online permitem interação entre os sujeitos que precisam receber o apoio e os que podem ofertá-lo, em qualquer situação, mesmo após o contexto pandêmico43. Para melhor eficácia, sugere-se a oferta de intervenções personalizadas a grupos-alvo20.

Os resultados deste estudo também fornecem subsídios para ampliar os atores na promoção do cuidado em saúde mental, uma vez que trabalhou numa perspectiva pluridisciplinar, na formação dos profissionais que atuavam como moderadores dos grupos terapêuticos online, o que também possibilitou uma diversidade de tipos de intervenções. Além disso, este estudo pode servir de estímulo à elaboração de aplicativos para apoio psicossocial, e melhor captura de dados de forma contínua e detalhada que estude o comportamento humano e a saúde, a exemplo do Aplicativo Neuropesquisa28, desenvolvido para o estudo de biomarcadores de saúde mental. Assim, as ferramentas digitais poderão potencializar ações de prevenção e promoção da saúde mental.

É importante destacar que o acesso aos equipamentos de comunicação e à internet de qualidade ainda não é realidade para todas as pessoas no país estudado, sugerindo um desafio contemporâneo para a saúde pública das populações de baixa renda. Outro desafio relacionado ao acesso diz respeito à educação em tecnologias digitais necessária às populações com dificuldades de entender as ferramentas existentes. Um estudo44 que realizou treinamento digital em idosos pode fornecer fortes evidências do processo educativo como potencial ferramenta para o uso das novas tecnologias por essa população, contribuindo para melhorar escores psicológicos da qualidade de vida, com destaque para a autonomia.

Por fim, algumas limitações deste estudo estão relacionadas ao tipo da amostra, pois a proposta de intervenção avaliada tem característica de livre demanda, onde os participantes se inscreviam nas atividades considerando o seu interesse e possibilidade de participar; ausência de informações mais detalhadas sobre os dados sociodemográficos; não houve avaliação separada de cada terapia psicossocial online realizada pelo projeto, dificultando comparações sobre a efetividade de cada terapia; os escores encontrados dizem apenas sobre os sintomas autorrelatados; não houve investigação sobre utilização de estratégias ou tratamentos adicionais, durante o período em que os participantes frequentaram as e-Terapias; a ausência de grupo de controle.

 

CONCLUSÃO

Este estudo verificou que, diante de um evento com a magnitude da pandemia de COVID-19, a realização de intervenções psicossociais é importante para minimizar os efeitos negativos na saúde mental. Os resultados do presente estudo sugerem que as terapias psicossociais online, ofertadas em grupo e por equipe multidisciplinar em saúde mental, reduzem sintomas de depressão, ansiedade e estresse e servem como estratégias de promoção de bem-estar, apoio psicossocial e matricial, servindo também como espaços expressivos no enfrentamento do contexto pandêmico.

Apesar das limitações do estudo, a importância do resultado está na possibilidade de ampliar ações terapêuticas em saúde mental que possam chegar, independente da distância, através do uso de tecnologia de informação e comunicação baseada em internet. Tais ações devem ser voltadas para a população que esteja necessitando de apoio psicossocial, em momentos difíceis como a pandemia da COVID-19, podendo ser replicados em outros ambientes ou situações, inclusive, nos serviços de saúde pública.

Embora as terapias psicossociais online tenham demonstrado ter sido apoio psicossocial eficaz, elas não devem ser consideradas como única opção, em especial para os casos mais severos de depressão, ansiedade e estresse. Recomenda-se que outros estudos possam ser complementares para minimizar os efeitos de nossas limitações, para que estas estratégias sejam cada vez mais bem utilizadas e que se possa encontrar mais evidências sobre a eficácia dessas terapias.

Biografia do Autor

Carmen Silvia Silva Camuso Barros, Universidade Estadual de Santa Cruz
Graduada em Psicologia e Administração. Especialização em Saúde Pública com ênfase em ESF. Especialização em Psicologia Organizacional com ênfase em Gestão de Pessoas. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Santa Cruz. Analista Universitária, na função de psicóloga na Coordenação de Desenvolvimento de Recursos Humanos da Universidade Estadual de Santa Cruz (CDRH/UESC). Experiência em docência do ensino superior (Curso de Psicologia/Unime, 2011-2013). Atuação como Conselheira no Conselho Regional de Psicologia Terceira Região - CRP03 (XV Plenário, 2016-2019) e Atuação em Psicologia Clínica desde 2010. Temas de interesse: saúde mental e trasnversalidades, e-terapias, luta antimanicomial, teatro, música, poesia e capoeira.
Alexandre Justo Oliveira Lima, Universidade Estadual de Santa Cruz
Possui licenciatura e bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade Braz Cubas (UBC -1998 até 2002) e bacharelado em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Nove de Julho (UNINOVE - 2009 até 2011), Mestrado (2004 até 2006) e Doutorado (2006 até 2011) em Ciências com área de concentração Farmacologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pós-graduado em Análises clínicas pelo CRBIO e atualmente é professor Titular do Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC em Ilhéus - BA), leciona a matéria de Farmacologia. Foi Membro do comitê de ética e pesquisa em seres humanos, do comitê de iniciação científica, coordenador do Centro Regional de Referencia sobre Álcool, Crack e Outras Drogas (2013 a 2018). Este projeto visou desenvolver ação permanente vinculado à Secretaria Nacional de Política sobre drogas, destinado a qualificar profissionais das redes de atenção integral à saúde e assistência social sobre prevenção e intervenção ao uso de droga. Esteve Coordenador o programa de Mestrado de Ciências da Saúde da UESC (PPGCS) de 2015 a 2018. Esteve como Vice-Diretor do Departamento de Saúde da UESC (março 2022 até Janeiro 2023), atualmente está como Diretor do Departamento de Saúde da UESC, é responsável pelo Laboratório de Farmacologia Comportamental da UESC e realiza pesquisas com modelos pré-clínicos para estudo da farmacodependência e seu tratamento utilizando medicamentos off-label que modulam a via dopaminérgica e compostos naturais. Pai de Sthefany, Rafael e Enzo Verzani
David Ohara, Universidade Estadual de Santa Cruz
Professor do Departamento de Saúde I da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - BA. Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação Física (UESB/UESC), Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS/UESC) e Docente Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF/UESC). Graduado em Educação Física (UEL) concluiu o mestrado, doutorado e pós-doutorado em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado UEM/UEL na linha de Atividade Física Relacionada à Saúde. Realizou estágio de doutorado sanduíche na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa - Portugal. É líder do Grupo de Extensão e Pesquisa em Atividade Física, Comportamento Sedentário e Saúde (GEPAFCSS) e integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa em Metabolismo, Nutrição e Exercício (GEPEMENE). É membro da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde (SBAFS), membro da South American Physical Activity and Sedentary Behavior Network (SAPASEN) e da Rede Brasileira de Mensuração da Atividade Física e Comportamento Sedentário (REBRAFCS) Possui experiência na área de Educação Física, com ênfase na avaliação da aptidão física, atividade física/comportamento sedentário e treinamento com pesos.
Paulo César Ribeiro Barbosa, Universidade Estadual de Feira de Santana
Possui pós doutorado no Departamento de Psiquiatria da Univerity of New Mexico, nos EUA (2011-2013), doutorado em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (2008), mestrado em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (2001), graduação em Psicologia - Cesupi Faculdade de Ilhéus (2019), e graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1992).Atualmente é professor adjunto da Universidade Estadual de Feira de Santana. Tem experiência na área de Psicologia e Medicina, atuando principalmente nos seguintes temas: psicodélicos e ayahuasca, tradução e validação de instrumentos de avaliação de traços de personalidade e funções neuropsicológicas, avaliação neuropsicológica computadorizada.Tem experiência em ensaios clínicos envolvendo a administração de psicodélicos para o tratamento de transtornos relacionados ao uso de substâncias, e em pesquisas observacionais para a avaliação de efeitos terapêuticos e adversos da ayahuasca, com financiamento pelo CNPq, CAPES E Food and Drug Administration (FDA).
Josenaide Engracia dos Santos, Universidade de Brasília
Professora da adjunta da Universidade de Brasília, graduação em Terapia Ocupacional, especialização em Saúde Mental e Mestrado em Saúde Coletiva e doutorado em Ciências da Saúde. Coordena Projeto de pesquisa de Saúde Integral de atendimentos a famílias carentes de Ceilândia. e o projeto de pesquisa Liga de Saúde da Família e Comunidade na promoção à Saúde na Universidade de Brasília, em tempos de COVID-19. Estudo Multicêntrico sobre o impacto da COVID19 na saúde mental. Coordena a pesquisa: O amor ver cor? A relação do amor e racismo na perspectiva de mulheres negras ?. Coordenadora do Grupo de pesquisa de promoção da saúde e práticas integrativas. Coordena o Observatório Brasília PIS. Participa de pesquisa multicêntrica na Universidade Estadual de Santa Cruz Bahia e Universidade de Brasília E-Terapias e Saúde Mental. Coordena pesquisa sobre Infecções sexualmente transmissíveis/HIV na perspectiva de jovens universitários: Abordagem qualitativa. Participa da linha de pesquisa: Saúde mental e comunidade, Sociabilidade terapêutica, Álcool e outras drogas e métodos qualitativos. Tem experiência na área sofrimento psíquico na atenção primária da população e da população negra. Coordena programa de extensão Construindo caminhos para fortalecimento de práticas de prevenção de agravos e promoção da saúde na comunidade/ Universidade de Brasília. Coordena o projeto de extensão Liga da Saúde da Família e Comunidade do Sol Nascente e projeto de extensão Produção e translação do conhecimento na validação de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde sexual e saúde reprodutiva de adolescentes e jovens no Distrito Federal.Projeto de pesquisa e extensão "Tecendo o amanhã: Prevenção e promoção de saúde Mental na educação e na Saúde.
Rozemere Cardoso de Souza, Universidade Estadual de Santa Cruz
Possui graduação em Enfermagem pela Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC, Doutorado e mestrado em Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP. Atualmente é professora titular (Plena) do Departamento de Ciências da Saúde da UESC, líder do Grupo de Pesquisa, cadastrado no Diretório de Grupos do CNPq, intitulado: Saúde Mental de pessoas, grupos e comunidades: práticas de cuidado e formação de recursos humanos. Tem experiência na área de Saúde Mental e Saúde Coletiva, atuando, principalmente, nos seguintes temas: Saúde Mental na Atenção Primária à Saúde, Enfermagem Psiquiátrica, Saúde da Família, Saúde Mental de Trabalhadores de Saúde, e Tecnologias relacionais do cuidado.

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Publicado
2024-03-31
Seção
Artigos Originais