Pesquisa de orçamentos familiares: tendência do consumo de alimentos tradicionais, 2002-2018

  • Milena Serenini Bernardes Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP https://orcid.org/0000-0002-2266-2991
  • Paula Bernardes Machado Universidade Federal de Lavras - UFLA
  • Patrícia de Menezes Marinho Universidade Federal de Alagoas - UFAL
  • Renan Serenini Bernardes Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
  • Giovana Longo-Silva Universidade Federal de Alagoas - UFAL
  • Maysa Helena de Aguiar Toloni Universidade Federal de Lavras - UFLA
Palavras-chave: Alimentação básica, Alimentos, dieta e nutrição, Demografia

Resumo

Descrever a evolução de consumo de alimentos tradicionais e da cesta básica brasileira entre 2002 e 2018. Série temporal do consumo de alimentos tradicionais e da cesta básica brasileira com base nos dados das três últimas Pesquisas de Orçamentos Familiares. A tendência da aquisição alimentar domiciliar per capita anual dos alimentos foi analisada segundo os períodos estudados e as regiões brasileiras. Houve diminuição da aquisição alimentar domiciliar de todos os itens da cesta básica, exceto a manteiga (8,3%). As maiores reduções observadas foram: farinha de mandioca (-69,9%), farinha de trigo (-56,1%) e feijão (-52,3%). Na região Sul ocorreu a maior queda percentual de aquisição de feijão (-56,1%), e o Norte se destacou pela redução acentuada do consumo de carnes (-32,1%) e leites (-57,2%). A diminuição observada no consumo de alimentos tradicionais pode sinalizar possíveis prejuízos à saúde dos indivíduos e perda da identidade cultural alimentar brasileira.

Biografia do Autor

Milena Serenini Bernardes, Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Doutoranda em Pediatria e Ciências Aplicadas em Pediatria pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo (SP), Brasil
Paula Bernardes Machado, Universidade Federal de Lavras - UFLA
Mestranda no Programa de Pós-graduação em Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Lavras (PPGNS/UFLA), Lavras (MG), Brasil.
Patrícia de Menezes Marinho, Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Mestre em Nutrição Humana pelo Programa de Pós-graduação da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas (PPGNUT/UFAL). Doutoranda em Pediatria e Ciências Aplicadas à Pediatria pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP), São Paulo (SP), Brasil.
Renan Serenini Bernardes, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Graduado nos cursos de Ciências Econômicas com Ênfase em Controladoria e Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Economia, ambos pela Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL/MG). Mestre em Estatística Aplicada e Biometria pela Universidade Federal de Alfenas-MG , trabalha no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Desde 2016 atuo como chefe da agência de Varginha. Atualmente é aluno de doutorado pelo programa de Estudos Estatísticos e Socioeconômicos da Universidade Sapienza, em Roma - Itália.
Giovana Longo-Silva, Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Doutora em Ciências aplicadas à Pediatria (Departamento de Pediatria/UNIFESP). Pós-doutorado na Universitat de Barcelona, Espanha, com enfoque no estudo da cronobiologia e crononutrição. Professora Adjunta da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Brasil.
Maysa Helena de Aguiar Toloni, Universidade Federal de Lavras - UFLA
Doutora em Ciências pela Disciplina de Nutrologia/Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (2013). Doutorado-sanduíche na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, Portugal. Professora Adjunta nível C da Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Nutrição e do Programa de Pós-graduação em Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras (MG), Brasil.

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Publicado
2021-12-20
Seção
Artigos Originas - Promoção da Saúde