As racionalidades que permeiam a bovinocultura de leite no semiárido cearense

Palavras-chave: Agronegócio, Produtores de leite, Tradição

Resumo

A bovinocultura leiteira é uma atividade arraigada à cultura sertaneja e ainda permanece economicamente forte no semiárido cearense. Embora existam discussões e embates sobre a sustentabilidade dessa atividade em um ambiente adverso como o semiárido, os produtores requerem alternativas que reduzam o impacto ambiental e, ao mesmo tempo, mantenham viva a tradição secular de criar gado nessa região, rica em costumes e lutas, mas cercada de desafios e limitações. Diante disso, o objetivo do trabalho é identificar e analisar quais são as racionalidades que permeiam a atividade de bovinocultura de leite no semiárido cearense. Os estudos teóricos sobre as ações sociais e os tipos de racionalidades, na visão de Max Weber, fundamentam o referencial para o desenvolvimento da pesquisa. Tomando como pressuposto a identificação das racionalidades que permeiam a atividade, o presente trabalho se aprofunda nos tipos de racionalidades perceptíveis nos produtores de leite, sejam elas a racionalidade econômica ou a substantiva. Trata-se de uma pesquisa qualitativa básica que se desenvolveu por meio da realização de entrevistas com informantes locais. Os resultados indicaram a existência de produtores de leite condicionados tanto na racionalidade substantiva quanto produtores condicionados na racionalidade econômica. Contudo, o que predomina é a racionalidade substantiva na medida em que os produtores continuam ligados às tradições e culturas, predominantemente.

Biografia do Autor

Oscar Lourenço da Silva Neto, Unicatólica Quixadá
Mestre em Administração pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Fortaleza (CE). Docente da Unicatólica Quixadá (CE), Brasil.
Fábio Freitas Schilling Marquesan, Universidade de Fortaleza - UNIFOR
Doutor em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Docente do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Fortaleza (Unifor/CE), Brasil.

Referências

ADAS, Melhem. Panorama Geográfico do Brasil. São Paulo: Moderna, 1983.

BARROS, A. J. P.; LEHFELD, N. A. Fundamentos de metodologia científica. 3.ed. São Paulo: Prentice-Hall, 2007.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 3. ed. Lisboa. Edições 70. São Paulo, 2004.

______. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2012.

BASSO, D. Racionalidades modernas e identidades socioprofissionais de agricultores familiares. 2013.

BASSO, D. B.; GEHLEN, I. Agricultores familiares modernos e diversos. Orbis Latina, v. 5, n. 2, 2016.

BASTIAN-PINTO, C. L.; et al. Incerteza e Flexibilidade na Pecuária de Corte Brasileira: o Valor da Opção de Confinamento. (Portuguese). Brazilian Business Review (Portuguese Edition). 12, 6, 102-123, Nov. 2015

BERTERO, O. A área qualitativa em Ciências Sociais e Estudos Organizacionais. In: TAKAHASHI, A. (Org.) Pesquisa Qualitativa em Administração: Fundamentos, Métodos e Usos no Brasil. São Paulo: Atlas, 2013, pp. 7-22.

CARVALHO, O.; MEDEIROS, J. Racionalidades subjacentes às ações de responsabilidade social corporativa. O&S, v. 20, n. 64, p. 17-36, 2013.

CEARÁ. Secretaria do Planejamento e Gestão do Estado do Ceará. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – IPECE. Ceará em números 2015. Ceará, 2015. Disponível em: < http://www2.ipece.ce.gov.br/publicacoes/ceara_em_numeros/2015/completa/Ceara_em_Numeros_2015.pdf>. Acesso em: 23/04/2017.

______. Secretaria do Planejamento e Gestão do Estado do Ceará. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – IPECE. Indicadores econômicos do Ceará 2015. Ceará, 2015. Disponível em: <http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/Indicadores_Economicos_2015.pdf >. Acesso em: 22/04/2017.

______. Secretaria do Planejamento e Gestão do Estado do Ceará. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – IPECE. Ceará em Mapas. Ceará, 2017. Disponível em: < http://www2.ipece.ce.gov.br/atlas/capitulo1/12/133.htm >. Acesso em: 22/04/2017.

______. Secretária do Desenvolvimento agrário. Ceará, 2017. Agricultura Familiar. Disponível em: <http://www.mda.gov.br/sitemda/noticias/o-que-%C3%A9-agricultura-familiar >. Acesso em 30/10/2017

CLEMENTINO, I. J. et al. Characterization of cattle raising in Paraiba state, Northeastern Brazil. Semina-Ciencias Agrarias, v. 36, n. 1, p. 557-569, 2015.

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Conjuntura mensal: Leite e derivados. Março/2016.

CONTI, I. L.; SCHROEDER, E. O. (Org.). Convivência com o Semiárido Brasileiro: Autonomia e protagonismo social. 3 ed. Brasília, DF: Editora IABS, 2013. v. 1000. 232p.

DEPEC – Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Bradesco. Leite e Derivados. Janeiro/2017

DE ALMEIDA MATIAS, M. J.; et al. Práticas Sustentáveis na Bovinocultura de Corte Orgânica em Mato Grosso do Sul: O Caso da ABPO. Organizações Rurais & Agroindustriais. 17, 2, 209-224, 2015.

FARR, R. M. Interviewing: The social psychology of the interview. In Fransella, F.

(Ed.), Psychology of Occupational Therapist. London: Macmillian. 1982.

FRASER, M.; GONDIM, S. M. Da fala do outro ao texto negociado: discussões sobre a entrevista na pesquisa qualitativa. In: Paidéia, Vol. 14, N. 28, 2004, p. 139-152.

GASKELL, G. Entrevistas individuais e grupais. In: BAUER, M.; GASKELL, G. Pesquisa Qualitativa com Texto, Imagem e Som: Um Manual Prático. Petrópolis: Editora Vozes, 2002, pp. 64-89.

GOMES, S. T. Produção de leite no Brasil. Departamento de Economia Rural, Centro de Ciências Agrárias-UFV, 2012.

GUERREIRO RAMOS, A. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das ações. Rio de Janeiro: FGV, 1981.

HABERMAS, J. The theory of communicative action: reason and the rationalization

of society. Boston: Beacon Press, 1984.

_______. Discurso filosófico da modernidade. São Paulo: DIFEL, 2000.

HALL, R.H. Organizações: estruturas, processos e resultados. 8 ed. São Paulo: Pearson/Prentice Hall, 2004.

IBGE. Cadastro de Municípios localizados na Região Semiárida do Brasil. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/semiarido.shtm?c=4>. Acesso em: 10 de abr. 2017.

KALBERG, S. Max Weber’s types of rationality: cornerstones for the analysis of rationalization processes in history. American Journal of Sociology, v. 85, n. 5, p.1145-1179, 1980.

______. Los tipos de racionalidad de Max Weber: Piedras angulares para el análisis de los procesos de racionalización de la historia. Aronson, P. y Weiz, E.(compiladores): Sociología y religión. Un siglo de controversias en torno a la noción weberiana de racionalización, Op. Cit, 2005.

LEFF, E. Epistemologia ambiental: a reapropriação da natureza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

LINCOLN, Y.; GUBA, E. Controvérsias paradigmáticas, contradições e confluências emergentes. In: DENZIN, N.; LINCONLN, Y. (Eds.) O Planejamento da Pesquisa Qualitativa: Teorias e Abordagens, Porto Alegre: Artmed, 2006, reimpressão 2010, pp.168-192.

MANNHEIM, K. Diagnóstico de nosso tempo. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.

MARTINS P. D. C. et al. Competitividade da cadeia produtiva do leite no Ceará: análise de ambientes. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2008.

MINAYO, M.C.S. (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 29 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

______. Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: consensos e controvérsias. Revista pesquisa qualitativa, São Paulo, v. 05, n. 7, p. 01-12, 2017.

MORETTI, S. L.A.; POZO, H. Rationality and disenchantment of the world: a reflection on the Weberian thought on capitalism. Acta Scientiarum. Human and Social Sciences, vol. 37, no. 1, p. 21, 2015.

MUZZIO, H. A Condição Paradoxal da Administração de Recursos Humanos: Entre a Racionalidade Instrumental e a Racionalidade Substantiva. Cadernos EBAPE.BR. 12, 3, 706-718, July 2014.

PILA, J.; RIBEIRO, R. Carta Leite: Produção de Leite deve crescer neste ano, mas em ritmo menor que em 2017. Scot Consultoria, São Paulo, 2018. Disponível em: < https://www. http://sfagro.uol.com.br/producao-de-leite-2018/>. Acesso 25/03/2018.

REIS, R.; DE OLIVEIRA, F. Z. Cadeia produtiva do leite no Ceará: Avanços e desafios. Embrapa. Fortaleza, mai/2016.

REIS FILHO, R.J.C.; MEDEIROS, C. B. Região Nordeste: potencial de produção, fatores

conjunturais, deficiências e expectativa do setor leiteiro. Revista Balde Branco. Ano XLIII –

nº 524. p. 74 a 76, 2008

______. Anuário Leite em números. 3. Ed., Ceará 2012.

SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Cenários para o leite e derivados na região nordeste em 2020. Recife, 2016.

SERVA, M; et al. A análise da racionalidade nas organizações – um balanço do desenvolvimento de um campo de estudos no Brasil. Cadernos EBAPE.BR. 13, 3, 414-437, July 2015. ISSN: 16793951.

SILVA, R. M. A. da. Entre o combate à seca e a convivência com o semiárido: transições paradigmáticas e sustentabilidade do desenvolvimento. 2006.

SIMON, H. O comportamento administrativo. 3 ed. Rio de Janeiro: FGV, 1979.

TEIXEIRA, J. C.; HESPANHOL, A. N. A trajetória da pecuária bovina brasileira. Caderno Prudentino de Geografia, v. 1, n. 36, p. 26-38, 2014.

VALVERDE, O. Geografia da pecuária no Brasil. Finisterra, v. 2, n. 4, 1967.

WEBER, M. Economía y Sociedad: esbozo de sociologia compreensiva. Fondo de Cultura Económica. 2. Reimpresión, Madri: FCE, 2002.

WILLERS, C.D.; FERRAZ, S.P.; CARVALHO, L.S. et al. Determination of indirect water consumption and suggestions for cleaner production initiatives for the milk-producing sector in a Brazilian middle-sized dairy farming. J. Clean Prod., v.72, p.146-152, 2014.

Publicado
2020-10-01
Seção
Agronegócio