Pegada hídrica na mineração: análise de aplicabilidade na extração e beneficiamento da Gipsita Pernambucana
DOI:
https://doi.org/10.17765/2176-9168.2020v13n4p1493-1508Palavras-chave:
Araripe Pernambucano, Gesso, Indicadores de sustentabilidadeResumo
As atividades de exploração e beneficiamento de minerais são reconhecidamente responsáveis por severas pressões sobre os ecossistemas em que estão inseridas, sendo assim necessário mensurar esses impactos através do uso de indicadores. Nos últimos anos, a Pegada Hídrica (PH) tem ganhado espaço como indicador de sustentabilidade, principalmente por medir a apropriação dos recursos hídricos por atividades antrópicas. Frente à carência de estudos que abordem a aplicação desse indicador para atividades minerais, o presente estudo objetivou avaliar a aplicabilidade do uso da PH para as etapas de exploração e beneficiamento de gipsita em Pernambuco, maior produtor brasileiro desse minério. A demanda de uso de água nessas etapas foi analisada in loco, identificando-se os processos responsáveis por consumir esse recurso em seus três modos de inserção na quantificação final da PH; a água azul, verde e cinza. Para as etapas analisadas, observou-se uma predominância do uso indireto da água; com destaque para a água verde embutida no uso de lenha da Caatinga e a água cinza proveniente da degradação da qualidade dos reservatórios da região pela liberação de particulados, ambas na etapa de beneficiamento. O consumo de água azul tanto na exploração, quanto no beneficiamento, é pouco representativo, visto que são processos realizados a seco. O uso da PH para esse segmento produtivo representa um importante mecanismo para quantificar a pressão antrópica sob os recursos hídricos locais, em uma região que tradicionalmente enfrenta problemas de escassez hídrica, assim, a quantificação desta é importante para traçar estratégias de sustentabilidade setorial.Referências
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