Resíduos da colheita do milho para avaliação de cogeração: disponibilidade no Estado de Mato Grosso do Sul e características energéticas

  • Robson Leal da Silva Universidade Estadual de Maringá - UEM / Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD http://orcid.org/0000-0002-3855-7117
  • Jéssica Beatriz Olivi Engenheira de Energia (Profissional Liberal)
  • Aletéia Marcelle Primão da Silva Administradora de Empresas e Negócios (Profissional Liberal)
Palavras-chave: Agronegócios, Biomassa, Energia de resíduos, Energia renovável

Resumo

Após a colheita, usualmente uma quantidade significativa de resíduos da cultura fica disponível e parte dela pode ser matéria-prima para energia de biomassa. O objetivo é quantificar a biomassa residual da colheita de milho, palha da casca e sabugo da espiga, além da caracterização como combustível sólido para estimativa na cogeração de energia. A metodologia considera as distribuições geográficas da produção de milho em base municipal, no Estado de Mato Grosso do Sul (MS), Brasil. A biomassa residual da colheita de milho tem suas frações de massa e características energéticas determinadas por análise imediata e elementar, densidade a granel e poder calorífico (superior e inferior). Além disso, avaliação de energia e potência obtidas através da tecnologia de usinas de cogeração termoelétrica. As conclusões do trabalho indicam que existe grande quantidade disponível para uso energético (~190.106 kg) de biomassa residual da colheita de milho (palha da casca e sabugo da espiga), e uma microrregião geográfica principal no Estado de Mato Grosso do Sul (MS). Suas características como combustível sólido, i.e., PCS~18 MJ.kg-1 e TMC,db < 10%, com elevada disponibilidade de oxigênio para combustão (TO ~43%) e reduzido teor de cinzas (TAsh < 4%) corroboram seu uso para energia, como na combustão combinada (ou co-combustão) a bagaço da cana-de-açúcar ou carvão mineral em termoelétricas. Os valores de massa específica aparente sugerem o adensamento como uma opção interessante para a comercialização de peletes ou briquetes. A avaliação de energia e potência gerada têm uma contribuição significativa para a microrregião de Dourados (~2 GWElectric) e poderia atender a agricultura e outras demandas de energia rural por meio de usinas de cogeração. Ao todo, palha da casca e sabugo da espiga são coprodutos de valor agregado que podem desempenhar um papel significativo na cadeia produtiva do milho.

Biografia do Autor

Robson Leal da Silva, Universidade Estadual de Maringá - UEM / Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD
Professor Associado da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Dourados (MS), Brasil; Docente permanente do Mestrado Acadêmico em Eng. Mecânica (PEM) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá (PR), Brasil.
Jéssica Beatriz Olivi, Engenheira de Energia (Profissional Liberal)
Graduação em Engenharia de Energia pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Dourados (MS), Brasil.
Aletéia Marcelle Primão da Silva, Administradora de Empresas e Negócios (Profissional Liberal)
Graduada em Administração de Empresas e Negócios, Mestrado em Produção e Gestão Agroindustrial. Dourados(MS), Brasil.

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Publicado
2022-02-21
Seção
Tecnologias Limpas