Eficiência de iscas tóxicas em gel para controle de Blattella germanica (LINNAEUS, 1767) (BLATTODEA)

Palavras-chave: Atratividade, Barata alemã, Bioensaio, Estimulação de alimentação, Mortalidade

Resumo

A Blattella germanica é considerada um inseto praga de difícil controle e que tende a ser controlado com o uso de produtos químicos. Dessa forma, o uso indiscriminado de inseticidas pode resultar em resistência a baratas e contaminação ambiental. Com o objetivo de promover um método de controle mais consciente e eficaz, foram desenvolvidas formulações de iscas tóxicas em gel. Essas iscas resultam em menos contaminação ambiental e podem ser aplicadas em áreas onde o uso de inseticidas convencionais não é possível. Este estudo teve como objetivo avaliar qual isca tóxica apresentou o controle mais eficiente de B. germanica, levando em consideração características como atratividade, estímulo alimentar e taxa de mortalidade. Para o bioensaio, quatro composições de iscas de gel tóxico foram utilizadas em uma arena de teste, onde, na presença das iscas foram avaliados: (1) o tempo até o consumo, (2) a isca consumida, (3) o tempo gasto para estimulação da alimentação e (4) o tempo até a morte. Iscas tóxicas foram comparadas usando testes T emparelhados. Verificamos que a isca tóxica Fipronil não apresentou atratividade nem consumo e a isca tóxica Indoxacarbe apresentou a maior atratividade. Não houve diferença estatística entre as iscas na avaliação do estímulo alimentar e mortalidade, indicando, neste caso, que ambas as iscas agiram de forma semelhante. As iscas tóxicas Imidaclopride e Indoxacarbe foram recomendadas para o controle de B. germanica, pois causaram mortalidade em período inferior a 24h. Porém, o Indoxacarbe apresentou maior índice de atratividade quando comparado às iscas em gel de Imidaclopride.

Biografia do Autor

Sara de Souza Gomes, Astral Saúde Ambiental
Especialista em Controle de Pragas, Bióloga consultora da Astral Saúde Ambiental, Camaçari (BA), Brasil.
Marcos Vinícius Almeida Lopes, Centro de Ecologia e Conservação Animal - ECOA/UCSal
Mestre em Ecologia e Evolução, Pesquisador do Centro de Ecologia e Conservação Animal (UCSal), Salvador (BA), Brasil.
Marcelo Cesar Lima Peres, Centro de Ecologia e Conservação Animal - ECOA/UCSal
Doutor em Ecologia, Docente da Universidade Católica do Salvador e Pesquisador do Centro de Ecologia e Conservação Animal (UCSal), Salvador (BA), Brasil.
Tércio da Silva Melo, Astral Saúde Ambiental
Doutor em Ecologia, Biólogo consultor da Astral Saúde Ambiental, Camaçari (BA), Brasil
Kátia Benati, Centro de Ecologia e Conservação Animal - ECOA/UCSal
Doutora em Ecologia, Docente da Universidade Católica do Salvador e Pesquisadora do Centro de Ecologia e Conservação Animal (UCSal), Salvador (BA), Brasil.
Alessandra Rodrigues Santos de Andrade, Centro de Ecologia e Conservação Animal - ECOA/UCSal
Doutora em Ecologia, Pesquisadora do Centro de Ecologia e Conservação Animal (UCSal), Salvador (BA), Brasil.

Referências

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Manual de protocolos para teste de eficácia em produtos desinfetantes. Brasília, Distrito Federal 2009.

APPEL, A. G. Laboratory and performance of consumer bait products for German cockroach (Dictyoptera: Blattellidae). Journal Economy Entomology, v. 83, p. 153-159. 1990.

APPEL, A. G.; BENSON, E. P. Performance of abamectin bait formulations against German cockroach (Dictyoptera: Blattellidae). Journal Economy Entomology, v. 88(4), p. 924-931. 1995.

APPEL, A. G.; TANLEY, M. J. Laboratory and field performance of an imidacloprid gel bait against German cockroaches (Dictyoptera: Blattellidae). Journal of Economic Entomology, v. 93(1), p. 112-118. 2000.

BRASIL. Resolução RDC nº 52 de 22 de outubro de 2009 - Dispõe sobre o funcionamento de empresas especializadas na prestação de serviço de controle de vetores e pragas urbanas e dá outras providências.

BRASIL. Ministério da Saúde - Secretária de vigilância sanitária. Formulação de inseticidas. 2011.

CUI, Y.; EVANGELISTA, D.; BÉTHOUX, O. Prayers for fóssil mantis unfulfilled: Prochaeradodis enigmaticus Piton, 1940 is a cockroach (Blattodea). BioOne complete, v. 40, n. 3, p. 355-362, 2018.

DAVARI, B.; KASHANI, S.; NASIRIAN, H.; NAZARI, M. Efficacy of Maxforce and Advion gel baits containing fipronil, clothianidin and indoxacarb against the German cockroach (Blattella germanica). Entomological Research. 2018. DOI: https://doi.org/10.1111/1748-5967.12282.

DIAS, J. L. Environmental Fate of Indoxacarb. California Department of Pesticide Regulation. Environmental Monitoring Branch. 2006.

DJERNAES, M. Biodiversity of Blattodea - The Cockroaches and Termites. In: ROBERT, G. FOOTTIT, R. G.; ADLER; P. H. Insect Biodiversity: Science and Society, 2018.

DURIER V.; RIVAULT C. Food bail preference in German cockroach, Blattella germanica (L.) (Dictyoptera: Blattellidae). In: 3th International Conference on Urban Pests. Prague, Czech Republic. 1999.

DURIER, V.; RIVAULT, C. Comparisons of toxic baits for controlling the cockroach, Blattella germanica: attractiveness and feeding stimulation. Medical and Veterinary Entomology, v. 14, p. 410-418. 2000a.

DURIER, V.; RIVAULT, C. Learning and foraging efficiency in German cockroaches, Blattella germanica (L.) (Insecta: Dictyoptera). Animal Cognition, v. 3(3), p. 139-145. 2000b.

DURIER, V.; RIVAULT, C. Influence of a novel object in the home range of the cockroach, Blattella germanica. Medical and Veterinary Entomology, v. 16, p. 121-125. 2002a.

DURIER, V.; RIVAULT, C. Importance of spatial and olfactory learning on bait consumption in the German cockroach. In: JONES, S.C.; ZHAI, J.; ROBINSON, W. H. (eds). Proceedings of the Fourth International Conference on Urban Pests, Charleston, South Carolina p 59-64. 2002b.

DURIER, V.; RIVAULT, C. Improvement of German cockroach (Dictyoptera: Blattellidae) population control by fragmented distribution of gel baits. Journal of Economic Entomology, v. 96, p. 1254-1258. 2003. DOI: https://doi.org/10.1093/jee/96.4.1254.

EVANGELISTA, D. A.; CHAN, K.; KAPLAN, K. L.; WILSON, M. M.; WARE, J. L. The blattodeas.s. (Insecta, dictyoptera) of the Guiana shield. ZooKeys, (475), p. 37-87. 2015. DOI: https://doi.org/10.3897/zookeys.475.7877.

FARIA, A. B. C. Revisão sobre alguns grupos de inseticidas utilizados no manejo integrado de pragas florestais. Ambiência - Revista do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais, v. 5, n. 2. p. 345-358. 2009.

FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE – FUNASA. Controle de vetores procedimentos de segurança. 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde, 2001.

GUEDES, R. N. Proteção de plantas: toxicologia de inseticidas e acaricidas. Viçosa, 2010.

HARRISON, J. et al. Temperature and ventilatory response to hypoxia in Gromphadorhina portentosa (Blattodea: Blaberidae), Environmental Entomology. v. 45, n. 2, p. 479-483, 2016.

JESUS, P. R. Necrofagia na transmissão secundária de isca tóxica em Blattella germânica. 2015. Trabalho de conclusão de curso (Especialização) - Universidade Estadual Paulista. São Paulo, 2015.

KARIMIFAR, N.; GRIES, R.; KHASKIN, G.; GRIES, G. General Food Semiochemicals Attract Omnivorous German Cockroaches, Blattella germanica. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 59, p. 1330-1337. 2011.

KINFU, A.; ERKO, B. Cockroaches as carriers of human intestinal parasites in two localities in Ethiopia. J. Med. Microbiol, v. 62, p. 1641-1648. 2013.

LEE, C. Y.; YAP, H. H.; CHONG, N. L. Insecticide resistance and synergism in field collected German cockroaches (Dictyoptera: Blattellidae) in Peninsular Malaysia. Bulletin of Entomological Research.1996.

MILLER, D. M.; MCCOY, T. C. Comparison of commercial bait formulations for efficacy against bait averse German cockroaches (Blattella germanica) (Dictyoptera: Blattellidae). Proceedings of the Fifth International Conference on Urban Pests. v. 2, 1024 pp. 2005.

MIRANDA, R. A.; SILVA, J. P. Enterobactérias isoladas de Periplaneta americana capturadas em um ambiente hospitalar. Ciência et Praxis, v. 1, n. 1. p. 21-24. 2008.

NASIRIAN, H. Rapid elimination of German Cockroach, Blatella germanica, by Fipronil and Imidacloprid Gel Baits. Iranian J Arthropod-Borne Dis, v. 2(1), p. 37-43. 2008.

NAZARI, M.; MOTLAGH, B. A.; NASIRIAN, H. Toxicity of Cypermethrin and Chlopyrifos against german Cockroach (Blattella germânica (Blattaria: Blattellidae)] Strains from Hamadan, Iran. Pakistan Journal of Biological Sciences, v. 19, n. 6 p. 259-264. 2016.

OLIVEIRA, J. C. Aversão e eficácia de diferentes iscas em gel contra populações diferentes de Blattella germanica (Dictyoptera: Blattellidae). 2013. Trabalho de conclusão de curso (Especialização) - Universidade Estadual Paulista. São Paulo, 2013.

POTENZA, M. R. Aspectos bioecológicos das baratas sinantrópicas. In: Reunião Itinerante de Fitossanidade do Instituto Biológico, 20-21 de set. 2005, Ribeirão Preto. Anais [...]. XII Reunião itinerante de fitossanidade do Instituto Biológico, Ribeirão Preto: Instituto Biológico, 2005. p.35-41.

PRADO, M. A; PIMENTA, F. C.; HAYASHID, M.; SOUZA, P. R.; PEREIRA, M. S.; GIR, E. Enterobactérias isoladas de Baratas (Periplaneta americana) capturadas em um hospital brasileiro. Revista Panamericana de Salud Pública - Pan American Journal of Public Health, v. 11, n. 2, p. 93-98. 2002.

RAFAEL, J. A.; SILVA, N. M.; DIAS, R. M. N. S.; Baratas (Insecta, Blattaria) sinantrópicas na cidade de Manaus, Amazonas, Brasil. Acta Amazonica, v. 38, n. 1, p. 173-178. 2008.

RAFAEL, J. R. et al. Insetos do Brasil: diversidade e taxonomia. São Paulo: Ed. Holos. 2012.

REYS, L. M. Baratas como fonte mecânica de transmissão de patógenos hospitalares. 2003. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências da Saúde). Brasília, 2003.

RODRIGUES, F.A.C.; RIEDER, A.; LEITE, M.C. Fatores favoráveis e desfavoráveis à ocorrência de baratas (Blattodea) no ambiente hospitalar-cáceres, mato grosso, Brasil. Biodiversidade, v. 13, n. 2, p. 142. 2014.

SALMERON, E.; OMOTO, C. Monitoramento da Suscetibilidade de Populações de Blattella germanica (Linnaeus, 1767) (Dictyoptera: Blattellidae) A Inseticidas. Arq. Inst. Biol. São Paulo, v. 69, n. 3, p. 45-56. 2002.

SCHAL, C. J; GAUTIER, Y.; BELL, W. J. Behavioral ecology of cockroaches. Biology Magazine, v. 59, p. 209-254. 1984.

SOUZA, W. L. F.; ABREU, P. F.; REIS-MENINI, C. M. R.; MENINI NETO, L. Avaliação da resistência de Blattella germanica (L., 1757) (Dictyoptera: Blattellidae) a Inseticidas no município de Juiz De Fora, Minas Gerais, Brasil. Biosci. J. Uberlândia. v. 27, n. 4, p. 642-648. 2011.

SCHAPHEER, C.; SANDOVAL, G.; VILLAGRA, C. Pest Cockroaches May Overcome Environmental Restriction Due to Anthropization. Journal of Medical Entomology. v. 55, n. 5. p. 1357-364, 2018.

TACHBELE, E. Cockroach-associated food-borne bacterial pathogens from some hospitals and restaurants in Addis Ababa, Ethiopia: distribution and antibiograms. J. Rural Trop. Public Heal, v. 5, p. 34-41. 2006.

THYSSEN, P. J.; MORETTI, T. C.; UETA, M. T.; RIBEIRO, O. B. O papel de insetos (Blattodea, Diptera e Hymenoptera) como possíveis vetores mecânicos de helmintos em ambiente domiciliar e peridomiciliar. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro. v. 20, n. 4, p.1096-1102. 2004.

TSUJI, H. Studies on the behaviour pattern of feedingof three species of Blattella germanica (L.), Pleriplaneta americana (L.), P. fuliginosa (S.), with special reference to responses to some constituents of rice bran and some carbohydrates. Japanese Journal of Sanitary Zoology, n. 16, p. 255-262. 1965.

TSUJI, H. Attractive and feeding stimulative effect of some fatty acids and related compounds on three species of cockroaches. Japanese Journal of Sanitary Zoology, n.17, p. 89-97. 1966.

WANG, Z. et al. Establishment of a new genus, Brephallus wang et al., gen. nov. (Blattodea, Blaberidae, Epilamprinae) based on two species from Pseudophoraspis, with details of polymorphism in species of Pseudophoraspis. ZooKeys, v. 785, p. 117-131. 2018.

ZORZENON, F. J. Noções sobre as principais pragas urbanas. Biológico, São Paulo, v. 64, n. 2, p. 231-234. 2002.

Publicado
2022-02-21
Seção
Meio Ambiente