A topografia da audição de vozes: uma possibilidade de interpretação da linguagem da subjetividade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17765/1983-1870.2018v11n3p555-565

Palavras-chave:

Alucinações, Linguagem, Topografia

Resumo

A topografia das alucinações consiste na exploração de suas características. Este estudo objetivou analisar variáveis topográficas de vozes alucinatórias de frequentadores de um Centro de Atenção Psicossocial. Para isso, dez pessoas foram entrevistadas e tiveram seus relatos analisados pela Análise de Conteúdo. As variáveis encontradas foram: “intensidade”, “frequência”, “quantidade”, “conteúdo”, “identidade”, “gênero”, “forma como se apresentam”, “valência emocional”, e “nível de influência”. As vozes chegam a ser tão intensas que provocam estados dissociativos. As variáveis “frequência” e “quantidade” foram heterogêneas, e podem estar relacionadas à trajetória biográfica. O conteúdo diz respeito a questões estruturantes da vida dos entrevistados e que causam muitos conflitos. Cinco participantes afirmaram que as vozes eram de pessoas conhecidas, e sete conseguiam diferenciar o gênero. As vozes de comando foram as mais frequentes, e levaram alguns deles à tentativas de suicídio. Concluiu-se que a exploração das variáveis topográficas das vozes pode auxiliar a compreensão do fenômeno.

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Biografia do Autor

Henrique Campagnollo Dávila Fernandes, Centro Universitário do Planalto Central Professor Apparecido dos Santos

Mestre em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (UnB). Docente do curso de psicologia do Centro Universitário do Planalto Central Professor Apparecido dos Santos, Brasil

Valeska Zanello, Universidade de Brasília

Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB). Docente adjunta 3 do departamento de Psicologia Clínica da Universidade de Brasília (UnB) e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura (PPG-PSICC), Brasil.

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Publicado

2018-11-13

Como Citar

Fernandes, H. C. D., & Zanello, V. (2018). A topografia da audição de vozes: uma possibilidade de interpretação da linguagem da subjetividade. Saúde E Pesquisa, 11(3), 555–565. https://doi.org/10.17765/1983-1870.2018v11n3p555-565

Edição

Seção

Artigos Originas - Promoção da Saúde