Avaliação do processamento de três híbridos de milho na produção de etanol

Palavras-chave: Bioenergia, Fermentação, Hidrólise enzimática, Saccharomyces cerevisiae, Zea mays

Resumo

Com uma crescente demanda energética, o Brasil busca diversificar suas fontes de matéria-prima. Neste contexto, o milho torna-se uma importante fonte de produção energética, uma vez que é utilizado principalmente na produção do etanol combustível. Com isso, cabe considerar uma possível influência do tipo de híbrido utilizado, devido a diferença de produtividade de grãos durante o período de cultivo, podendo impactar diretamente na eficiência industrial/fermentativa. Portando, o presente estudo avaliou os reflexos do processamento de três híbridos de milho na produção de etanol. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro repetições para cada tratamento. Os híbridos utilizados foram: Dekalb 636, Pioneer 3754 e Syngenta 8454. Os grãos foram triturados e imersos em água acidulada (pH≈5,5) na proporção de 250 g.L-1, adição de enzima α-amilase (LpHera® Novozymes), submetidos a aquecimento por 1h (100ºC). As pastas foram resfriadas a temperatura ambiente (25±3°C), filtradas em peneira de 20 mashes, com o ajuste do Brix para 16% e pH para 4,5, originando o mosto. Os mostos foram inoculados com a levedura industrial TR (Thermo-Resistente), com a adição da enzima glucoamilase (LpHera® Novozymes). As fermentações foram mantidas em B.O.D. a 33˚C, sendo avaliado o desenvolvimento fisiológico da levedura. Ao final do processo fermentativo (Brix≤1%), as amostras foram centrifugadas, obtendo-se amostras de vinho. Para as pastas e mostos obtidos, foram avaliados os parâmetros de Brix, Açúcares Redutores Totais (ART), pH, Acidez Total, Compostos Fenólicos Totais e Amido. Para os vinhos, foram avaliados o teor de Brix, Açúcares Redutores Residuais Totais (ARRT), pH, Acidez Total, Amido, Glicerol e Teor Alcoólico. Através dos resultados obtidos, observou-se que para os híbridos Dekalb e Syngenta, o teor de Brix das amostras não obtiveram diferença significativa. Dentre os tratamentos, cabe destacar o índice de ART do híbrido Syngenta, os quais foram verificados valores na ordem de 14,6%, o dobro de ácidos orgânicos e maior teor de amido na pasta. Para o processo fermentativo, não foram verificadas diferenças significativas, considerando-se os três híbridos de milho. Quanto aos resultados do teor alcoólico e o glicerol, não houve diferença significativa entre os híbridos. Dessa forma, conclui-se que o processo fermentativo e a produção de etanol não são influenciadas pelos grãos de híbridos de milho processados. Porém, destacando-se o processo de hidrólise, foram verificadas diferenças significativas quanto a disponibilidade de açúcares fermentescíveis e amido, indicando significativo efeito do híbrido de milho utilizado.

Biografia do Autor

Lucas Conegundes Nogueira, Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG
Mestrado em Ciências Ambientais pela Universidade do Estado de Minas Gerais, UEMG, Brasil.
Osania Emericiano Ferreira, Universidade do Estado de Minas Gerais
Universidade do Estado de Minas Gerais
Giovanni Uema Alcantara, Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG
Mestrado em Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais pela Universidade Estadual de Minas Gerais - Unidade Frutal, UEMG, Frutal (MG), Brasil.
Gustavo Henrique Gravatim Costa, Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG
Professor Assistente na Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), Frutal (MG), Brasil.

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Publicado
2023-11-30
Seção
Agronegócio