Caracterização físico-química, microbiológica e poder calorífico de lodo originário de efluente suíno

Palavras-chave: Biodigestão anaeróbia, Energia, Suinocultura

Resumo

Um dos principais contrapontos em relação às metodologias de tratamento de efluentes está relacionada à sua elevada produção de lodo, que por sua vez pode ser um produto de valor agregado, podendo ser utilizado como biofertilizante e matéria orgânica com poder calorífico relevante. Este trabalho teve por objetivo avaliar os parâmetros físico-químicos e microbiológicos do lodo originário da biodigestão anaeróbia do efluente suíno (ES), proveniente de uma granja de suínos tecnificada de ciclo completo. Foram coletadas 40 amostras de lodo num período de 30 dias, e as amostras foram avaliadas no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo - São Roque (IFSP-SRQ) e na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Foram analisados os parâmetros físico-químicos de pH, sólidos totais, fixos e voláteis (ST, SF e SV), nitrogênio total (NT), fósforo total (PT) e relação Carbono/Nitrogênio (RCN), parâmetros microbiológicos de coliformes totais e termotolerantes (CT e TT) e Poder Calorífico superior do lodo (PCS). Os resultados revelaram que o pH se manteve na faixa da alcalinidade variando entre 8,16 e 8,3, os ST variaram entre 21,12% e 44,91%, os SF entre 41,93% e 71,92%, já os SV variaram de 28,08% a 54,07%, o NT variou entre 0,49 mg/g e 1,1mg/g, PT entre 0,47mg/g e 0,7mg/g, a RCN (expressa em porcentagem) entre 26,9 e 42,04, mostrando potencial do lodo para ser utilizado como biofertilizante. O PCS do lodo variou entre 6,919 MJ/kgST quando em menor granulometria e 11,663 MJ/kgST em maior granulometria, apresentando potencial para ser utilizado como biomassa energética, a exemplo de lodos de outras origens. Em relação aos TT, foram detectadas contagens baixas destes micro-organismos, sendo, dessa forma, um resultado positivo do ponto de vista sanitário.

Biografia do Autor

Giovanni Fatobene, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo, Câmpus São Roque
Tecnólogo em Gestão Ambiental pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP-SRQ), Câmpus São Roque (SP), Brasil.
Ana Carolina Silva Vaz Curado de Aguiar, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Câmpus Dois Irmãos
Graduanda em Bacharelado em Engenharia Agrícola e Ambiental pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Recife (PE), Brasil.
Letícia Costa Alves, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Câmpus São Roque
Tecnóloga em Gestão Ambiental pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP-SRQ), Câmpus São Roque (SP), Brasil.
Ricardo Augusto Rodrigues, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Câmpus São Roque
Técnico Laboratorial do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP-SRQ), Câmpus São Roque (SP), Brasil.
Renan Felício dos Reis, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Câmpus São Roque
Docente permanente do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP-SRQ), Câmpus São Roque (SP), Brasil.
Francisco Rafael Martins Soto, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Câmpus São Roque
Docente permanente do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP-SRQ), Câmpus São Roque (SP), Brasil.

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Publicado
2021-06-28
Seção
Meio Ambiente