A Efetividade na Construção do Saber: Diálogos entre a Complexidade, a Transversalidade e a Afetividade no Ensino Jurídico

Palavras-chave: Afetividade, Diálogos complexos, Efetividade, Ensino Jurídico, Transversalidade

Resumo

O presente estudo reflete sobre a efetividade na construção do saber, realizando diálogos entre a complexidade, a transversalidade e a afetividade no ensino jurídico. O ensino jurídico, marcado por excessivo dogmatismo, deve refletir sobre a possibilidade de concretizar com celeridade a formação humanista, ofertando maior efetividade à conquista e à prática do saber. Para tanto o ensino-aprendizado jurídico deve se valer das práticas da complexidade, transversalidade e afetividade nos cursos jurídicos. Revela, também, no cenário do ensino-aprendizado a importância da localização do aluno na relação educacional, como pessoa humana e aprendiz do Direito (que é), sem deixar de se ater ao papel do professor, timoneiro dos caminhos do aluno, podendo conduzi-lo ao aprendizado humanizado e ao exercício eficiente de sua profissão, como operador do Direito, seja qual for o cargo ocupado. A pesquisa passa por estudos sobre a construção do saber jurídico contemporâneo, realiza diálogos entre o Direito, a teoria do conhecimento, o dogmatismo e a contemporaneidade dos saberes; traz apontamentos sobre o ensino jurídico no Brasil, debatendo sobre a efetividade dos Direitos Humanos na ambiência desse ensino, que pode se revelar célere com a prática da transdisciplinaridade, da complexidade e da afetividade, na busca do conhecimento jurídico e da humanidade. A problemática central da presente pesquisa é de muita relevância porque aborda a situação atual dos cursos jurídicos, corroborando o ensino neles praticados, promovendo celeridade à concretização da formação acadêmica e profissional do aluno do Direito. Para tanto, se vale de premissa metodológica baseada em estudos teóricos e reflexivos, revisitando obras de doutrinadores do Direito, da Pedagogia e da Filosofia do Direito, notadamente as obras de Edgar Morin, delas extraindo lições da sua “Teoria do Pensamento Complexo”.

Biografia do Autor

Regina Vera Villas Bôas, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP
Bi-Doutora em Direito das Relações Sociais na área do Direito Privado; e em Direitos Difusos e Coletivos na área da parte geral dos Direitos Difusos e Coletivos pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Pós-Doutora em Democracia e Direitos Humanos pela Universidade de Coimbra (Ius Gentium Conimbrigae). Professora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) na graduação no Departamento de Direito Privado, Núcleo de Prática Jurídica, Núcleo de Iniciação Científica e Juizado Especial Cível e no Programa de Pós-Graduação em Mestrado e Doutorado em Direitos Difusos e Coletivos. São Paulo (SP), Brasil.
Jéssica Carvalho, Trivento Educação
Mestra em Direitos Sociais, Econômicos e Culturais pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL), Lorena (SP). Professora nos cursos de Direito e Gestão em Recursos Humanos na Trivento Educação, no estado de São Paulo, Brasil.

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Publicado
2021-06-18
Seção
Doutrinas