Reprodução da Hierarquia de Gênero no Ensino Jurídico: Um Novo Horizonte a partir da Jurisprudência Feminista do Direito

Palavras-chave: Ensino jurídico, Jurisprudência feminista, Masculinismo

Resumo

O presente artigo tem como objetivo denunciar o direito enquanto um campo masculinista, e como essa lógica se reproduz por meio de um ensino jurídico que se estrutura por um tipo de raciocínio que apaga as práticas discursivas e relacionais das mulheres. Em um primeiro momento, por meio dos ensinamentos de Duncan Kennedy (1984), do Critical Legal Studies (CLS), faz-se uma descrição da forma como o ensino jurídico se opera, em especial, ao denunciar o direito como uma prática engajada sócio, política e economicamente, que se reproduz por intermédio de um sistema hierarquizado dessas categorias expostas. Em seguida, questiona-se se essa pirâmide hierárquica não pressupõe, igualmente, uma assimetria de gênero, que se apreende pela configuração do ensino jurídico como uma prática que reproduz paradigmas falocêntricos, como a argumentação e um repúdio pelo particular, pela experiência e pelo contextual. Nesse ponto, debate-se com fundamento nos escritos da autora estadunidense Carrie Menkel-Meadow (1988). Ao final, realiza-se um exercício imaginativo ao propor possíveis mudanças nesse modelo de ensino hierárquico e marcado pelo olhar masculino.

Biografia do Autor

Anna Laura Maneschy Fadel, Universidade Federal do Pará - UFPA
Docente do curso de Graduação em Direito pelo Centro Universitário do Pará (CESUPA). Doutoranda em Teoria e Filosofia do Direito na Universidade Federal do Pará (UFPA), Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD), Belém (PA), Brasil.
Clara Gianni Viana Costa, Centro Universitário do Pará - CESUPA
Graduada em Direito pelo Centro Universitário do Pará (CESUPA), Belém (PA), Brasil. Advogada.

Referências

ALMEIDA, Philippe Oliveira de. O neoliberalismo e a crise dos Critical Legal Studies. Revista Direito e Práxis, Rio de Janeiro, v. 9, n. 4, p. 2229-2250, out. 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2179-8966/2017/7420. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2179-89662018000402229&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 28 nov. 2020

COLLINS, Patricia Hill. Interseccionalidade. São Paulo: Boitempo, 2021.

CRENSHAW, Kimberle. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: a black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University Of Chicago Legal Forum, Chicago, v. 1, n. 8, p. 139-167, 1989. Disponível em: https://chicagounbound.uchicago.edu/uclf/vol1989/iss1/8/. Acesso em: 30 nov. 2020.

GILLIGAN, Carol. In a Different Voice: Psychological Theory and Women’s Development. Harvard University Press, 1982.

HARDING, Sandra. The science question in feminism: Industrial Policy in Europe. Cornell University Press, 1986.

KENNEDY, Duncan. Legal Education and the Reproduction of Hierarchy: a polemic against the system. Michigan Law Review, v. 82, n. 4, p. 591-615, fev. 1984. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/42897806. Acesso em: 09 out. 2020.

MACKINNON, Catharine. Toward a feminist theory of the state. Cambridge: Harvard University Press, 1989.

MENKEL-MEADOW, Carrie. Feminist Legal Theory, Critical Legal Studies, and Legal Education or “The Fem-Crits Go to Law School”. Journal of Legal Education, v. 38, n. 1/2, p. 61-85, mar. 1988. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/42893008. Acesso em: 09 out. 2020.

WARAT, Luis Alberto. Manifesto do surrealismo jurídico. São Paulo: Acadêmica, 1988.

Publicado
2022-04-04
Seção
Doutrinas