A face punitiva do estado brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.17765/2176-9184.2025v25.e13582Palavras-chave:
Criminalização da pobreza, Estado de bem-estar social, Estado Penal, PunitivaResumo
Contextualização: Diante de um estado de bem-estar social fragilizado, há o crescimento de políticas punitivas.
Objetivos: Este artigo tem como objetivo analisar a face punitiva do Estado brasileiro a partir de um Estado penal. O artigo tem como objetivos específicos analisar o conceito de Estado penal teorizado por Loic Wacquant; a configuração desse Estado no Brasil; e, analisar os dados fornecidos pelo Departamento Penitenciário Nacional.
Metodologia: Para realizar a pesquisa, duas estratégias metodológicas foram usadas, a saber, pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. A pesquisa bibliográfica se justifica pela necessidade de dominar a bibliográfica crítica sobre o assunto. A pesquisa documental será feita para analisar os documentos oficiais, principalmente do Departamento Penitenciário Nacional.
Resultados: Por meio dos dados levantados junto ao Departamento Penitenciário Nacional é possível observar a expansão do sistema penal, acompanhado por um processo de regressão da margem de concessões de direitos, e que criminaliza a pobreza. Diante dos números apresentados na pesquisa, é inconcebível, em pleno século XXI, termos um único modelo criminal de tratamento do fenômeno criminal. O modelo criminal e o seu correlato sistema processual penal não são funcionais para os níveis de criminalidade do Brasil atual e, portanto, precisam deixar de ser o único meio de lidar com o crime.
Referências
ACHUTTI, Daniel; CARVALHO, Salo. Justiça Restaurativa em risco: a crítica criminológica ao modelo judicial brasileiro. Sequência: Florianópolis, v. 42, n. 87, 2021.
ADORNO, Sérgio. Discriminação Racial e Justiça Criminal em São Paulo. São Paulo: Novo estudos CEBRAP, n. 43, nov. 1995, p. 45-63. Disponível em:
<https://bradonegro.com/content/arquivo/11122018_194015.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2022.
ANISTIA INTERNACIONAL. Você matou meu filho: homicídios cometidos pela polícia militar na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Anistia Internacional, 2015. Disponível em: <https://www.amnesty.org/en/documents/amr19/2068/2015/bp/>. Acesso em: 15 jul.
2022.
ANUÁRIO BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. As 820 mil vidas sob a tutela do Estado. Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2022. Disponível em:
<https://forumseguranca.org.br/anuario-brasileiro-seguranca-publica/>. Acesso em: 12 jul. 2022.
AREND, Kathiana Pfluck. Violência, punitivismo e criminalização da pobreza: as raízes do Estado penal à brasileira. 149 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) – Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2020.
ARGUELLO, Katie. Do estado social ao estado penal: invertendo o discurso da ordem. Discursos Sediciosos: crime, direito e sociedade. Rio de Janeiro, v. 17, 19/20, p. 207-229., 1º e 2º semestres. 2012. Disponível em:
<http://201.23.85.222/biblioteca/index.asp?codigo_sophia=107669>. Acesso em: 27 nov. 2018.
AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. Justiça Penal e Segurança Pública no Brasil: causas e consequências da demanda punitiva. Revista Brasileira de Segurança Pública, 4. ed., v. 3, n. 1, 2009. Disponível em:
<https://revista.forumseguranca.org.br/index.php/rbsp/article/view/42>. Acesso em: 15 jul. 2022.
BARATTA. Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal. Tradução: Juarez Cirino dos Santos. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2014.
BATISTA, Vera Malaguti. A governamentalização da juventude: policizando o social. Rev. Epos, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, jan., 2010. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2178- 700X2010000100006&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em: 07 jul. 2022.
BATISTA, Vera Malaguti. A juventude e a questão criminal no Brasil. Arquivos CNJ, 2016. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/wp- content/uploads/conteudo/arquivo/2016/02/1053773b21eb7cc6e5600f16cc0663e4.pdf>. Acesso em: 08 jul. 2022.
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Tradução: Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999.
BRAVO, Otávio. Repensando Loic Wacquant: Do Estado Social ao Estado Penal. O nazismo está de volta? Direito, Estado e Sociedade. n. 36, p. 124 a 157, jan/jun. 2010.
BRAVO, Otávio. Repensando LoïcWacquant: do Estado Social ao Estado Penal. O nazismo está de volta?. Discursos Sediciosos: crime, direito e sociedade, Rio de Janeiro, v. 17, 19/20, p. 379- 403, 1º e 2º semestres. 2012. Disponível em:
<http://201.23.85.222/biblioteca/index.asp?codigo_sophia=107687>. Acesso em: 28 nov. 2018.
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Relatório da CPI do Sistema Carcerário. 2009. Disponível em: <https://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/2701>. Acesso em: 13 jul. 2022.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Mídia, Sistema de Justiça Criminal e Encarceramento: narrativas compartilhadas e influências recíprocas. Brasília: CNJ, 2021. Disponível em <https://www.cnj.jus.br/wp- content/uploads/2021/05/Relatorio_Midia-Sistema-de-Justica-Criminal-e-Encarceramento- 1.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2022.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Resolução n. 458. De 06 de junho de 2022.
Disponível em: <https://atos.cnj.jus.br/files/original1254312022060862a09c078c516.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2022.
DAVIS, Angela. Estarão as prisões obsoletas? 1. ed. Rio de Janeiro: Difel, 2018.
DEPEN. Relatórios analíticos contendo informações penitenciárias referentes ao contexto nacional, de 2005 a 2021. Departamento Penitenciário Nacional. 2021. Disponível em: <https://www.gov.br/depen/pt-br/servicos/sisdepen/mais-informacoes/relatorios- infopen/brasil>. Acesso em: 05 jul. 2022.
FERRUGEM, Daniela. Guerra às drogas e a manutenção da hierarquia racial. 120 f. Dissertação (Mestrado Em Serviço Social) – Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2018. Disponível em:
<https://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/7954>. Acesso em: 08 jul. 2022.
FERRAZ, Hamilton Gonçalves; JOFFILY, Tiago. Democracia e Encarceramento em massa: provocações de teoria política ao Estado Penal brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Criminais. v. 152/2019, p. 383-422, fev, 2019.
FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. 2006. 145f. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade de Brasília, Brasília, 2006. Disponível em: <https://repositorio.unb.br/handle/10482/5117>. Acesso em: 09 jul. 2022.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: história da violência nas prisões. Petrópolis. Editora Vozes, 1987.
GIORGI, Alessandro De. A miséria governada através do sistema penal. Pensamento criminológico, v. 12, Rio de Janeiro: Revan: ICC, 2006.
LEDERACH, John Paul. Transformação de conflitos. Tradução Tônia Van Acker. São Paulo: Palas Athena, 2012.
MORAES, Mauricio de Zanoide. Processo Penal transformativo: modelo criminal e sistema processual não violento. 1 ed. Belo Horizonte, São Paulo: D’Plácido, 2022.
PASTANA, Débora Regina. Justiça penal no Brasil contemporâneo: discurso democrático, prática autoritária. São Paulo: UNESP, 2009.
PIMENTA, Victor Martins. Por trás das grades: o encarceramento brasileiro em uma abordagem criminológico-crítica. Dissertação (Mestrado em Direitos Humanos e Cidadania)
— Universidade de Brasília, Brasília, 2016. Disponível em:
<https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/23449/3/2016_VictorMartinsPimenta.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2022.
SANTOS, Juarez Cirino dos. A Criminologia Radical. 3 ed. Curitiba: Lumen Juris, 2008.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ADPF347. 2015. Disponível em:
<https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=10300665>. Acesso em: 28 out. 2022.
WACQUANT, Loïc. A ascenção do estado penal nos EUA. Discursos Sediciosos: crime, direito e sociedade, Rio de Janeiro, v. 7, n. 11, p. 13-40., 2002. Disponível em:
<http://201.23.85.222/biblioteca/index.asp?codigo_sophia=64500>. Acesso em: 27 nov. 2018.
WACQUANT, Loïc. As Prisões da Miséria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999.
WACQUANT, Loïc. Punir os pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Revan, 2003.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro: parte geral. 11. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Jurídica Cesumar - Mestrado

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A Revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com o intuito de manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores. As opiniões emitidas pelos autores são de sua exclusiva responsabilidade.
Os direitos autorais pertencem exclusivamente aos autores. Os direitos de licenciamento utilizado pelo periódico é a licença Commons Atribuição 4.0 Internacional. São permitidos o compartilhamento (cópia e distribuição do material em qualquer meio ou formato) e adaptação (remixar, transformar, e criar a partir do trabalho, mesmo para fins comerciais), desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.