Construtivismo Lógico-Semântico como Metódica para Estudo do Direito

Palavras-chave: Construtivismo lógico-semântico, Linguagem, Retórica metódica

Resumo

O presente artigo pretende distinguir os âmbitos em que é utilizada a linguagem nas acepções ontológicas e na Filosofia do Direito, como mero instrumento, um meio de descobrimento da realidade e da verdade, aparente ou não, tecendo críticas à posição de que por meio da intuição, do método, da lógica e de todos instrumentais cognoscitivos seria possível chegar à racionalidade, impingindo a aceitação da verdade. Demonstrará que tal raciocínio consubstancia-se em sofisma, e que somente por meio da linguagem tem-se o conhecimento como algo objetivado, criando aquilo que é real e capaz, igualmente, de desconstituir o real, criando novas realidades, sendo a única racionalidade possível, e fundante da corrente formada pelo Constructivismo Lógico-Semântico. Tais incursões terão, ao final, grandes repercussões no estudo do direito.

Biografia do Autor

Fabiana Del Padre Tomé, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP
Doutora em Direito pela PUC/SP, Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), Departamentos de Filosofia do Direito e de Direito Tributário, São Paulo (SP), Brasil.
Adriano Luiz Batista Messias, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP
Mestre e Doutorando em Direito pela PUC/SP, Docente convidado do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) do Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET), Departamento de Direito Tributário, São Paulo (SP), Brasil.

Referências

ADEODATO, João Maurício. A retórica constitucional: sobre tolerância, direitos humanos e outros fundamentos éticos do direito positivo. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

ADEODATO, João Maurício. Uma teoria retórica da norma jurídica e do direito subjetivo. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2014.

ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros, 2008.

ALVES, Alaôr Caffé. Fundamentos dos atos de vontade e práxis linguístico-social no direito. Kelsen e Wittgenstein II. In: HARET, Florence; CARNEIRO, Jerson Carneiro (coord.). Vilém Flusser e juristas: comemoração dos 25 anos do grupo de estudos de Paulo de Barros Carvalho. São Paulo: Noeses, 2009.

BECKER, Alfredo Augusto. Teoria geral do direito tributário. 5. ed. São Paulo: Noeses, 2010.

BRITTO, Lucas Galvão de. Sobre o uso de definições e classificações na construção do conhecimento e na prescrição de condutas. In: CARVALHO, Paulo de Barros (coord.). Lógica e direito. São Paulo: Noeses, 2016.

CARVALHO, Paulo de Barros. Algo sobre o constructivismo lógico-semântico. In: CONSTRUCTIVISMO lógico-semântico. v. I. São Paulo: Noeses, 2014.

CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: fundamentos jurídicos da incidência. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 5. ed. São Paulo: Noeses, 2013.

CARVALHO, Paulo de Barros. Lógica e direito. (coord.). São Paulo: Noeses, 2016.

DERRIDA, Jacques. La différance. In: DERRIDA, Jacques. Marges de la Philosophie. Paris: Les Editions de Minuit, 2003.

DWORKIN, Ronald. O império do direito. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

ECHAVE, Delia Tereza; URQUIJO, María Eugenia; GUIBOURG, Ricardo. Lógica, proposición y norma. Buenos Aires: Astrea, 1991.

FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1994.

FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Teoria da norma jurídica - ensaio de pragmática da comunicação normativa. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009.

FIORIN, José Luiz. Argumentação. São Paulo: Contexto, 2016.

FLUSSER, Vilém. Língua e realidade. 3. ed. São Paulo: Annablume, 2007.

GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método I. Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Tradução de Flávio Paulo Meurer. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

GAMA, Tácio Lacerda. Competência tributária: fundamentos para uma teoria da nulidade. 2. ed. São Paulo: Noeses, 2009.

GRAU, Eros Roberto. A jurisprudência dos interesses e a interpretação do direito. In: ADEODATO, João Maurício. (org.). Jhering e o Direito no Brasil. Recife: Universitária, 1996.

HUME, David. A treatise on human nature. Livro III, parte 1, seção 1. Nova York: 1961.

HUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica. São Paulo: Ideias & Letras, 2006.

HUSSERL, Edmund. Investigações filosóficas - sexta investigação. Elementos de uma elucidação fenomenológica do conhecimento. São Paulo: Nova Cultural, 2005.

IVO, Gabriel. Norma jurídica: produção e controle. São Paulo: Noeses, 2006.

KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. 3. ed. Coimbra: Arménio Amado, 1984.

LIEBMAN, Enrico Tullio. Manuale di diritto processuale civile. v. 2. 3. ed. Milano: Giuffrè, 1974.

LUHMANN, Niklas. O direito da sociedade. Tradução do original “Das Recht der Gesellshaft” por Saulo Krieger. São Paulo: Martins Fontes, 2016.

MCNAUGHTON, Charles William. Constructivismo lógico-semântico. In: CARVALHO, Paulo de Barros (coord.). Direito tributário e os novos horizontes do processo. São Paulo: Noeses, 2015.

MENNE, Albert. Introducción a la lógica. Madrid: Gredos, 1969.

MESSIAS, Adriano Luiz Batista. Da zetética à dogmática: interpretação da norma jurídica à luz dos pressupostos do constructivismo lógico-semântico. In: CARVALHO, Paulo de Barros (coord.). Constructivismo Lógico-Semântico: homenagem aos 35 anos do Grupo de Estudos de Paulo de Barros Carvalho. São Paulo: Noeses, 2020.

MESSIAS, Adriano Luiz Batista. Teoria da norma jurídica: interpretação concretizadora e as relações tributárias. São Paulo: Noeses, 2020.

MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. O problema fundamental do conhecimento. Porto Alegre: Globo, 1937.

MOUSSALLEM, Tárek Moysés. Sobre as definições. In: CARVALHO, Paulo de Barros. (coord.). Lógica e direito. São Paulo: Noeses, 2016.

OLIVEIRA, Carla Núbia Nery. O constructivismo lógico-semântico aplicável ao estudo das provas no direito tributário. Revista Dizer, v. 2, n. 1, 1 out. 2017. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/dizer/article/view/31621.

OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. São Paulo: Loyola, 1996.

PACOBAHYBA, Fernanda Macedo. Dos limites à interpretação jurídica: reflexões acerca do percurso gerativo de sentido no Constructivismo lógico-semântico. Revista do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFC, v. 36, n. 1, jan./jun. 2016. Disponível em: http://periodicos.ufc.br/nomos/article/view/2348/4452.

ROBLES, Gregorio. Teoría del derecho: fundamentos de teoría comunicacional del derecho. v. II. Madrid: RT, 2015.

ROSS, Alf. Direito e justiça. Tradução de Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2000.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes e Isidoro Blikstein. São Paulo: Cultrix, 1991.

TEUBNER, Gunther. O direito como sistema autopoiético. Tradução de José Engrácia Antunes. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1989.

TOMÉ, Fabiana Del Padre. A prova no direito tributário. 4. ed. São Paulo: Noeses, 2016.

TOMÉ, Fabiana Del Padre; FAVACHO, Fernando Gomes. O que significa pragmático para o constructivismo lógico-semântico: a tríade linguística ‘sintático, semântico e pragmático’ utilizada por Lourival Vilanova e Paulo de Barros Carvalho na Teoria do Direito. Quaestio Iuris, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, 2017.

VIEHWEG, Theodor. Tópica e jurisprudência: uma contribuição à investigação dos fundamentos jurídico-científicos. Tradução de Kelly Susane Alflen da Silva. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2008.

VILANOVA, Lourival. As estruturas lógicas e o sistema de direito positivo. 4. ed. São Paulo: Noeses, 2010.

VILANOVA, Lourival. Causalidade e relação no direito. 5. ed. São Paulo: Noeses, 2015.

WITTGENSTEIN, Ludwig. Tractatus logico-philosophicus. São Paulo: Edusp, 2001.

Publicado
2022-04-04
Seção
Doutrinas