Saúde, gênero e biopolítica: a superdiversidade dos corpos trans e o processo transexualizador no brasil sob a perspectiva do diritto vivente

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17765/2176-9184.2024v24n1.e12195

Palavras-chave:

Direito à saúde, Processo transexualizador, Direito Vivente

Resumo

O presente artigo objetiva investigar e refletir sobre o entrelaçamento biopolítico entre o direito humano fundamental à saúde e o elemento identitário de gênero, indicando como problema de pesquisa a indagação: é possível perceber a superdiversidade dos corpos trans e a complexidade do processo transexualizador no Brasil sob a perspectiva do Diritto Vivente? A metodologia parte do método hipotético-dedutivo, instruída por análise bibliográfica e documental. A base teórica utilizada para a investigação é fundamentada na obra “Diritto Vivente”, escrita pelo jurista italiano Eligio Resta. Por fim, verifica-se que o Diritto vivente detém potencialidade de fabricar novas formas de fundamentação dos Direitos Humanos, pautadas em horizontes heurísticos que compartilhem a humanidade como um lugar comum, estabelecendo, sem impor, a articulação de mecanismos comunicativos fraternos que ingressam na trama histórica com o objetivo de promoverem reconhecimento, responsabilidade e inclusão universal de todos os sujeitos integrantes do tecido social da metamorfose do mundo.

Biografia do Autor

Janaína Machado Sturza, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUI

Pós doutora em Direito pela Unisinos. Doutora em Direito pela Universidade de Roma Tre/Itália. Mestre em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Especialista em Demandas Sociais e Políticas Públicas também pela UNISC. Professora na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, lecionando na graduação em Direito e no Programa de Pós-graduação em Direito - Mestrado e Doutorado. Integrante da Rede Iberoamericana de Direito Sanitário. Integrante do grupo de pesquisa Biopolítica e Direitos Humanos (CNPq). Pesquisadora Gaúcha FAPERGS – PqG Edital N° 05/2019. Pesquisadora Universal CNPq - Chamada CNPq/MCTI/FNDCT N° 18/2021. Editora Chefe da Revista Direito em Debate.

Gabrielle Scola Dutra, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ

Doutora em Direitos pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ (Bolsa CAPES integral). Mestre em Direitos Especiais pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, campus Santo Ângelo (Bolsa CAPES). Especialista em Filosofia na Contemporaneidade pela URI. Especialista em Direito Penal e Processual prático contemporâneo pela Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC. Professora Universitária do Curso de Direito da Universidade Regional do Noroeste do estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) e da Faculdade de Balsas/MA (UNIBALSAS). Membro do grupo de pesquisa: “Biopolítica e Direitos Humanos” (CNPq). Advogada.

Paula Fabíola Cigana , Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ

Doutoranda em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUI. É Mestra em Direito pelo Programa de Pós-graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Possui Pós-graduação em Direito e Advocacia Empresarial pela Universidade Anhanguera - UNIDERP, e Pós-graduação em Direito Processual Civil pelo Centro Universitário Internacional - UNINTER. Atua como Tabeliã e Registradora no Estado do Rio Grande do Sul.

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Publicado

2024-07-03

Como Citar

Sturza, J. M., Scola Dutra , G. . . ., & Cigana , P. F. . . (2024). Saúde, gênero e biopolítica: a superdiversidade dos corpos trans e o processo transexualizador no brasil sob a perspectiva do diritto vivente. Revista Jurídica Cesumar - Mestrado, 24(1), 189–204. https://doi.org/10.17765/2176-9184.2024v24n1.e12195

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