Saúde, gênero e biopolítica: a superdiversidade dos corpos trans e o processo transexualizador no brasil sob a perspectiva do diritto vivente
DOI:
https://doi.org/10.17765/2176-9184.2024v24n1.e12195Palavras-chave:
Direito à saúde, Processo transexualizador, Direito ViventeResumo
O presente artigo objetiva investigar e refletir sobre o entrelaçamento biopolítico entre o direito humano fundamental à saúde e o elemento identitário de gênero, indicando como problema de pesquisa a indagação: é possível perceber a superdiversidade dos corpos trans e a complexidade do processo transexualizador no Brasil sob a perspectiva do Diritto Vivente? A metodologia parte do método hipotético-dedutivo, instruída por análise bibliográfica e documental. A base teórica utilizada para a investigação é fundamentada na obra “Diritto Vivente”, escrita pelo jurista italiano Eligio Resta. Por fim, verifica-se que o Diritto vivente detém potencialidade de fabricar novas formas de fundamentação dos Direitos Humanos, pautadas em horizontes heurísticos que compartilhem a humanidade como um lugar comum, estabelecendo, sem impor, a articulação de mecanismos comunicativos fraternos que ingressam na trama histórica com o objetivo de promoverem reconhecimento, responsabilidade e inclusão universal de todos os sujeitos integrantes do tecido social da metamorfose do mundo.Referências
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